Impedido de entrar no paraíso

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"Nunca botei muita fé no amor ou em milagres (ooh!)
Nunca quis pôr meu coração em jogo
(ooh!)
Mas nadar em seu mundo é algo
espiritual (ooh!)
Eu nasço de novo cada vez que você
passa a noite (ooh!)

- Bruno Mars, Locked Out Of Heaven.

O aeroporto internacional de Oslo, Noruega, estava consideravelmente vazio naquela estranha e fria noite. As pessoas pareciam envoltas em suas próprias bolhas de ansiedade para não perder um vôo importante, ou mesmo aquelas que pareciam estar em êxtase por voltarem para casa depois de um longo período sem ver a família. Mesmo que isso soasse normal, os dois homens ali sabiam que em outro lugar do Reino Unido, as coisas estariam caminhando para um rumo perigoso e cruel. Por mais que a Trindade já a tivesse apaziguado, uma vida foi perdida e outras mais seriam caso não se envolvessem e ajudassem a resolver aquele mistério que perdurava na capital assombrada.

- Parece tenso. - O mais "novo" ditou com calma, coisa que raramente era em sua primeira encarnação. Matinha os braços fortes cruzados sobre o peito, sendo apertados pelo blazer do terno preto.

- Estou preocupado. - O "mais velho" porém mais baixo ditou calmo e cansado, jogando o cabelo para as costas em um ato impensado de nervosismo. - Espero não ser tarde demais.

- Se fosse saberíamos, mas seria muito mais fácil se eles tivessem suas memórias. Pelo menos os irmãos Jade, já que estão comandando a investigação. - O homem forte descruzou seus braços, pondo a mão nos bolsos da calça social preta e olhando em volta, um pouco impaciente pela demora do vôo. - E o tal Rudolph?

- Eu não sei. Se ele for mesmo a coisa que achamos que ele é, talvez o melhor seja mata-lo. - O homem com os longos cabelos pretos se reencostou na cadeira do aeroporto, suspirando pesado e levando a mão as têmporas em um sinal de cansaço. - Eu estou velho para isso.

- Nah, você tem o que? 2.700 anos? - Por mais debochada e brincalhona que fosse a sentença, ainda era uma verdade. O outro não chegou a morrer.

- Não tenho certeza. Parei de contar depois de 2.076, ficou cansativo e eu perdia a conta. - Ele estalou a língua no céu da boca, um sinal de irritação mesclada ao drama que este sempre teve. Fazendo o homem forte e em pé sorrir divertido. - Era pedir muito ter morrido e depois reencarnar? Eu não podia só descansar?

- Sane sua dúvida primeiro, Líder de seita Nie. - Era sempre assim, MingJue curtia com a cara de seu "irmãozinho" desde que recordará de suas lembranças quando tinha 12 anos, depois de esbarrar no Nie por acaso quando voltava para casa depois do colégio. - Você não é bem o que se pode chamar de um santo, ou justo.

- Eu sei, eu sei. Mas eu não aguentava mais aquela praga do MengYao! Precisava te vingar de alguma forma, Da-ge! - Ali estava, o drama. Mas principalmente o Nie fugindo do assunto.

- Nós dois sabemos que não foi por isso que os deuses te tornaram imortal, irmãozinho. - MingJue falou calmo, sabia como aquele assunto era complicado. A maldição do irmão era algo que deveria ter delicadeza para abordar, mesmo que o Nie milênios mais novo não fosse nada delicado.

- Eu... - Huaisang tremeu levemente, pegando o leque em seu colo e o abrindo para esconder o rosto. Sempre fazia isso quando sentia vergonha ou medo. Ele fechou os olhos com força, suspirando e sentindo seu peito doer. Local onde sua marca estava. Desbotada, fraca e quase inexistente, provando que aquela era sua última chance de fazer o certo, coisa que devia ter feito na primeira vez que teve chance. - Eu sei, Da-ge... Eu sei.

- Acha que vou ser um bom tio? - O outro mudou rapidamente de assunto, temendo que o irmão começasse a chorar ou ficar muito triste. Huaisang o olhou sem entender. - Sabe, Xichen vai ter um filho e eu obviamente serei o padrinho. Não permito menos vindo do meu irmão jurado. - O Nie engoliu em seco, pensando que odiava crianças, mas faria uma exceção aos filhos das duas Jades, pois WangJi também foi criado ao lado do Nie. - Eles eram muitos encapetados?

- Yuan era a personificação da santidade. Era calmo e educado, bastante gentil também, não parecia ser filho de Wei-xiong, muito menos de Lan WangJi. - A face do amaldiçoado se tornou divertida, retirando o leque do rosto e olhando o irmão. - Mas Jiang JingYi era o demônio. Era falador como Wuxian, mas tinha o temperamento forte de Jiang-xiong. Mesmo sendo alguém de bom coração, o garoto sabia ser uma praguinha quando queria. Ficará com cabelos brancos graças a seu afilhado, Da-ge.

- É simples, se ele me bater eu bato de volta. - Ele deu de ombros, causando uma expressão de espanto no de longos cabelos negros.

- Você ficou louco, Nie MingJue? Serão apenas crianças e sem contar que Wuxian e Wanyin te matariam se tocasse nos filhos deles. - O leque era apontado ao de terno preto sob medida. - Wuxian usaria um talismã de tortura para te fazer sofrer e Cheng não pensaria duas vezes em arrancar sua cabeça na base das chicotadas. - Era claramente uma provocação, já que Jue odiava que falassem como ele morreu.

A mão grande do penúltimo líder Nie se chocou contra a nuca do atual. Deixando um estalo soar por aquela área, coisa que fez Huaisang sorrir, enquanto MingJue lhe jurava de morte. - Bastardo idiota!

- Passageiros pertencente ao vôo 274 com direção a Edimburgo, Escócia. Por favor se dirigir ao portão de embarque 9. - Ambos se olharam, conversando por ali e logo pegando as malas e rumando a seu destino. Era agora ou nunca.

Huaisang só esperava que dessa vez ele não cometesse o mesmo erro.

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