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"Os olhos sempre dizem a
verdade."

- Nicholas Sparks

[Capítulo 5: Enxergar.]

Não importa quantas vezes se apressentasse, a emoção e a alegria que sentia era sempre a mesma da primeira vez, mas pensando bem, séria a primeira vez que usaria um cubo para um público tão grande. Apenas pensar nisso já lhe dava uma linda vontade de vomitar por ansiedade.

Já deviam ser quase 19:00, a noite estava agradável e Jiang Cheng estava em uma das ruas secundárias do centro, procurando algo para jantar. Sabia que sua irmã estava cansada das provas e Ying era uma lástima cozinhado. Então por quê não levar o jantar?

O dia com sua mãe tinha sido agradável. Ela havia xingado o polícial que continuava tentado acusar Ying e Saren além de dizer que adoraria processar o homem. Jiang Cheng ainda achava que Zidian poderia acidentalmente se soltar da guia e sem querer arrancar a cara dele. Hipoteticamente, claro. A mulher se despediu dele por volta das 17, dando tempo do jovem adulto aproveitar a estação da primavera. Verdade seja dita: Adorava sentar no parque do centro e ver as crianças brincando, ver as flores e a grama verdinha, iria propor um piquenique em família quando a apresentação passasse.

As ruas, consideravelmente movimentadas, estavam iluminadas pelas lanternas dos postes de luz, dando um ar romântico para a cidade rústica que era Edimburgo. Jiang Cheng sentiu o peito apertar, seu vazio havia voltado.

Durante algum tempo, o amor pela Lyra foi suficiente para não o deixar pensar naquela sensação ruim. Parecia que faltava pessoas em sua vida, mas não fazia sentido! Sua família era pequena, era basicamente, seus pais, seus irmãos, seus padrinhos e seus animais. Sendo Zidian sua cadela e Subian o gato de Wuxian, um bem preguiçoso por sinal, mas o bichinho ainda era adorável.

No entanto, seu vazio não era o pior, as vezes, sentia dores terríveis, além de sair sangue de seus ouvidos. De acordo com seu médico, e todos os outros em que fora, aquilo era um tipo de memória corporal. Em algum momento, ele sofreu algum tipo de mágoa corporal, tendo ficada marcada em seu subconsciente, então, em determinadas situações a desencadeiam. Era terrível!

Ainda preso em pensamentos, o Jiang virou a esquina na rua do restaurante que ele e seus irmãos mais gostavam, não era nada luxuoso, mas a comida era divina. Quando deu por si, estava no chão e a sacola com seu cubo desmontado estava solta ao seu lado, além de sentir um leve incomodo no tórax. Sim, ele esbarrou em alguém.

- Eu sinto muito! - O Jiang logo disse, bufando por se sentir minimamente irritado. Olhava para as calças jeans preta, batendo a parte que entrará em contato com o chão, além de arrumar melhor a blusa no corpo. A pessoa a sua frente não disse nada, apenas abaixou, pegando a sacola com seu cubo.

- A culpa foi minha, peço desculpas. - A voz do homem era tão calma e transbordava gentileza, sentiu seu coração pular no peito.

Quando enfim o mais novo levantou o olhar, percebeu um par de olhos castanhos tão emotivos e calorosos que quis sorrir para o estranho. Sua irritação evaporou como mágica e sentiu o tempo parar perante aquele estranho. Um estalo o despertou quando o homem sorriu pra si, estendendo sua sacola. As mãos se chocaram minimamente, quase nada, mas o arrepio em sua espinha foi muito gritante.

Aquele momento bom foi cortado por uma forte pontada em seus ouvidos, fazendo com que interrompesse o contato visual e colocasse a mão nos ouvidos, tentado impedir que qualquer barulho chegasse a si e assim, tentado apaziguar a dor.

Sentiu o mundo girar e escurecer por uns instantes, mas logo duas mãos firmes seguraram a base de sua coluna, além de um corpo, onde se apoiou. - A-Cheng!

A ida até a casa da senhora Xue não prosseguiu por muito tempo depois que o Wei comentou sobre o espetáculo. Terminaram de comer e depois de agradecer pelo tempo dado, os irmãos Lan se retiraram. Lan Zhan com as orelhas vermelhas e uma sensação nostálgica e Xichen feliz pelo irmão, mas ainda com mais saudade de seu marido.

Dirigiram até em casa em pouco tempo, o mais novo passou a procurar pelas apresentações de Wei Ying, achando uma grande quantidade no site da Lótus, não só dele, como do trio de Yummeng e da própria vítima. Em algumas apresentações, eles eram bem crianças. Xichen quase não conteve a gana ao ver um mini Wanyin sendo carregado até a Lyra porque não a alcançava.

Passado um tempo vendo aquelas crianças fofas, Huan percebeu que já dava sinais de fome, não era atoa, já se passavam das 18. Perguntou o que o irmão queria jantar e como esperado, recebeu um "qualquer coisa".

Quando saiu de casa não sabia bem onde comprar sua comida, então perguntou na cafeteria de mais cedo onde poderia jantar. Dessa vez, não era a mulher, era um senhorzinho, que lhe foi muito gentil ao dizer que no fim daquela esquina havia um restaurante.

Era apenas uma busca por seu jantar, mas não esperar esbarrar em alguém, ou fazer a pessoa cair, muito menos, que a pessoa fosse o seu Jiang.

Wanyin estava lindo, como sempre esteve. Os cabelos no nível do ombro estavam presos pela metade, em um meio rabo de cavalo, a blusa roxa que lhe lembrava o Pier Lótus, a calça jeans preta e com rasgos na coxa e no joelho e um par de cuturnos preto.

Ele ainda não tinha olhado para si, mas era impossível para o Lan esconder a empolgação que aquele momento lhe passava. Sentia tanta vontade de abraça-lo para receber tapas, assim como na primeira vida. Abaixou pegando o que quer quê estivesse nas sacolas de seu amor, sabendo que ele ficava irritado quando esbarrava nas pessoas, pior quando se fosse mal educado.

Quando se encontraram, viu Cheng travar, entendia a esperança que Lan Zhan sentiu mais cedo, porque ela apertava seu peito agora. O mais novo demorou algum tempo lhe encarando, Huan sorriu abertamente para ele, quando entregava a sacola com o que parecia ser barras de ferro, mas seu sorriso não durou muito. Viu o Jiang por as mãos nos ouvidos e grunir de dor, as pernas bambearam e Xichen se desesperou.

- A-Cheng! - Segurou o mais baixo, vendo ele tombar levemente em seu peito pela falta de equilíbrio, ele parecia desnorteado, a um passo de desmaiar. O pânico aumentou quando viu algumas gotas de sangue escorrendo pelo ouvido do mesmo e Cheng se encolhendo ainda mais em seu peito, devido a dor.

Não perguntou nada ao mais novo, ele claramente não iria responder. Andou como ele até chegar a um dos bancos de pedra dispersos pelas calçada, sentou-se e manteve o Jiang apertado em seu peito, tentado evitar sons estridentes. Seu peito doía, parecia que seus sonhos e seus pesadelos se uniram em apenas um dia. Quando Cheng parecia menos desnorteado, Xichen afrouxou um pouco os braços, mas o mais novo ainda tinha a cabeça sobre seu peito, respirava com dificuldade e derramava algumas lágrimas, Huan esticou a mão até o bolso traseiro de sua calça, procurando o seu lenço azul para limpar o sangue do ouvido, já vermelho, do mais novo, passando o tecido de forma delicada e lenta para não machucar seu menino.

De forma inesperada, os braços do Jiang se fecharam ao redor do Lan, as lágrimas de Cheng estavam mais grossas e, de forma instintiva, o mais velho o apertou contra si, sentido vontade de chorar por ver a dor do outro, mas, logo o Lan ouviu uma risadinha vindo de Cheng.

Jiang Cheng ergueu os olhos e deu o sorriso que Xichen sentia tanta falta, suas lágrimas agora já não pareciam de dor. O arroxeado voltou a abraça-lo, mas pondo o rosto na curvatura do ombro do mais alto. Huan não entendeu nada daquela reação, até Jiang Cheng lhe sussurrar no ouvido: - Senti tanta saudade, A-Huan.

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