Miau

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"Há braços que são lares."

- Z. Magiezi

[Capítulo 8: Miau.]

- Wanyin, pra onde ele foi? - Lan Zhan tinha uma áurea escura. Passava as mãos no rosto impedindo as lágrimas.

- Irmão, não podemos ir lá! Estamos trabalhando nesse caso! - Xichen entendia a angústia do outro, mas ele tinha que entender que era inviável. - WangJi, se perceberem que eu e você temos uma relação mais do que profissional com os filhos dos donos da Lótus, vamos ser mandados de volta a China! Podemos até perder nossos distintivos!

- Meu marido está na emergência! Lembrar a força é uma tortura! Ele pode levar dias, meses, anos pra acordar! Não posso deixar Wei Ying sozinho! - A frase saiu em grito. Lan Zhan estava aos berros.

- Anos? Levar anos pra acordar?! - Jiang Cheng já estava exasperado. Gritava tanto quanto o Lan mais novo.

- E vai fazer o que? Chegar lá, quebrar a porta e jogar 24 anos de procura no lixo? - A face de Lan Huan era séria e gélida, a voz soou grossa, assustando levemente os outros dois. - Passamos 24 e 26 anos procurando nossas almas gêmeas, Zhan. Choramos juntos e, mesmo que o meste Wei tenha sentido dor, ele não vai se render. Sei que esta preocupado, mas, a gente procurou tanto, por tanto tempo. Não vou deixar você abrir mão de tudo assim!

Eu... - Lan Zhan tinha uma face cansada e com culpa. Sabia que se fizesse isso, seria o fim. - Eu não posso deixar ele sozinho... Não de novo.

- Ele não está sozinho e você não vai deixar ele, irmão.

Algum tempo depois, Cheng recebeu a ligação de YanLi, dizendo que Wei Ying estava bem, mas precisava descansar. Ele receberia alta no dia seguinte e que, não sabia se ele poderia participar da apresentação.

WangJi consegui fazer Jiang Cheng gravar o seu número e o do irmão, além de o fazer prometer que, caso Wei Ying tivesse qualquer mudança, o ligaria imediatamente. Jiang Cheng podia não gostar de WangJi na sua primeira vida, mas tinha que admitir, lhe deixava mais tranquilo saber que ele amava seu irmão.

Wuxian sentia a cabeça doer, além de muita dor nos ouvidos. Quando abriu os olhos, viu paredes brancas e uma luz forte que fazia sua cabeça pulsar. Ao olhar pros lados, viu seu pai dormido na poltrona, com a cabeça tombada na mão e um possível torcicolo.

Estava no hospital em que sua mãe trabalhava, naquele horário ela deveria estar de plantão, julgando a luz do sol que passava pelas cortinas brancas. Ela não podia lhe atender, era contra o protocolo. Ela deveria estar frustada, protetora do jeito que era.

- A-Ying? - Seu pai levantou as pesas da poltrona, com o cabelo bagunçado e olheiras em baixo dos olhos. - Filho, como se sente?

- Dor de cabeça. - Neste momento, ele percebeu que haviam curativos em seus ouvidos. - Pai, por quê eu to aqui?

- Você desmaiou, filho. A-Li e A-Cheng te acharam desmaiado em casa. - ChangZe estava aflito e procurava qualquer sinal de muita dor no filho. Suspirou alto e levou uma mão até às madeixas negras do mais novo. - A-Ying, pelo amor de Deus, tem noção do medo que eu e sua mãe sentimos?

- Cadê ela? - O menino se remexeu na cama, soltando um "Aí" por sentir dores no ouvido.

- Eu vou avisar a ela que você acordou. Eu já venho. - Um beijo carinhoso foi deixado na testa do menino, logo, o homem saiu do quarto.

Sozinho naquela cômodo, Ying passou a tentar lembrar o que havia acontecido consigo. Não lembrava muita coisa, alguns fleches, o cheiro de queimado e o nome Yuan. Sentia vontade de chorar apenas por pensar neste nome, além de uma dor no peito.
Pensava que tinha mais coisa naqueles pesadelos, todo aquele fogo, tantos gritos, não podia se nada... E quem era o homem com o anel de jade no dedo?

A senhora Wei entrou no quarto, junto ao médico responsável pelo garoto. Tomando a frente do homem e perguntando todo e qualquer sintoma que o Wei mais novo poderia estar sentindo.

De todas as formas, o menino garantiu que estava bem, que só tinha uma dorzinha chata, mas estava realmente bem. Saren, por outro lado, disse que ele só receberia alta se estivesse bem mesmo. Ato que fez o médico amigo da mulher rir.

- Mama, eu estou bem! Foi só uma otorragia*, talvez por estar com a música muito alta nos fones. - Sim, o Wei não contaria sobre as coisas que viu, algo dentro de si lhe dizia que era um problemas que deveria resolver sem os pais.

Depois de ser xingado pela mãe, de receber carinho do pai e recomendações do médico. Wuxian foi liberado, mas ninguém lhe deu uma ideia de se poderia participar de sua amada apresentação no tecido. Tudo dependia de como ele iria reagir pelas próximas horas, visto que não se foi achado nenhum problema em seus ouvidos, ou no resto de seu corpo.

O garoto voltou para seu apartamento junto ao seu pai, o achando limpo graças aos irmãos Jiang. Lá, encontrou toda a família Jiang, lhe perguntando como estava e se queria os matar, até mesmo Suibian parecia querer brigar com ele, miando alto e se dividindo em o lamber e morder.

- Aí, Suibian! Quer tirar sangue de mim? - Sua resposta foi um miado longo e arrastado, em seguida mais uma mordidinha.

Na residência Lan, WangJi apenas faltava subir paredes. Wanyin não havia dado sinais de vida desde a noite passada, quando veio avisar sobre seu Wei Ying. Andava para lá e para cá, passando os dedos pelos fios marrons curtos, pensando seriamente em ligar para o arroxeado e sanar sua dúvida.

Sobre o sofá, seu celular fez um "Blup Blup" sinalizando uma nova mensagem. Não é exagero dizer que Lan Zhan voou do meio da sala para o estofado, fazendo o som das molas batendo entre si, ecoar pela sala. Era uma mensagem do Jiang mais novo, relatando que o Wei estava em casa, logo em seguida, um vídeo.

Na mídia, Wei estava sentado em um sofá preto, com um gatinho de pelos brancos sobre o colo que lhe mordia intensamente, mas então parava e lhe lambia de forma carinhosa.

- Aí, Suibian! Quer tirar sangue de mim! - Um miando preguiçoso saiu da boca do gatinho, logo, mais mordidas.

Ying pegou o gatinho nos braços, o deixando com o fucinho de frente para a câmera. WangJi percebeu que o bichano não tinha um dos olhos, mas não parecia por acidente, mas sim, erro genético.

- Diga "oi" para a câmera, Suibian. - No fim da frase, o gatinho soltou um miado curto, fazendo o Wei e as pessoas ao redor sorrirem alto. Incluindo Jiang Cheng, atrás da câmera.

Não sorrir era impossível. Wei Ying estava bem e mesmo com os curativos nos ouvidos, que tapavam boa parte da orelha, apenas deixando os lóbulos com brincos de fora, ele ainda sorria. Seu coração se acalmou, na medida em que reprisava o vídeo.

- Recebeu o vídeo? - Xichen perguntou, mas não precisava de resposta vendo o sorriso do irmão - Pelo visto sim. Vai levanta. - Um casaco foi jogado para o mais novo, que desviou com facilidade, logo olhando o irmão. - Temos que falar com o legista, ver os detetives locais e falar com o... - Uma cara de desgosto tomou conta do rosto do mais velho, lhe dando uma boa revirada no estômago. - Com o senhor Rudolph.


Glossário:

Otorragia: Hermorragia auricular. É quando sai sangue dos ouvidos.

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