Aᴍɪɢᴏ

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❝Todo o coração canta uma música, incompleta, até que outro coração sussurra de volta. Aqueles que desejam cantar sempre acham uma música. Ao toque de um amante, todos se tornam poetas. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 3

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Nova York, 25 de fevereiro de 2018.

Lin demorou um pouco a adormecer, mas desta vez, quando acordou, agradeceu por não serem quatro da manhã. Estava mais cansado do que o habitual, e pensou ser por causa das memórias que o perturbaram até ao momento em que simplesmente desmaiou de exaustão.

Nunca havia tido uma rotina de sono saudável, e ele sabia que só tinha piorado as coisas com o tempo. Durante a época escolar, ele costumava ficar acordado até as três da manhã, às vezes mais tarde, e tinha que se levantar às cinco. Reconhecia que não era a coisa mais sadia a fazer, mas só tinha tempo para estudar e realizar trabalhos à noite, o que muitas vezes terminava em seu irmão a vê-lo dormindo com a cabeça sobre livros ou cadernos.

Ele tirou isso de sua mente e simplesmente arrumou-se de uma vez. Prosseguiu para a cozinha, optando apenas por fazer uma xícara de café, já que não estava com fome. Depois, sentou-se no sofá por alguns segundos, sem olhar para nada, até que seu telefone tocou.

Procurou-o, buscando-o com os olhos, mas não conseguiu localizá-lo em nenhum canto. Grunhiu, deixando o café sobre a mesa central e retirou as almofadas do sofá, acreditando ter caído ali na noite anterior, mas não havia nada. Franziu então o cenho e caminhou até seu quarto, jogando os lençóis apressadamente para cima e ouvindo algo bater no chão logo em seguida.

Susteve a respiração até se aproximar do celular, que estava com a tela virada para o chão. Comprimiu os lábios enquanto se agachava para pegá-lo, e assim que o virou, um suspiro de alívio escapou-lhe à boca quando percebeu que não havia nenhum arranhão.

— Oi. — Então atendeu a ligação, sabendo de quem se tratava.

— Você não fica sem mandar mensagens por mais de um dia, seu vagabundo. — A voz levemente aguda do seu amigo o repreendeu do outro lado. — Pensei que estava morto.

— Ainda não. — Sorriu, sentando-se na cama. — Desculpe... Ontem foi um caos. — Olhou-se no reflexo da janela à sua frente. — Acho que todos vão ser a partir de agora.

— É. É assim que é ter um emprego, Lin. — Era como se pudesse vê-lo a sorrir enquanto falava. — Mas então, como é o fotógrafo?

— Hm... Legal, eu acho? Não tive muito tempo de interagir, para falar a verdade. Ficamos apenas arrumando o novo estúdio dele. — Suspirou. — Mas, Raihan. — Levantou-se, voltando para a sala e pegando a xícara de café — Sabe aquele modelo?

— O indiano?

— Ele não é exatamente- — Suspirou. — É. Esse mesmo. Eu falei com ele. Fui tomar café com ele, pra ser sincero.

— E?

— E nada. Mesmos pensamentos. — Deu de ombros. — Precisamos nos encontrar para falar sobre isso.

— Sim. Bem, não quero tomar muito do seu tempo agora de manhã. — Riu. — Podemos nos encontrar de meio-dia. Conheço um restaurante árabe que tem uma comida foda. Tudo bem pra você?

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora