Bᴇɪᴊᴏ

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❝Chorei um rio e até construí uma ponte, mas escorreguei e caí, e sem ti para me salvar, afoguei-me. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 16

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Nova York, 12 de abril de 2018.

As mãos de Neil tremiam enquanto pensava se devia mesmo apertar a campainha do apartamento de Ari. Havia se dado ao trabalho de ir até lá, e não podia simplesmente abrir a porta por conta própria, já que não possuía mais a chave. No fim, respirou fundo e pressionou-a, ouvindo o barulho estridente ecoar pelo lado de dentro.

Como era cedo, presumia que o rapaz havia regressado de uma das suas caminhadas matinais, e se tivesse sorte, ele já havia saído do banho. Um sorriso apareceu no seu rosto quando a teoria confirmou-se ao vê-lo abrir a porta em apenas alguns minutos de espera.

— O que você tá fazendo aqui? — Não parecia nada feliz em vê-lo.

— Que tal... Me deixar entrar, hein? — Sorriu, juntando as mãos e lhe implorando com um olhar pidão.

Ari revirou os olhos, mas permitiu a sua entrada.

— Agora vai me dizer o que quer? — Resmungou enquanto ia à direção das escadarias.

Neil apenas seguiu-o para que não ficasse falando com as paredes, vendo-o ir até o próprio quarto. Ari parecia arrumar algumas coisas, mas não se importava o bastante com isso para prestar atenção.

— Você precisa se afastar do Lin. — Ari parou imediatamente o que estava fazendo, virando-se para trás e fitando Neil diretamente nos olhos azuis, como se perguntasse se estava falando sério. — É para o seu bem.

— Veio aqui só para isso? Pensei que já tínhamos conversado sobre isso.

— Não, você não tá me entendendo. Você precisa se afastar dele. Caso não fizer isso... As coisas vão piorar.

— Não, não vou fazer isso, Neil. — Resmungou, jogando algumas coisas em cima da cama. — Finalmente estou com a confiança dele. É claro que não vou me afastar.

— Jeremy sabe sobre vocês. — Deu um passo para trás ao ver a sua expressão.

— Neil... — Um sorriso surgiu no seu rosto, mas era de puro ódio. — Como... Apenas me diga como Jeremy saberia de tudo? Eu consegui convencê-lo de que não havia nada, então como ele possivelmente saberia novamente, hein, Neil?

— Eu... — Respirou fundo, desviando o olhar. — Eu não sei. Ele apenas sabe, ok? O que importa é que você precisa se afastar antes das coisas ficarem ruins para o seu lado, e para o lado de Lin, mesmo que ele não me importe tanto assim.

— Acho que a única forma de ele saber a essa altura, é caso você tenha aberto a sua boca, não é? — Ari aproximou-se, segurando o seu braço antes que se afastasse mais ainda. — E ultimamente você não está sabendo como ficar quieto. O que você quer de mim, Neil? Eu estou ao seu lado. Eu permaneci do seu lado. Fui o único que fiz isso. O que mais você quer de mim?

Neil não disse nada, apenas soltou-se brevemente de Ari, aproximando-se da porta. Suspirou, tentando conter o que sentia no seu interior, a vontade de chorar e desculpar-se pelo que havia feito. A vontade de simplesmente abraçá-lo e implorar para que não o odiasse era descomunal, no entanto, apenas manteve a expressão neutra.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora