A ᴇxᴘᴏsɪᴄ̧ᴀ̃ᴏ ғɪɴᴀʟ

741 90 369
                                    

❝Só você pode me ver quando as luzes se apagam. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 38.

————————

Nova York, 7 de julho de 2018.

Os meses tinham passado com uma velocidade impressionante. Lin nunca tinha prestado muita atenção a isto, a sua percepção do passar do tempo nunca tinha sido uma das melhores, no entanto, justo nessa, sentiu como se houvesse sido apenas um piscar de olhos.

Concentrou-se em pintar a partir do momento que voltava do trabalho, ficando acordado até tarde da noite, temendo um possível dia em que o seu bloqueio regressasse. Por isso, aproveitava até o extremo, se deleitando com o fato de que, a cada dia, podia ver os seus rascunhos tomando forma outra vez. Era uma sensação que não sabia descrever ao certo, mas enchia o seu corpo com a mais pura e genuína forma de felicidade.

Finn preocupou-se com a sua rotina de sono ao observar o regresso das olheiras, mas o homem sempre lhe disse que tudo estava bem e que ele fazia tudo aquilo por bom-gosto, mesmo que não lhe falasse precisamente o que fazia até as quatro da manhã.

Enquanto isso, quando podia e tinha coragem, Lin visitava a sua família. Ainda não havia perdoado a sua mãe, mas a cada visita, sentia que ela estava tentando, talvez percebendo que de fato o que o moldou daquele jeito havia sido as suas próprias ações. Ela não era perfeita, e nunca seria, e quem sabe nunca conseguiria perdoá-la completamente por tudo que havia lhe feito durante toda a sua infância e adolescência, mas entendia que ela estava tentando melhorar, e isso lhe bastava no momento.

Aproximou-se também do seu pai, percebendo que toda essa ausência ao crescer o tinha realmente impedido de ter um "aliado" em casa para além de Cheng. Xiao lhe compreendia, e apoiou as decisões, até mesmo quando comentou sobre Ari. Não fez aquela cara feia que sempre via, permaneceu neutro, mas disse que se lhe tivessem dito isto há algum tempo atrás, ele não veria com bons olhos. No entanto, ao longo dos anos, ele foi aprendendo a ver tantas formas de amor, que não podia julgar o que outros consideravam ser esse sentimento. Afinal, se não julgavam a sua forma de amor, porque deveria ele ter de julgar a dos outros?

Pintando tanto assim, com tanto vigor, não demorou muito até que alguns quadros estivessem prontos. Não pensava numa exposição ainda, não sabia se estava preparado para isso, mas sempre que deitava a sua cabeça no travesseiro, essa ideia não parecia ser apenas uma ideia e passava a ser uma opção, algo que deveria ser feito.

Todavia, apesar de todas as pinturas, ainda pensava em Ari constantemente. Foi difícil encontrá-lo nos corredores e não dizer nada, ignorar a sua presença e tratá-lo como se fosse apenas um colega, e sabia que estava sendo difícil a ele também, que sempre parecia querer puxar algum assunto ou desculpar-se por tudo que havia acontecido.

Mas isso não chegou nem perto do choque que todos receberam há exatos dois meses. Quem passava pelo corredor do oitavo andar, ouviu gritos aquele dia. Ninguém soube o que havia acontecido, até que a notícia foi lançada a um site de fofoca. Ari havia despedido Jeremy.

Nesse mesmo dia, o jovem quebrou o silêncio e enviou uma mensagem a Lin, dizendo que estava a fazer isto porque viu que era o melhor para ele, e que iria enfrentar as consequências agora, uma vez que mais cedo ou mais tarde isso viria à tona. E não deu outra, em questão de alguns dias depois, todos os sites e meios de comunicação estavam espalhando sobre o uso de drogas de Ari, a sua overdose que tinha sido escondida de todos, o seu comportamento violento e infantil e tudo que havia de ruim sobre si.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora