Eᴜ ᴛᴇ ᴀᴍᴏ

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❝Quando não consigo dormir durante a noite, eu olho para o lado vazio da cama, e pondero sobre as coisas que te contaria se você estivesse deitado ao meu lado. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 36

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Paris, 25 de maio de 2018.

Os olhos de Lin arregalaram-se ao reconhecer a mulher à sua frente, logo fitando Neil como se fosse matá-lo naquele mesmo instante. O jovem sorriu, levando suas mãos à frente do peito, já tentando defender-se de qualquer coisa, mesmo que soubesse que o homem não seria tão louco para atacá-lo num lugar cheio como aquele café.

— Então... Vou deixar vocês aí... — Neil disse, afastando-se lentamente, um passo de cada vez, com um sorriso nervoso no rosto. — Conversando, e tal... E se tentarem se matar, eu vou estar naquela mesa ali. — Apontou para uma mesa um pouco afastada, mas próxima ao bastante para vir às pressas a qualquer desentendimento.

— Por que ela? — Lin não se importou em perguntar isso defronte à Dominique, que deu de ombros com a pergunta, levando a xícara com café preto aos lábios cheios de batom. — Por que pensou que eu iria querer falar com ela?

— Porque eu imaginei que Ari não falaria nada. — Lin respirou fundo. — Eu o vi saindo hoje de manhã, bem cedo. Mandei mensagem pra ele depois pra saber onde você estava, mas ele não respondeu, então presumi que ele não tinha te contado nada... E eu imaginei que gostaria de respostas, então por que não falar com a pessoa que causou tudo isso?

— Você não sabe nada de mim, Neil. — grunhiu.

— É. Talvez eu não saiba mesmo. — Ele deu de ombros. — Mas eu sei que quer esclarecimentos, e ela está bem aí. — Apontou para Dominique. — Então conversa. Ela já sabe sobre você, então não surta. — Resmungou, afastando-se antes que Lin conseguisse lhe falar mais algo.

O homem respirou fundo, tentando acalmar-se enquanto sentava-se à frente da mulher, que estava com ambos os cotovelos sobre a mesa e a xícara no meio. Ela era linda, ninguém podia negar. E até mesmo com aquele casaco para aquecer-se do vento matinal, ela estava impecável.

— Não vai perguntar como eu sei de vocês? — Ela puxou assunto, trazendo um sorriso ao rosto.

— As fotos, imagino.

— É... Também. — Ela se recostou no assento, passando suas grandes unhas sobre a borda da xícara. — Ari me contou. Bem, primeiramente ele negou... Imagino que foi obrigado a fazer isso. — Deu de ombros. — E é sobre essa primeira negação que quero falar.

— Vá, é livre pra falar, não é? — Arqueou uma das sobrancelhas, levando suas mãos para cima da mesa.

— Estávamos numa festa. E, bem... Eu estava bem louca. Ari não, ele estava sóbrio. Eu não sabia que ele estava aqui, então fui falar com ele... Reparei no anel, e me lembrei dos rumores, e quis me certificar de que não tinha nada acontecendo pra ver se o meu passe estava livre. E como ele negou, bem, estava. — Suspirou, tomando mais um gole do café. — Quis que ele se animasse um pouco, tentei dar um remedinho pra ele, se é que me entende, mas... Eu acho que ele só fingiu tomar. De qualquer forma, eu fiquei mais louca ainda e bateu forte demais.

— Francamente, eu não quero...

— Apenas me escute. — Ela fitou-o diretamente nos olhos. — Naquele dia, o dia da chamada, nada aconteceu. Eu fiquei no quarto dele porque estava passando mal. Apaguei na sua cama, mas em nenhum momento ele passou o dedo em mim. Sempre estava se esquivando que nem um gato assustado. Pode confirmar isso com Nikki, ela vai dizer a mesma coisa.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora