Mᴀ̃ᴇ

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❝Tenho procurado o amor de minha mãe em todos os cantos do mundo. ❞

— Annie Ernaux.

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 28

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Nova York, 9 de maio de 2018.

Depois de passar tanto tempo no parque, ambos voltaram ao apartamento de Lin para que pudessem ter alguma privacidade, pois notaram que um homem estava olhando para eles com desconfiança, provavelmente sendo algum tipo de fotógrafo amador que adoraria capturar algum momento indecente. Quando chegaram lá, escolheram assistir a um filme de comédia romântica ruim, onde a única coisa que era notável na sala era o som das suas risadas ecoando por cada cena terrivelmente escrita que viam.

Era por volta de cinco da tarde quando Ari pegou o seu celular e arregalou os olhos ao constatar o horário. Como era preferível que estivesse sempre com duas horas de antecedência ao aeroporto, sabia que Jeremy provavelmente já estava irritado consigo por já ter passado uma hora do que haviam combinado previamente. Levantou-se rapidamente do sofá que jazia sentado juntamente à Lin, que franziu as sobrancelhas ao então aperceber se do porquê de estar com tanta pressa.

— Você precisa ir, não é? — Fitou-o diretamente, vendo-o assentir.

— Queria ter passado mais tempo com você, mas... Essa mudança de planos me pegou totalmente desprevenido, você sabe disso...

— Eu sei, mas... — Segurou a sua mão. — Essa tarde valeu a pena. Acho que nunca ri tanto. — Sorriu. — E o anel é lindo. Devo dizer que... Bem, o seu mindinho vai permanecer onde está, não precisarei cortá-lo.

— Ótimo, agora estou mais aliviado. — Riu, fitando-o por meros instantes até levar a sua mão ao rosto de Lin. — Porra, eu vou sentir tanto a sua falta.

— Tá tudo bem, um mês passa rápido, não é? Passará num piscar de olhos. — Sorriu ligeiramente. — Quando perceber, já estará aqui de novo, e—.

Lin não conseguiu terminar a sua frase quando sentiu o rapaz puxá-lo para perto envolvê-lo em seus braços, se tornando um dos abraços mais dolorosos que teve de retribuir. Levou suas mãos as costas de Ari e encostou sua cabeça no seu ombro, sentindo-o pressionar as mãos contra a sua camiseta, como se estivesse contendo o choro.

— Seu idiota, não vá chorar por isso. — Lin grunhiu assim que se afastou, segurando o seu rosto com as mãos e olhando diretamente nos seus olhos marejados. — Parece até uma criança.

— Posso pedir algo? — Lin arqueou uma das sobrancelhas, como se lhe dissesse que poderia prosseguir. — Posso ligar pra você nesse período de tempo? Sei que odeia ligações, mas... Sentirei falta da sua voz.

— Você é um bebê chorão mesmo. — Cruzou os braços. — Mas... Pode. Eu gostaria de ouvir a sua voz também.

— Enfim... Eu preciso ir antes que Jeremy mande alguém rastrear onde eu estou. — Riu, dando um passo para trás e aproximando-se da porta. — Tchau, Lin. — Sorriu.

— 我会想念你. — Respondeu igualmente sorrindo.

— O que você... O que você disse? — Arqueou uma das sobrancelhas, virando a cabeça ligeiramente para o lado, confuso.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora