Eᴜғᴏʀɪᴀ

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Seu olhar poderia me fazer sentir cheio de adrenalina, como se eu estivesse chapado. Eu o consumia como uma droga, inalando e exalando, sentindo um calor sempre que ele estava por perto. Sentindo que eu estava seguro e protegido. Ele fez isso, ele me fez sentir completo. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 21

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Nova York, 14 de outubro de 2014.

Lin abriu os olhos com dificuldade, achando estranho o quão claro era o quarto em que se encontrava. Por um momento, jurou estar morto e um sorriso fraco apareceu-lhe no rosto, querendo mover-se para se encontrar com o seu irmão. Contudo, assim que os seus olhos se ajustaram ao local, percebeu que estava num quarto de hospital.

Ele resmungou, percebendo que algo estava a ser injetado na sua veia. Tentou mover-se, mas a dor que parecia ligeiramente suportável há pouco tempo, fê-lo agora chorar com o menor movimento. Talvez tenha sido o efeito da adrenalina que o fez esquecer quão graves eram as suas lesões.

— Oi, querido, você acordou! — A voz de uma mulher logo se fez presente no quarto, fazendo-o virar a cabeça à direção da porta, apercebendo-se de uma enfermeira loura de uns trinta e poucos. — Estávamos preocupados com o seu estado...

— Que dia é? — A voz estava arrastada.

— Estamos no mesmo dia, Lin. De madrugada. Você desmaiou, querido. — Ela sorriu, conferindo algumas coisas próximas ao seu leito. — Como está se sentindo?

— Péssimo. — Grunhiu. — Não consigo me mexer direito.

— Ah... Sim... Bem, querido. Você quebrou algumas costelas. — Ela fitou-o diretamente. — Havia outros ferimentos pelo seu corpo, um mais grave no seu estômago. Provavelmente cortou-se em algum momento. Me surpreende que tenha conseguido caminhar até o carro e fazer tanto esforço...

— O carro. — Então se relembrou. — Cheng... Meu Deus, como ele está? Me diga que ele está vivo, por favor... Me diga... — Começou a ficar ansioso, remexendo-se na cama, tentando levantar-se, no entanto, a mulher logo se aproximou e segurou-o. — Só... Me diga que ele está bem.

Ela ficou quieta por um breve instante, em seguida sentando-se na beirada do leito e colocando um sorriso social na face.

— Eu sinto muito. — Disse baixo, vendo Lin apenas paralisar por um breve momento. — Quando a ambulância chegou, ele já não tinha mais pulso. Presumimos que ele morreu na hora do impacto. Foi muito forte. — O homem fitou as próprias mãos. — Ele estava com várias perfurações e mesmo que chegássemos na hora, creio que... Não teríamos como salvá-lo a tempo por conta de alguma hemorragia interna.

— Não teria como salvá-lo de jeito nenhum...? — A sua voz falhou.

— Era fatal. — Ela respirou fundo, levantando-se. — Se você não tivesse sido arremessado para fora do carro, pensamos que os seus ferimentos teriam sido muito mais graves. Mas graças a Deus, você está bem querido, teve muita sorte. Nós conseguimos o contato dos seus pais, eles estão a caminho. — Sorriu.

— Você acha que... Ele sofreu?

A mulher virou-se antes de sair do quarto, olhando diretamente para o rosto choroso daquele homem. Ele não a olhava diretamente, apenas mirava para o chão, enquanto tentava conter as lágrimas, mesmo que fosse notável elas formando-se pela luz que se encontrava com seu rosto toda a vez que as cortinas se moviam.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora