Cᴀғᴇ́

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❝Um grande fogo queima dentro de mim, mas ninguém pára para se aquecer nele, e quem passa apenas vê um pouco de fumaça.❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 2

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Nova York, 24 de fevereiro de 2018.

— Não, obrigado. — Respondeu no mesmo instante, vendo os olhos esverdeados do rapaz se arregalarem, como se nunca houvesse recebido um "não" antes.

— Ei, espere. — Teve de interromper novamente o seu passo ao ouvir a sua voz.

— Não disse que não ia me obrigar a falar com você?

— Eu sei, eu sei. — Levantou as mãos na defensiva. — Mas, qual é, quem recusa um café?

— Eu, prazer. — Então se virou, na esperança de ser a última vez e apressou o seu passo, no entanto, logo sentiu a mão de Ari segurar o seu braço, enviando um arrepio por toda a sua espinha, juntamente àquela sensação tão costumeira da sua garganta se fechando e a falta de ar o dominando. — Não! — Berrou, soltando-o de si com brutalidade e dando um passo receoso para trás. — Não me toque. — Recuperou o seu tom normal; baixo e mediano.

— Desculpe. — Ari abaixou ligeiramente a cabeça. — Eu pago.

— Se eu aceitar, você promete me deixar em paz? — Ari concordou. — E vai me deixar ir para casa? — Assentiu novamente. — Ótimo. Então que não seja muito demorado.

— Não vai ser. Eu conheço um café próximo. — Colocou a máscara novamente e fez um sinal para que Lin o seguisse e, mesmo com a expressão nada agradável na face, o fez. — Você deve estar cansado pelo primeiro dia. Portanto, não quero abusar muito disso.

— Uau, que gentil. — Sentiu a ironia de Lin atravessar o seu peito.

Enquanto caminhavam pelas ruas de Nova York, Lin dedicou segundos do seu tempo para analisar mais de perto o rosto de Ari, tal como o resto do seu estilo. Em todas as suas redes sociais, o rapaz sempre estava vestindo a grife mais cara imaginável, e às vezes, a combinação de cores entre elas nem era das melhores, na opinião de Lin. Era apenas um monte de sobreposição de casacos de diversas estampas, bem como sapatos excêntricos e calças por vezes justas demais ou, em outras, largas demais.

Ainda assim, claro que levava em consideração que ele se vestia dessa forma para chocar as pessoas que o acompanhavam e para que, de alguma forma, se tornasse "único" e mais reconhecível. Uma estratégia de marketing muito bem feita.

Mas agora, por outro lado, o Ari Gandhi que estava a poucos metros dele, usava apenas um jeans escuro, uma camiseta branca e um casaco esverdeado. Nem se comparava às peças de vestuário extravagantes que estava habituado a ver.

E, para a sua surpresa — ou não — , apesar de toda a maquiagem que lhe punham nas sessões fotográficas, para não mencionar a edição posterior sobre as fotos, o rosto de Ari era praticamente o mesmo. Ele era um pouco mais alto, questão de três ou quatro centímetros, não era muito; tinha pele escura, cabelo encaracolado, embora isto só fosse visível por algumas mechas que caíam em seu rosto, principalmente no lado esquerdo.

Um dos traços mais característicos da sua face eram as maçãs do rosto acentuadas, assim como os lábios definidos e cheios. Mas ele não podia deixar de notar também os olhos verdes como esmeraldas e naturalmente semicerrados, tal como as sobrancelhas arqueadas e um pouco grossas. O formato do seu rosto era ligeiramente delgado, embora seu maxilar fosse mais marcado e o nariz arcado.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora