Cʀɪsᴛᴀʟ

454 67 188
                                    

❝ Não estamos mortos. Ainda assim, apodrecemos. ❞

Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 32

————————

Paris, 18 de maio de 2018.

Ari olhava apreensivamente para o celular enquanto os seus dedos batiam compulsivamente sobre a mesinha ao seu lado. Mais uma mensagem não recebida. Ainda assim, a foto de perfil continuava a mesma, e nada além das mensagens nunca recebidas indicava um possível e óbvio bloqueio de seu contato. Mas por que ele não estava recebendo-as? O que tinha acontecido afinal? Era algo sério?

— Não... — ele murmurou para si mesmo, respondendo à sua própria paranoia.

Se algo tivesse acontecido com Lin, sem dúvida alguém o avisaria sobre isso. Provavelmente Mark enviaria algo a Jeremy, que lhe informaria imediatamente sobre qualquer tragédia. Então, como nada do tipo havia acontecido, ele tinha uma certeza reconfortante: Lin estava vivo. No meio-tempo, até mesmo tentou mandar mensagens para Finn, perguntando-lhe o que poderia estar acontecendo com o homem, mas ele nunca falava com precisão, sempre mudando de assunto.

— Ei, ei, vamos sair! — A voz de Nikita de repente se fez presente na sala, fazendo com que ele largasse o celular de uma vez. — O que eu falei sobre as mensagens? Deixa ele ter o tempo dele, depois você explica o que aconteceu.

— Eu sinto falta dele. — Suspirou, fitando o anel no seu dedo, sabendo que era o único que o usava no momento. — Me pergunto como ele está. Se está comendo direito ou... Apenas comendo macarrão instantâneo enquanto vê uma série ruim. E se ele está regando a planta que comprou na floricultura. — Um singelo sorriso surgiu no seu rosto triste. — E me pergunto se... — Olhou para os próprios braços. — As cicatrizes ainda são apenas cicatrizes.

— Ei, ei. Olha pra mim. Bonito desse jeito não pode ficar triste, não. — Se ajoelhou na sua frente, segurando o seu rosto com ambas as mãos. — Vai dar tudo certo no final, ok? É apenas um momento turbulento. Todos têm. Agora, vamos. Tira essa carinha de choro que a gente vai sair, meu amor.

— Aonde vamos? Você não disse.

— Ver meu vestido de noiva, querido. — Ari arregalou os olhos. — Adoro sua carinha de surpresa. Mas assim ó, eu meio que estou em dúvida entre dois, então vou levar você e mais uma modelo que é minha amiga.

— Eu conheço?

— Provavelmente. Mas acho que nunca interagiram. Agora, vem! — Puxou-o para levantar-se da cama. — Você vai ver que eu não estava mentindo quando disse que ficava a sétima maravilha do mundo.

— Certo, certo... — Sorriu. — Vamos lá.

————————

Ao chegarem perto da boutique de roupa que Nikita iria ver os seus vestidos, ambos tiveram de esperar pela modelo que a mulher se encontraria. O seu nome era Louise. Ari já a tinha certamente visto em algum lugar antes, mas era terrível em recordar todos os modelos com os quais tinha tido a menor interação, por isso, apenas esperava igualmente.

Após alguns minutos, uma moça chamou a atenção de Nikita, e o rapaz teve a certeza de que ela tratava-se de Louise. Seu rosto tinha forma oval, com um nariz achatado, ligeiramente arrebitado, que combinava perfeitamente com seus olhos redondos, marrom intenso, quase de bronze.

Quando as Luzes se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora