Capítulo 5.

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Gerard Way.

Eles interceptaram nossas drogas. Me causando um prejuízo quase que milionário, e eu não estou brincando. São diversas pessoas envolvidas no processo, desde a produção até a distribuição, para estas drogas chegarem até aqui, centenas de pessoas tiveram que trabalhar e até mesmo arriscar as suas vidas. Bom, infelizmente é isso. Não existe glamour no mundo do crime. Existem milhares de pessoas que entram por necessidade, essa é a merda do capitalismo.

Nem todo criminoso é ruim, eu posso te garantir. Muitos são apenas vítimas de um sistema impiedoso, com uma necessidade de fazer dinheiro para sobreviver. Com ausência de oportunidade de estudos, um sistema de saúde digna, moradia decente...O mundo do crime parece ser a única opção.

Tem uma frase de Santo Agostinho que diz: "O estado nada mais é que um "grande bando de ladrões", uma máfia. Só que muito maior, mais opressiva e mais perigosa".

Eu não escolhi virar o que sou hoje. Não, nunca foi me dada a oportunidade de ser um ser humano normal, trinta e um anos se passaram e eu estou fazendo exatamente tudo aquilo que eu odiei no meu pai por ele fazer. Aos seis anos, ganhei minha primeira pistola. Sim, seis anos de idade. Esse foi o presente do meu pai, nunca pude ser uma criança normal. Não lembro quando o acompanhei em uma de suas "missões" pela primeira vez.

Mas lembro vividamente de passar um mês tendo pesadelos com o grito de misericórdia da pessoa que ele assassinou na minha frente. Mas melhor assim. Antes eu do que o Mikey. Mikey não presenciou o que eu presenciei e serei eternamente grato ao meu pai por isso. Não. Michael sempre pegou o lado bacana das coisas, a grana, as facilidades, a fama, as drogas, as mulheres, o respeito. Fico feliz que ele não tenha sido introduzido cedo demais à uma vida de imensa escuridão.

Eu fui uma criança que cresceu sendo preparada para o campo de batalha. Aprendi a atirar, a lutar, a matar uma pessoa com minhas próprias mãos. Engraçado, né? Eles te transformam numa porra de uma arma e esperam que você encontre paz. Paz onde? Nem depois do fim da minha vida eu terei. Eu não nasci um monstro, fui criado para ser um.

Não, não quero que sinta dó de mim, não preciso que você desenvolva esta espécie de simpatia pela minha pessoa, estou apenas te dando um insight do que foi a minha vida e de que não, eu não nasci ruim. Também não escolhi essa vida. E nem ela me escolheu. Fui obrigado. E aqui estou. Passei metade de minha vida odiando meu pai por destruir famílias e agora eu estou aqui, pagando por 16 funerais de uma vez. Eu destruí mais dezesseis famílias. Mais mortes nas minhas costas. Mesmo que eu não tenha puxado o gatilho, essas mortes estão na minha bagagem, vou carregar comigo para o inferno.

Desde que eles chegaram aqui, 22 mortes já aconteceram. Seis deles, dezesseis meus. E se quer apresentei o meu lado ruim, eu poderia facilmente tocar foco nessa porra dessa cidade inteira e dizer que é foi uma chuva. Mas existe um dizer no mundo da máfia, quem muito se esforça para chamar a atenção e faz de tudo para conseguir o que quer em um lugar, geralmente é quem tem menos poder.

Bom, dezoito funerais encomendados, dezoito almas que me acompanharão até o inferno e seguraram os instrumentos de tortura para o diabo fazer o que quiser comigo lá embaixo, e nenhuma mensagem realmente entregue.

Matar pessoas é o pior que você pode fazer? Interceptar drogas? Colocar os policiais de novo na minha cola? Nah. Ameaçar me matar? Eu literalmente vou trabalhar todos os dias preparado para morrer enjaulado que nem um tigre, a morte não me assusta. Nada que nunca tenha acontecido antes. Na verdade, a mensagem que foi entregue é uma só: não misture emoções com os negócios, se não coisas assim acontecem. E ninguém gosta de morte, vamos combinar.

Estava sentado em meu escritório no Way Enterprises, não sei se cheguei a mencionar o que é. Mas em um grande resumo, é uma grande empresa que administra todas as minhas outras empresas, financia causas humanitárias, incentiva a pesquisa científica, está diretamente entoada com o poder público. Isso aqui é o orgulho da minha vida. Ter um prédio de dez andares em New Jersey com o seu sobrenome estampado em cima e saber que, tudo o que está sendo feito ali em cada um desses dez andares é de fato "legal" é a única coisa que eu me orgulho na vida.

Prison BlindersOnde histórias criam vida. Descubra agora