Capítulo 32.

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Gerard Way.

O fim de semana se aproximava e falar com Frank havia se tornado uma tarefa árdua, se não impossível. Considerando as circunstâncias, parecia meio óbvio que não poderíamos fazer o anúncio tão brevemente. Eu não iria decidir absolutamente tudo sozinho. Não faria sentido.

Poucas mensagens denunciavam quase uma semana separados. Nenhum "eu te amo", ou "estou com saudade". Apenas mensagens vagas de bom dia ou boa noite, um “estou bem e ocupado” de vez em quando. Uma única foto na cama, quarta-feira a noite, antes de dormir.

Eu sentia sua falta com toda a minha alma.  Podia sentir em meus ossos a saudade do seu corpo quente contra o meu, do nosso emaranhado de braços e pernas quando dormimos agarrados. De acordar com o braço dormente com o peso de sua cabeça em meu corpo. Dos sussurros de “não quero levantar” antes de puxar o cobertor para acima de sua cabeça. Meu coração apertou.

Saudade. Me peguei cheirando uma de suas camisas uma noite ou duas. Já era ruim o suficiente que ele estivesse em New York, fazendo sabe-se lá deus o que sem mim. Tenho plena consciência de que ele é capaz de se defender sozinho, mas a ideia de que ele poderia estar enfrentando inimigos sem que eu estivesse ao seu lado era de embrulhar o estômago. Nós somos um time. Não deveríamos mais lutar sozinhos. Nunca mais.

Sexta-feira chegara mais rápido do que esperava. Saí do trabalho quase no fim da noite, a madrugada estava tão perto que era quase possível se sentir embriagado com o barulhos da vida noturna lá fora.

Havia envelhecido alguns anos apenas durante essa semana. Em dez anos no comando, nunca tive que lidar com tantos levantes em uma única semana. Se não tivéssemos recebido avisos rápido o suficiente, as perdas financeiras poderiam alcançar um trilhão. Tal quantidade de dinheiro não passaria despercebida entre nossos parceiros e poderia muito bem sinalizar o final de uma parceria de décadas. Não poderia deixar isso acontecer. Não porque a perda de território e aliados significaria o meu fim. Em definitivo. Game over.

A essa altura você sabe muito bem como a máfia atua. E não é como se utilizássemos métodos democráticos de sucessão. Você vive pela espada e pela espada você morre.

A perda de pessoal foi inevitável. É quase impossível ir para uma batalha nas ruas sem acabar perdendo pessoas no caminho. Minha cabeça estava explodindo. E os pesadelos estavam cada vez mais vividos. Se ver no olho de um furacão com três horas de sono por dia pode ser algo enlouquecedor.

- O que você vai fazer? Uma semana que perdemos o apoio do Bratva e até agora nenhum ataque significativo. – Falou Andrey, enquanto abria a porta de casa para mim. O suor escorria pelas minhas temporas, maçã do rosto, algumas gotas chegavam em meus lábios. Fui me desvencilhando do terno com agilidade, precisava de um banho e de uma boa noite de sono. Essa dor de cabeça está me matando.

- Eu prometo que vou pensar sobre isso amanhã. Obrigado por me trazer. Se quiser ficar, você sabe né? A casa é sua. Fica a vontade.

- Não. Só vim garantir que você chegasse bem em casa. – Era ressentimento na sua voz? Afastei o pensamento enquanto acenava e fazia o meu caminho até o quarto. Entrando no banho pouco tempo depois.

Após o que tinha sido o banho mais intenso e ágil da minha vida, saí com a toalha envolta em meu quadril, deixando os pingos de água de meu cabelo molhado escorrerem livremente pelo meu corpo, enquanto o cansaço consumia todo o meu ser. Avistei um copo com água ao lado de minha cama e achei conveniente. Não lembrara de ter colocado ali, mas bebi todo o líquido rapidamente, como se precisasse para sobreviver.

Enxuguei os meus cabelos. Coloquei uma boxer branca e me joguei na cama, permitindo o meu corpo a entrar em um estado de relaxamento que logo me levaria a um sono profundo, e com sorte, renovador.

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⏰ Última atualização: Nov 05, 2021 ⏰

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