Capítulo 25.

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Frank Iero.

Acordei zonzo. Bom, não sei se acordar é a palavra certa para o fenômeno fisiológico que aconteceu. Ainda estava um pouco desorientado e aos poucos, lentamente, as minhas funções cerebrais voltavam a um centímetro de normalidade. Uma vaga memória explicava o porquê de eu estar amarrado a uma cadeira em um local insalubre, cheirando a mofo e merda. Tentava abrir os olhos mas as poucas luzes me cegavam. Tentava falar e não conseguia. O barulho angustiante de gotas de água se chocando com o chão, bem próximo ao meu corpo, faziam a minha alma gritar por um socorro que não conseguia verbalizar.

Podia ouvir gritos mas não estava consciente o suficiente para saber quem estava gritando, de onde estava vindo, o porquê do desespero ou se havia de fato alguém gritando. Afinal, poderia sim ser uma alucinação. Não. Não. Não. O soco que eu levei agora foi bem real. Puta que pariu. O gosto de sangue invadiu a minha boca, e foi quando finalmente consegui abri-la para cuspir o excesso no chão. Alguém pegou o meu rosto com as mãos. Fez com que eu virasse para olhar para ele. Dava diversos tapas para que eu abrisse os meus olhos.

- Vamos acordar, ô bela adormecida da casa do caralho. - Disse a voz grave, rouca, como se ele fumasse há 50 anos.
Tentava abrir os olhos, mas as luzes... As luzes, cara, tornavam essa atitude tão difícil. Após um pouco de dificuldade, consegui abrir os olhos para me deparar com um cenário digno de um filme de terror, escrito pelo Stephen King, eu diria.

O ambiente era um galpão que deveria ser abandonado, mas era, provavelmente, utilizado para a realização de atividades clandestinas. Tinha infiltração nas paredes, algumas visíveis poças de sangue no chão, pedaços de algo que julgo ser massa encefálica espalhadas. Posso jurar que vi até um dedo que parecia ser o indicador. Enquanto tentava processar, procurei Adam com os olhos, e lá estava ele. Do outro lado do galpão, amarrado igual a mim. Tinha um pano na boca que o impedia de falar mas não de gritar, mesmo que abafadamente. Os cabelos molhados, talvez de suor. E sangue escorrendo pelo rosto.

Eu preciso me acalmar, racionalizar e encontrar um jeito de sair daqui. Falei para mim mesmo, mentalmente. Mesmo sabendo, bem no fundo do meu subconsciente, que daqui eu só sairia dentro de um saco preto.

- Você sabe por que está aqui, Frankie?! - Assenti a cabeça.

- Pois é. Seu amiguinho me prometeu alguém. Não consegui. Ao em vez disso, acabamos acertando um policial e agora temos mais um problema com a polícia local.

- Desde que você apareceu, tudo o que nós temos é problema. Com os lucros, com a credibilidade do negócio, com a falta do pulso firme do Gerard. E bom, tem também a falta do meu pai. Que você matou. Lembra?

Lembro e não me arrependo nem por um segundo. Se tivesse como empunhar uma arma agora, mataria todos vocês com uma sensação genuína de felicidade. Posso ser o maior filho da puta, mas não me envolvo com tráfico humano como vocês. Pensei. Achei que fosse melhor não externalizar tal pensamento.

Bateu em minha cabeça com a sua pistola ponto quarenta. O sangue começou a escorrer pelo meu rosto, livremente, quase como se tivesse sido feito e criado justamente para isso. Parte do meu sangue escorria, a outra borbulhava de ódio, quente, raivoso percorrendo pelas minhas veias.

- Vamos ver quanto tempo demora até o Gerard chegar até você. Hoje vai ser um dia divertido, Ferdinando.

Ah, mas vá pra casa do caralho.

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