Capítulo 18.

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Gerard way point of view.
Continuação...

Acordei com água sendo jogada no meu rosto, uma sensação de afogamento foi quase instantânea, fazendo com que eu broncoaspirasse o líquido, dando início a uma sequência de tosses incontroláveis. Saía um pouco de sangue junto com a água. Argh. Meu rosto dói, lembro de pensar antes de abrir os olhos e ver uma luz extremamente brilhante na minha cara. Ouvia pessoas falando ao meu redor. Onde caralhos eu estava e porque este pessoal está falando tão alto?

- Finalmente você acordou. Já estava quase te levando para um hospital. - Disse uma voz rouca familiar, Robert. Robert? O que o Bert está fazendo aqui? - Quantos dedos tem aqui? - Apontou alguns dedos para mim. Vou dizer alguns, porque eu com certeza estou vendo mais de um.

- Quatro? - Chutei, enquanto ajeitava o travesseiro embaixo da minha cabeça.

- Um. Mas quatro parece uma resposta plausível. - Passava um pacote de algum produto congelado, enrolado em um pano em minha face, fazendo com que eu reclamasse baixinho.

- O que você está fazendo aqui? - Falei em um tom consideravelmente baixo, enquanto levava a minha mão até a dele, fazendo com que ele tirasse o produto da minha face.

- Estranhei quando saiu repentinamente. Vi que você foi seguido, Gee boy. Depois houve a movimentação toda dizendo que a festa havia acabado... Resolvi ficar. Sabia que tinha algo errado. - Ajeitou o seu corpo na cama. Olhei ao redor, e não havia nenhum outro policial ali. Porque ele havia ficado? Eu não o quero envolvido nisso tudo.

- Você tem que ir, Robert. - Levei a minha mão até a dele, envolvi nossos dedos e apertei suavemente, como quem quer reafirmar que está bem. Vai embora, pelo amor de Deus.

- Eu não vi nada, sabia? Michael está no quarto, levou alguns pontos na barriga mas vai ficar bem. Você está horrível. - Deu uma risada. Antes de levar seus dedos aos fios do meu cabelo, molhados pela água que jogara no meu rosto. Em poucos segundos, aquilo havia se tornado um carinho, afagos que aquecem a alma. Estava fazendo cafuné em mim como se eu não tivesse matado uma pessoa há sei lá quanto tempo atrás.

- Eu gostei do que fez no cabelo. Raspar as laterais foi realmente uma boa ideia. Você parece mais novo. Mas ainda me espanta o mundo dos negócios dar tanta credibilidade a um homem velho demais para ter um cabelo pintado de um vermelho vibrante. - Continuava a deslizar os seus dedos pelo meu couro cabeludo, fazendo com que meu coração apertasse. Bert é bom demais para mim, não merece ter alguém como eu por perto. Mas talvez eu seja egoísta demais para conseguir cortá-lo da minha vida.

Eu sei como ele se sente sobre mim, já falamos de sentimentos algumas vezes. No fundo, eu queria, eu queria muito poder retribuir tudo o que ele sentia por mim. Mas não há espaço para amor dentro do meu mundo, as coisas ficaram muito claras seis meses atrás. Me amar, pela igreja, já é considerado um pecado, mas amar um mafioso é um crime, já sentenciado e a pena é de morte. E eu continuo deixando ele em minha vida. Realmente devo ser tudo o que pensam de mim, ele é inocente. Deveria tirá-lo da minha vida. Mas com toda força da minha alma, tudo o que quis sempre foi só um pouco de amor, um descanso no meio de tanta violência e loucura.

Alguém para me dar razões de querer voltar para casa inteiro. Em toda minha vida, eu só queria isso aqui. Esse momento. Alguém para ficar quando o mundo inteiro diz para ir. Alguém para segurar a sua mão, alguém para saber todos os pecados que você já cometeu e lhe amar assim mesmo. Me peguei devaneando sobre um futuro onde existisse um final feliz para pessoas como eu, alguém ao meu lado, nada e ninguém contra nós. Infelizmente não via o Robert ali. O rosto de Frank veio em minha memória como se estivesse ali parado em minha frente.

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