Capítulo 22.

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Gerard Way.


Tudo saiu do meu controle muito rápido. E quando eu digo isso, estou falando sério. As coisas começaram a dar errado quando Frank quebrou um copo no meu rosto e isso por isso acendeu em mim uma chama que há muito estava apagada. Uma raiva, misturada com um desejo imenso de punição e talvez até um pouco de tesão Um tanto perturbador, eu sei. Essa chama que me levou a agarra-lo de maneira descontrolada, diria que até juvenil e irresponsável em um corredor de uma boate. Uma boate que eu fui com alguém que gosto imensamente. Fomos pegos.

Desse momento em diante, posso dizer que tenho poucas lembranças. São como grandes vultos brancos, fantasmas e péssimas ideias passeando em minha frente, misturado com gritos e agressões. Lembro de pedir repetidamente para que o Bert se acalmasse e me ouvisse, sem sucesso. As coisas já estavam fora de controle quando Frank apareceu. Em segundos, já havia levado um murro e minha reação foi ir para perto dele, enquanto dois amigos do Bert o seguravam em uma tentativa de controle.

Mikey já estava batendo em alguém que eu não faço ideia de quem seja, e do nada todo mundo estava gritando e se batendo. Perguntei se Frank estava bem em um sussurro, para logo em seguida começar a gritar para tentar reestabelecer a ordem.

Essa sucessão de eventos me trouxe até esse fatídico momento. Não estou acostumado a ter as coisas fora de controle. Não. Na minha vida tudo sempre foi muito bem calculado e planejado, não existe nem nunca existiu pancadaria na frente de boate. Pelo motivo que fosse, nunca me envolvi ou permiti quem me cerca de se envolver em cenas como essa. Atraem atenção. Atenção levanta suspeita. Suspeita te leva pra um caixão ou para a cadeia.

Ouvi alguém gritar o meu nome e um tiro foi disparado em direção ao Frank, e sem pensar, joguei o meu corpo sobre o dele, fazendo com que nós dois caíssemos no chão. O desespero tomou conta de mim e passava as minhas mãos pelo corpo de Frank em pânico, queria me assegurar que ele não tinha sido atingido. Uma escolha do meu subconsciente e eu salvei a vida de Frank. Essa escolha havia me custado muito caro.

Me aproximei do corpo no chão, que ainda respirava, com um pouco de dificuldade, mas estava ali, seus olhos estavam arregalados e o medo estampado em sua face. Me joguei no chão e o peguei em meus braços, tirando minha jaqueta e logo em seguida a camisa para colocar em cima do ferimento, fazendo a maior quantidade de pressão possível. O projétil tinha pego exatamente no meio do tórax e não havia buraco de saída. Tentei raciocinar para não entrar em pânico. O que eu, Gerard Way, dentro das minhas limitações posso fazer nesse exato momento?

Pressão na ferida. Acalmar a vítima. Não o deixar sozinho.

Pessoas gritavam. Andrey estava ligando para a emergência e eu estava ali com ele em meus braços, tentando estancar o sangue que saía de seu corpo. Impossível, como enxugar gelo. A camisa que eu botara para fazer pressão já estava encharcada, minhas mãos tremiam e eu estava fazendo o possível para não demonstrar medo.

- Gerard...- Sua voz estava fraca e a dificuldade para respirar se tornava cada vez mais evidente.

- Sh... não fala nada. A emergência já está chegando. Eles vão tirar essa bala de dentro de você, fazer umas suturas e pronto. Em um mês você vai estar novo e ainda mais gostoso com uma cicatriz no peito, huh? - Minha voz saiu embargada, causando uma dor fina em minha garganta. Segurar o choro dói isicamente e eu acabava de descobrir isso. Sentia meu coração pulsar nas veias que dilatavam em minha testa.

- Gerard, você cuida da minha mãe? Eu tô com medo. - Sua voz estava mais bixa dessa vez. Sua mão foi até a minha, seus dedos estavam frios, provavelmente de medo ou por conta da enorme perda de sangue em poucos minutos. Seu queixo estava batendo e ele também tremia.

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