Capítulo 27.

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(olá, faz tempo que não deixo uma nota, obrigado por lerem até aqui. Preciso fazer um aviso de conteúdo, nesse capítulo teremos um episódio de Crise de Pânico/Ansiedade, se for um tópico sensível para você, pule a parte destacada com um * . obrigada por tudo. Atenciosamente, o autor.)

Gerard Way.

O remédio que Frank havia me dado na noite de ontem para controle da dor deve ter me dopado, pois acordei em minha cama e sequer lembro como cheguei aqui. Estava sem roupas, apenas uma boxer branca e completamente coberto com um edredom quente e macio. Um copo de água repousava na minha mesa de cabeceira. Me estiquei um pouco para pegá-lo e beber antes de levantar. Estava com tanta sede que era como se estivesse de ressaca (convenhamos que talvez estivesse mesmo). O outro lado da minha cama parecia intocado. Frank não havia dormido comigo.

Levantei-me ainda um pouco zonzo e fiz o meu caminho até a sala. Frank estava parado, em pé, de frente para a janela, com uma xícara de café na mão e olhos imersos na visão de toda a cidade. Fui chegando por trás e o tomei em minhas mãos, abraçando a sua cintura e beijando o seu pescoço.

- Você não dormiu comigo. - Falei baixinho contra a sua pele.

- Não consegui dormir. - Saiu de meu abraço, se afastando do meu corpo o mais rápido que pode. Não o culpo, talvez se fosse o contrário também não conseguiria ficar perto de mim.

- No que está pensando? - Me encostei na janela.

- Que desde que tudo acabou da primeira vez, nós não tivemos uma conversa, nada. Foi tudo uma mistura de dezenas de milhares de atitudes impensadas que levaram a consequências desastrosas. - Deu um gole em seu café, enquanto insistia em observar o horizonte.

- Sim...Ok. Por que a gente não senta para conversar, hm? - Aguardei um pouco, ele não mexeu um músculo. Engoli seco. - Por onde eu começo? - Ponderei - Te devo um pedido de desculpas, por tudo. Não devia ter te mandado embora ou duvidado de você. De certa forma, as coisas que seguiram o evento do acidente do Michael são minha culpa. O Bert está morto por minha causa, isso é um fato inegável. Apesar de Adam ter feito algumas escolhas duvidosas, a morte dele também é minha culpa, afinal, fui eu quem puxei o gatilho. - Senti um aperto em meu peito - Não sei, talvez eu devesse te falar mais coisas, mas... Por limitação humana, não por falta de vontade, não sei o que dizer. As palavras que podia te oferecer não vão apagar o que fiz.

Frank abaixou a cabeça, como se estivesse com vergonha. Respirou fundo, enxugou algumas lágrimas que, apesar de toda a força que fez para impedir, insistiram em cair. Levantou o rosto e voltou a fitar o horizonte.

- Por que não me procurou durante esse tempo?

- Como poderia? Você estava vivendo um relacionamento saudável, com alguém que era capaz de lhe dar o que eu não consegui. Sou egoísta, mas não ao ponto de querer vê-lo infeliz. - Suspirei pesadamente - Eu gostaria muito que existisse uma maneira de voltar atrás, Frank. Mas não existe. Eu fui miserável sem você.

- E encheu uma pessoa que eu amo de bala na primeira oportunidade. - Seus olhos não tinham vida. Olhava o horizonte como se buscasse alguma resposta, um sentido, algo que justificasse aquilo tudo. E ele sabe que existem justificativas.

- Frank, eu não tinha outra opção...- Levei minha mão seu ombro como uma forma de confortá-lo, porém, como se meus toques dessem choques, se afastou prontamente. Não o julgo. Corri para longe dele ao suspeitar que poderia ter feito algo com o Michael, imagina como ele deve estar se sentindo tendo a certeza de que eu machuquei alguém que ele amava. Cruzei os meus braços.

- A gente nunca tem...- Deu um gole em seu café. Vi até um pouco de vida brotar em sua face, com suas bochechas corando por conta do calor.

- Frank, eu não posso mudar o que aconteceu. Nada. Nem um centímetro da nossa história. Mas eu posso mudar o nosso futuro e o que faremos juntos daqui em diante. Eu sei que todas as vezes que eu estou com você, são as únicas vezes em que eu me sinto vivo, Frank. Você acordou coisas dentro de mim que eu nem sabia que existiam. Nunca pensei que pudesse amar alguém. Nunca. Fui criado longe do amor e de tudo o que ele representa: paz, conforto, tranquilidade e apoio. - Pela primeira vez em minutos, virou-se para mim. -

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