Capítulo 9.

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Gerard Way.

​Vesti a roupa e minutos depois já tinha saído da casa do Frank, a despedida foi uma das coisas mais bizarras que eu já vivenciei na minha vida. Ficamos no limbo entre: dou um beijo na boca ou um aperto de mão? E não fizemos nenhum dos dois, um aceno foi a forma que nos despedimos. Quando entrei no carro, apoiei a cabeça no volante e fiquei ali, ponderando o tamanho da merda que iria acontecer muito em breve. Caceta em que eu fui me meter? Uma dor fina, quase angustiante invadiu o meu corpo, fazendo com que eu gemesse quase que automaticamente.

Vinha da lateral do meu corpo. "Minhas costelas", eu pensei. Para quem já teve umas costelas quebradas por aí na vida, você acaba se familiarizando com a dor e esta era uma dor extremamente conhecida. Vai dar super certoq se eu for parado pela polícia hoje, com essa cara fodida que eu tô, a camisa cheia de sangue e armado até a porra dos meus dentes. Eu vou ser preso ou levado para uma clínica psiquiatra.

Que pensando bem não me parece uma ideia ruim, pois depois do que vivenciei hoje só posso ter alguma espécie de distúrbio psicológico que merece acompanhamento, pois não pode ser normal. Mas assim, se você racionalizar, não tinha como eu ser 100% normal vindo de onde eu vim, certo? Também faz sentido eu ter essa espécie de excitação com a violência e com o perigo, haja vista que é basicamente tudo o que eu conheço desde que sou criança.

Se você parar para entender a vida do meu ponto de vista e se você foi ensinado a bater, atirar, se defender e transformado, dia após dia, para ser capaz de encarar a cara do diabo ou matar um homem com suas próprias mãos, é um tanto que normal querer levar ou achar normal ter violência em outras áreas da sua vida. Talvez por isso que eu não me envolva em relacionamentos românticos, nunca. É muita bagunça na cabeça de um ser humano só. Além de que, jamais, em sã consciência arrastaria um ser humano inocente para essa vida de corno. Por que eu o faria? Posso ser o vilão dessa história, mas até a minha vilania tem o seu lado humano.

Ai, cacete, que dor da porra. Reclamei mentalmente antes de dar partida no carro. O gosto férreo em minha boca nem disfarçava o gosto dele, não nem um pouco. O gosto da sua pele e da sua boca ainda eram predominantes nas minhas papilas gustativas e se eu vou lhe ser sincero, não acho que exista uma forma humana de tirar o gosto dele da minha boca ou da minha mente. Só de lembrar de flashs do que tinha acabado de acontecer, o meu membro se manifestava dentro da minha calça, dando sinais de vida.

Meu filho, se acalme. Eu acabei de lhe usar. Eita, puta que pariu. Sério, Gerard Way. Tem milhares de pessoas nesta porra dessa cidade, você precisava mesmo ir pegar logo aquele que você deveria matar? Eu deveria matá-lo. Talvez ainda deva. Talvez o faça. Não. Não vou matar ninguém. Para de pensar em morte, cara. Sim, eu estou mesmo discutindo comigo mesmo dentro da minha própria cabeça, algum problema? Acho que eu preciso de algum remédio para me dopar. Que droga ilícita seria capaz de mutar as vozes da minha cabeça?

Após uns bons vinte minutos, tinha chegado na frente do meu prédio. Abri a garagem com o controle que ficava dentro do meu carro e subi a rampa que levaria até a vaga para que eu colocasse o meu carro. Estacionei rapidamente e desci, indo em direção ao meu elevador privativo. Neste edifício, os últimos dois andares formavam um único apartamento, que ficava localizado na cobertura. "Separado" do resto do prédio. Tendo elevador próprio, um próprio salão de festas, piscina e sauna.

O elevador é a porta da minha casa. Assim que ele abriu, já fui tirando o meu terno com dificuldade, indo em direção à lavanderia. Não esperava, claro, que Michael estivesse deitado no meu sofá, comendo a minha comida e bebendo o meu whiskey com alguns amigos. O silencio tomou conta da sala. Mikey me olhava horrorizado, seus amigos assustados e eu com o famoso cu na mão. Bom, vamos fingir demência.

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