Gerard Way.O caminho até o escritório estava sendo uma tortura. Eu tentava fortemente utilizar técnicas de respiração, nomear objetos, tudo o que estivesse ao meu alcance para parar com aquela sensação de que eu iria morrer a qualquer instante. Sentia que meu coração errava as batidas, mas era apenas uma consequência dos batimentos cardíacos fortes e descontrolados.
A dor era excruciante. Nunca tive um infarto, mas imagino que a dor seja semelhante. Um aperto no peito, que irradiava pelo braço e fazia a minha mão formigar. Batia a minha cabeça na janela do carro, tentando trazer a dor para algum outro lugar.
Nunca tive de fato controle sobre a minha vida, mas sempre tive uma falsa sensação de que tinha tudo sob minhas rédeas. Estar experienciando esse momento depois de tantos anos de estabilidade fugia completamente o personagem que criei para mim.
Ao passo de conseguir sobreviver, tive que criar uma persona e há muito não acessava o meu "eu" debaixo de tantas camadas de ódio e distância emocional. Frank gritava pedindo pelo amor de Deus para que eu parasse.
- Chega. Você vai para o hospital. - Virou à direita quando deveria virar à esquerda, para fazer a volta e pegar a avenida que nos levaria para frente do edifício da Way Enterprises.
- Não vou. E eu preciso estar na empresa, pelo amor de Deus, me leva logo para lá.
Freou o carro e olhou para mim.
- Pra que? Pra você morrer? Porque se você descobrir com seus próprios olhos o que estão fazendo talvez isso termine de acabar com a sua vida. Por que você está me colocando nessa situação?
- Porque eu só tenho você. E eu preciso que você me ajude e me leve para a empresa onde eu posso resolver tudo. Eu posso resolver isso, eu posso. Eu juro que eu posso. Eu posso. Eu posso. - Repetia, talvez para mim mesmo. Nunca estive tão frágil na frente de um outro ser humano. Frágil que eu poderia quebrar em dezenas de milhares de pedacinhos que jamais, nem com os maiores esforços do mundo, seriam colados de volta. - Eu só preciso de um remédio.
- Se precisa de receita para comprar remédios como esse, Gerard. - Reclamou baixinho.
Pegou o meu rosto em suas mãos e me beijou de uma maneira de que não me lembro de ter sido beijado anteriormente. Por ele ou por qualquer outra pessoa em minha vida. Era intenso, desesperado, forte. Era quase como se ele estivesse tentando me salvar com o seu beijo, como se estivesse tentando me puxar de voltar para a realidade. Como se eu fosse uma princesa encantada, adormecida, capaz de acordar com um beijo de amor verdadeiro. Infelizmente, isso aqui não é um conto de fadas.
E a minha história não é uma história de romance. O efeito de seu beijo foi o contrário.
Tive acesso a dezenas de milhares de sentimentos que não visitava desde jovem. Eu, como um homem bissexual, rejeitei essa parte de mim o quanto pude. Como se, se eu quisesse o suficiente, o meu lado que gostava de homens poderia ir embora.
Neguei o quanto pude. Pedi para que isso fosse embora mais vezes do que eu gostaria. Não me entenda mal, por favor, não acho que suportaria mais julgamentos em minha vida, certamente um vindo de você.
Eu já nasci dentro da máfia, desde um bebê eu já era, por herança, um mafioso. Não tive o privilégio de uma infância e adolescência normal. Nunca fui amado ou acolhido em nenhum lugar, eu precisava também ser bissexual?
Óbvio que, depois de um tempo, aceitei essa parte de mim, enfrentando consequências devastadoras, porém, não me arrependo por um minuto se quer.
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Prison Blinders
FanfictionGênios do crime. Gangues rivais. Após seus pais se matarem, Gerard Way e Frank Iero são forçados a assumir os negócios da família. Levados pela ambição e obsessão pelo poder, desejam se tornar os maiores do país. Mas sabem que isso nunca irá acontec...