Capítulo 30.

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Gerard Way.

Ouvia o gotejar, os barulhos comuns de uma noite em New Jersey, ambulâncias, cachorros latindo, brigas, gritos e buzinas de carro. Mais uma madrugada comum. No galpão o calor estava insuportável, sentia os pingos de suor caindo pelas minhas costas, tive que abrir metade dos botões da minha camisa social para não morrer carbonizado. E eu aguardava, pacientemente pela chegada do meu visitante.

-

Frank Iero.

Parece inacreditável que ele me deixou sozinho aqui depois da transa. Boa maneira de me sentir um merda de novo. Mas compreendo bem o que ele está passando e afinal, negócios são negócios.

- Alô? - Disse Ray do outro lado da linha.

- Eu preciso que você descubra a localização do Gerard. Vou te passar o número. Descobre e me pega aqui que nós vamos atrás dele.

- Huh. stalker much? - Riu.

- Cala a boca, só faz o que eu estou te pedindo. Por favor. - Deu uma risada em perfeita sintonia com a gargalhada que ele deu do outro lado da linha.

- O que? Você acha que o seu namorado não sabe se virar sozinho?

- Não. Ele só não precisa mais se virar sozinho. Nós somos um time agora, Raymond. Acho melhor você começar a fazer as pazes com isso.

Desliguei o telefone e fui tomar um banho. Chateado que teria que tirar o gosto, o cheiro de seu suor e a sensação do seu corpo dentro de mim. Gostaria que fossemos pessoas normais que dormem de conchinha depois do sexo e acordam no meio da madrugada para um segundo round.

Coloquei a roupa que vestia antes. Um pouco do perfume do Gerard e desci para encontrar o Ray e o Bob. Fizemos nosso caminho até o endereço que o Ray conseguiu através de um de nossos hackers.

Ao chegarmos no galpão, tive calafrios. Um ambiente extremamente sórdido, quase saído de um filme de terror. Como alguém não desconfia das coisas que acontecem aqui? Tivemos que apagar os dois seguranças da porta, temporariamente claro, para conseguirmos entrar.

Estava tudo escuro. Exceto por uma luz fluorescente no meio da área comum. O Gerard estava sentado em uma cadeira preta, acolchoada que mais parecia um trono posicionado bem no meio do galpão. Dois caras extremamente grandes em pé atrás dele. Sua camisa estava aberta até a altura do estômago, mostrando todo o seu tórax torneados e pelos raros no peito. As mangas enroladas até o seu antebraço, uma perna esticada no braço da cadeira.

Seu braço atrás da cadeira, a mão livre passeando tranquilamente pelos lábios enquanto os cabelos vermelhos, suados, estavam jogados para trás.

Sua camisa que era branca, agora abrigava diversas manchas de sangue. Tinha até algumas em seu rosto. O homem de aproximadamente cinquenta anos em sua frente estava quieto, chorando mas não gritava ou falava absolutamente nada. O que não parecia estar irritando o meu namorado.

Deslizou sua mão pelos cabelos. Me olhou e sorriu.

- Você não devia estar aqui. - Sua voz estava rouca, como se tivesse feito enormes esforços. Talvez tenha gritado.

- Bom, somos um time. Seu problema, meu problema. - Fui andando até ele. E puta que pariu ele está parecendo um vampiro gostoso de cinema.

- Não gosto que veja esse meu lado.

O homem ergueu os olhos para olhar para mim. Não sei como ele ainda estava acordado. O nariz está claramente quebrado, seus lábios cortados, um edema havia surgido no seu olho esquerdo.

Prison BlindersOnde histórias criam vida. Descubra agora