Capítulo 14.

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(Disclaimer: sangue, violência, assassinato. Alerta de conteúdo impróprio e aviso de gatilho. Se tiver problema com violências e suas consequências, te aconselho a não ler essa história.)

Continuação....

Em silêncio, sentado ao seu lado na cama, segurava a sua mão como se tentasse segurar sua alma, você sabe que eu o faria se possível, não é? Trocaria de lugar com ele em um piscar de olhos. Curvei o meu corpo sobre a sua mão, levando os meus lábios até ela, depositando um beijo carinhoso ali. - Desculpa, Mikey. - Falei em um tom baixo, quase inaudível. Era mais como se estivesse pedindo desculpas para mim mesmo. Michael estava dormindo, não queria acordá-lo, e nem queria falar alto o suficiente para que Donna pudesse ouvir. O barulho do seu salto agulha batendo no chão impacientemente estava me deixando incomodado.

- Você se importa? - Falei apontando para o pé dela, pedindo da maneira mais educada que pude para que ela parasse de fazer aquele barulho irritante. Não que fosse só o barulho do salto dela batendo no chão, é a presença dela ali. Já estávamos no mesmo lugar no espaço há mais de cinco horas, isso deve ser uma nova espécie de recorde, será que vale um prêmio? Donna não respondeu. Apenas respirou profundamente.

Alguns minutos depois, vieram informar que a Kristin já havia saído da cirurgia, e que tinha ocorrido tudo bem. Porém, pela característica de seus ferimentos, também precisaria ficar internada por um tempo, dependendo da evolução do quadro clinico para a alta. "O atendimento à gestante tem que ser diferenciado. É um paciente singular, pois a vítima são duas pessoas simultaneamente. Houve um deslocamento prematuro da placenta, com uma hemorragia feto-materna. Hemorragia interna abdominal e tivemos que colocar uma placa de titânio e alguns parafusos no braço, para consertar a fratura. No mais, consideramos que a paciente tem um bom prognóstico. Sinto muito pela perda da família", disse o médico responsável antes de sair do quarto.

Um peso saiu de meu peito, ao menos ela estava viva. Eu queria olhar para ela, juro que queria, mas não conseguia. A culpa... Estava me corroendo por dentro. Como eu pude deixar as coisas chegarem até aqui? Me senti frágil. Um tipo de sensação que não acessava desde a infância. Uma vontade de chorar, de ir embora. De ao menos uma vez na vida não precisar ser eu. Donna permaneceu no mesmo lugar, o que me levava a questionar se ela se quer estava sentindo alguma coisa.

A porta do quarto se abriu novamente, o que fez com que meu coração acelerasse um pouco. Estava apreensivo, vai que eram más noticias de novo? Para a minha surpresa, Frank estava na porta. Com dois copos de café, um que já estava bebendo e um outro para mim, o que fez com que eu sorrisse. Seu rostinho inchado deixava claro o quanto ele estava cansado e com sono, mas não cogitou ir embora. Também não havia subido antes, como combinado.

- Ei, toma. Peguei pra você. - Veio entrando no quarto, esticando a mão para me entregar o copo. Olhou para a sua direita e viu Donna sentada, que o encarava com a sua expressão de "nada". Essa sempre me deu muito medo. Nunca conseguia imaginar o que Donna estava pensando quando sua feição não tinha nem um sinal de vida. Frank forçou um sorriso. - Sinto muito pelo Michael. Frank Iero, prazer em conhecê-la. - Esticou a mão livre, na esperança de um aperto de mãos, frustada.

- Eu sei bem quem é você. - Donna cruzou as pernas, ajeitando-se de maneira confortável na poltrona. Frank por sua vez, revirou os olhos e virou-se para mim.

- Eu descobri algumas coisas... Mas nada muito importante ainda. Não temos certeza de nada, porém nosso círculo de culpados agora está entre europeus. Irlandeses, ingleses...- Quando ele ia falar mais alguma coisa, minha mãe interrompeu.

- E italianos. - Disse Donna com sua voz rouca e profunda. Silêncio total no quarto. - Não vai me dizer, Gerard, que você está cego ao ponto de não perceber que foi esse sujeito aí quem mandou fazer tudo. Seu pai estaria impressionado com a sua burrice.

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