Descalço

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Ando e me disfarço.
Pra que ela não me veja...
Descalço
para ela não seguir sequer meus passos.

Eu passo,
onde o sol nasce,
e também, aonde ele é escasso.
Sempre descalço.

Eu engasgo.
Sobre as coisas do mundo.
Do câncer mais superficial
até o fundo.

Sou mudo.
Sobre as coisas,
do podre ao imundo,
até o mais resoluto absurdo.

Os dias iguais,
os papéis amassados,
sobre a estirpe sagaz
da caneta esferográfica.

Do destino,
desatino
que bate em ferro, agora
é o miúdo sino, da igreja.
Missa do arrependimento,
doce e disfarçado lamento.


Uivo CerolOnde histórias criam vida. Descubra agora