Havia uma garota para e repousada
na janela de um prédio.
Usava um moletom azul marinho,
metade do seu rosto escondido
por seus braços juntos
debruçando o queixo em suas mãos.
Fitava o horizonte,
talvez pensava no mundo.
Eu passei
atravessando a rua em linha reta
e percebi
que ela me seguia com os olhos.
Poderia estar cansada
de estar ali parada
sempre olhando as mesmas coisas:
o pasto verde, as casas, a enorme árvore.
Pela primeira vez
tenho a certeza
que fui uma atração
para se perder o tédio
na qual
eu não sairia machucado.
Atravessava o campo de batalha
imaginário
como um fiel soldado
e ela ainda me sondava
com o olhar agitado.
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Uivo Cerol
PoetryPublicado originalmente em 2016, se trata de uma coletânea de poesias de caráter autobiográfico contendo essencialmente as observações metafóricas de um jovem poeta. "O sintoma do amor: dor. Como um cardume de piranhas, em pleno sangue fresco, em pl...