A velha avó

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A flauta realça
o que a tristeza transpassa.
Sob os adesivos colados na janela
e as roupas enfeitadas de traças.

Os quintais de barro realçam
os buracos feitos por pés descalços.
E o cheiro de terra molhada,
marca meu faro com encalço.

Garrafas de cervejas vazias,
formam um castelo de monotonia.
O cheiro ainda resta nelas,
e a água que cai
já entra pelas tramelas.

Mudas de hortelã, pé de coquinho
tomate cereja.
Hoje, todos mortos.
O portão quase inexistente,
dá passagem ao muro vizinho.

Reuniões de vez em quando,
brigas sempre presentes.
Parentes díspares,
na maioria, ausentes.

Abraço na velha avó,
sofrida
de face quase calada.

Uivo CerolOnde histórias criam vida. Descubra agora