Senti tanto alívio quando eu estava abraçando ela, sei lá, uma proteção que eu nunca me senti assim antes. Foi a primeira vez, depois que minha avó morreu, que recebi um carinho assim.
— Você vai fazer o que, Naty? — tirei a cara do pescoço dela e olhei pra ela. Ela estava mais séria que o normal, quase não conseguia ver o olho dela de tanto que a testa estava franzida.
— Acho melhor tu nem saber, pô. O cara vai pagar do jeito que um estuprador deve pagar, vai sofrer e ninguém vai ficar com pena do cuzão, não. — Ela passou a língua na boca e me olhou — tu fica tranquila aqui, Bianca. — Ela me deu um beijo rápido e levantou.
Ela foi no banheiro com uma roupa e voltou vestida, pegou uma arma e falou que já estava saindo. Disse que eu podia ficar à vontade na casa dela e que mais tarde estava de volta. Eu só concordei.
Peguei meu celular e liguei. De primeira, já vieram as 30 mensagens da Jô, tinha umas da Let e alguma menina também, e outras sem importância. Respondi elas ali e liguei pra Jô.
— Alô.
— Tu tá de brincadeira com a minha cara, menina. Tu acha que vai ficar na minha casa, comendo da minha comida, garota, sem trabalhar, sem nada?
— Aconteceram algumas coisas, Jô. Eu vou ir aí amanhã pra falar com você.
— Não me interessa o que aconteceu, Bianca. Tu tem um dever comigo, porra. — Bufei — amanhã, se tu não aparecer aqui, tu vai pegar as tuas coisas e vai embora. Sou obrigada a ficar sustentando ninguém, não. — Ela desligou.
Ela é insuportável, chata pra caralho, meus Deus. Sempre deitando em cima dos outros, tudo pra ela ganhar mais dinheiro, não fica por baixo, ódio!
Eu levantei da cama da Naty, peguei uma cueca dela e uma camiseta grande, arrumei a cama e depois desci pra sala. A casa dela é bem grande, sabe? Toda arrumadinha, organizada.
Na cozinha, eu peguei um suco que estava na geladeira e fiz uma tapioca com queijo. Quando eu estava indo sentar pra comer, a porta abriu. Achei que era a Naty e fui pra sala.
— Oi, gata. A Naty me ligou e pediu pra mim vir ficar aqui com você. — Rebeca me deu um abraço e um beijo na bochecha — como tu tá?
— Tô bem, Beca. Ela me deu uma força agora. Não sei o que ela foi fazer, mas brigadão por ficar comigo, gata.
— Mas aí me conta como foi a noite. Vi vocês saindo juntas ontem do pagode. Já falei com a Naty que eu acho tudo vocês duas juntas tudo. — Dei risada, negando com a cabeça — vocês duas são muito chatas.
— Por quê? O que ela falou pra você? — Sentei no sofá com ela do meu lado.
— A Naty é bem complicada, sabe? Não disse nada pra mim, mas eu conheço ela até demais, mona. Tu deu um chá forte pra ela ali, pô. Tá na tua de quatro, de lado, do jeito que tu quiser. — Dei risada, balançando a cabeça.
Eu estava rindo muito com ela, mas parei na hora quando escutei a porta batendo e um gemido de dor. Fiquei chocada quando vi a Naty segurando o... Fernando.
Ele estava com a cara toda cheia de sangue, olho inchado, cuspindo sangue, a camiseta estava vermelha, o cara estava fudido.
— Repete, seu filho da puta — na hora que ela falou, a sala se encheu de homens — eu vou te fazer a pergunta de novo e quero que você responda o que você falou pra mim na frente dela.
— Você está fazendo merda, Naty — ela deu um soco na cara dele e ele quase foi pra trás, mas ela segurou.
— O que você fez com ela, pô? Responde e fala a verdade, você tem uma chance só, porra! — ela colocou o dedo na cara dele.
— Eu comi essa puta porque eu paguei pra foder ela, qual foi, caralho? Essa vadia é uma prostituta, porra, me deu porque quis, tá inventando histórias agora porque você tá com ela, Naty, uma interesseira do caralho, porra — Fernando olhou pra mim e eu neguei com a cabeça.
— Qual foi, mina? É melhor você falar a verdade agora, saco! Porque eu sei que você...
— Ela já falou, porra! Fala pra mim olhando no meu olho, caralho! Esse cuzão filho da puta estuprou ela, porra! Não tem o que duvidar não, vão tudo se foder também, eu vou passar esse filho da puta agora! — ela gritou.
— Calma aí, Naty, são palavras de uma puta pra um parceiro nosso, caralho — fiquei sem graça na hora.
— Puta é o caralho, formiga! Você não fala bosta não, porra, que eu já tô querendo matar essa filha da puta aqui mesmo, quero treta contigo não, porra, então fica na tua — o cara respirou fundo, balançando a cabeça.
— Fala aí, mina, quero ouvir da tua boca! — todos olharam pra mim, eu olhei pro Fernando que estava com aquele mesmo olhar, quando me deu aquele tapa, ele estava com ódio, com raiva, todo fudido, cheiro de sangue. Eu só queria essa cara bem longe de mim.
— Ele me estuprou sim, independente do meu trabalho, quando eu digo que não quero, é porque eu não quero. Ela falou tanta merda pra mim que eu até acreditei que era culpa minha, mas não, foi esse filho da puta que fez aquilo comigo porque ele estava com vontade. Eu odeio você, Fernando, você é um nojento de merda! — gritei, sentindo as lágrimas caírem e depois limpei.
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Pique Bandida
Teen Fiction📍Morro Tijuca - Rio de janeiro Comando Rio de Janeiro Bianca é carinhosa Naty é fechada Bianca não gosta de violência Naty é agressiva Bianca é prostituta Naty é traficante Bianca quer alguém que cuida dela Naty mata e morre por ela Início:...