Pique Bandida

• 𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 46 •

A Naty tinha saído da casa dela falando que ia pra boca, ela me deixou aqui pra receber uma mulher que ia limpar a casa, era a mãe da Rebeca. Fiquei esperando no sofá, mexendo no celular, até ela chegar. Cinco minutos depois, quando ela chegou, a Rebeca estava junto. As duas conversaram por um tempo e depois a Rebeca veio sentar do meu lado no sofá.

— Como foi a manhã? — Rebeca perguntou.

— Dei igual doida — ela riu alto jogando a cabeça pra trás — a gente dormiu ontem, mas hoje eu sentei gostoso, essa Naty é filha da puta, né Rebeca? 

— Eu nem vou falar nada, se não tu fica com ciúmes — neguei com a cabeça. Se fosse outra pessoa, tipo uma ex dela, eu até ficaria, mas é a Rebeca, minha amizade com ela é incrível, não sinto ciúmes das duas não.

— De tu não, amiga, sei que com vocês é amizade, que rolou alguma coisa antes — ela concordou.

— Tá, ela adora transar quando tá bêbada, fica mais safada, mais fogosa, sei lá — dei risada e guardei a dica — mas então, vai pra casa agora? — concordei — acho que vou contigo, quero sair um pouco dessa favela.

— Bora, tu leva uma roupa, pega um biquíni e amanhã depois do trabalho nós vamos pra praia, bora? — ela concordou, disse que ia buscar a roupa dela e arrumar alguém pra levar a gente.

Fiquei esperando ela ali na sala enquanto falava com umas amigas do trabalho, chamei ela pra ir com a gente amanhã, pegar uma praia. A Rebeca demorou uns vinte minutos, mandei mensagem pra Naty no carro dizendo que já estava indo embora, ela só mandou um "belezinha" pra mim.

Dei o endereço de casa pro cara e fiquei atrás com a Rebeca conversando, essa garota sempre tem um papo, só me faz rir, amo a vibe dela, a energia boa, gente assim que é gostosa de estar do lado.

Quando a gente chegou no meu apartamento, eu deixei ela à vontade e fui tomar um banho, coloquei só um body pra ficar em casa. Depois, ela foi pro banho dela e pediu um body meu emprestado.

— Mas aí, já posso dizer pra todo mundo que a Naty tá namorando? — neguei — porra, vocês são muito lentas, caralho.

— Lenta por quê? A gente já transa mais que um casal, vive se pegando agora, estamos mais que evoluídas, Rebeca — ela riu — e tu, nunca vi você com ninguém.

— Eu sempre tô com alguém, Bia, quando eu sinto vontade eu fico — deu de ombros — não gosto de me apegar, sabe? Aquela parada de construir família não é comigo, já me falaram que eu ia ficar pra titia — ri — é isso que eu quero, não ter obrigação com ninguém, principalmente com uma criança que vai depender de mim pra tudo, quero não.

— Não quer ser mãe então, amiga? — ela negou.

— Não, não é pra mim, quero saber do filho teu e da Naty, posso até ficar olhando pra vocês, mas só às vezes, viu?

— Meu Deus, Rebeca, filho meu e da Naty? Da onde, Rebeca? — falei rindo e escutei a risada dela, maluca — a gente nem tem nada ainda, nem sei se vamos ter.

— Não sabe, e eu nasci ontem. Vai tomar no cu, né, Bianca? — neguei com a cabeça, ela deitou na minha perna e a gente continuou assistindo ao filme..

[...]

No dia seguinte, eu fui trabalhar e fiquei no trampo até 17h20. O horário era meio bosta pra ir pra praia, mas a gente foi mesmo assim. Coloquei um biquíni e emprestei um pra Rebeca.

A gente sentou na área e começou a falar da vida. Ela me contou algumas coisas que passou, principalmente os problemas com a mãe dela. Eu contei da minha vida também, desde a minha vó até quando cheguei na Jô, toda a merda que eu sentia de mim mesma.

Ela me escutava e me dava conselhos. Eu, graças a Deus, saí da casa da Jô sem problemas nenhum. Ela me pediu um dinheiro, mas eu consegui pagar no dia mesmo. Sai de lá e fui atrás de um apartamento pra mim. Achei que ia ficar na rua naquele dia, mas eu consegui alugar aquele que tô agora.

Minha vida tá melhor do que eu imaginava quando tava na Jô. Sempre ficava boiando comigo e pensava: pra onde eu ia, com o que eu ia trabalhar. Tava com medo de não ser boa em nada e não me contratarem, mas aí encontrei uma mulher maravilhosa, dona de um posto de gasolina que era da família. Ela me ajudou em tudo, me ensinou tudo e me deu assistência, tudo que eu precisei naquele momento.

Hoje eu tô bem, tô feliz, tô batalhando pelas minhas coisas, tô conseguindo tudo com meu próprio trabalho. Na Jô, parecia que nada ia pra frente na minha vida. Hoje eu tô conquistando tudo.

— Vou comprar uma cerveja no tio ali, tá? — concordei. Ela saiu correndo atrás do tio. Peguei uma toalha, coloquei esticada na areia, deitei de bunda pra cima e senti o sol queimar minhas costas. Fechei os olhos e fiquei aproveitando a sensação.

Fiquei deitada tomando um sol até a Rebeca aparecer. Depois de um tempo, eu pedi pra ela vir tirar uma foto minha. Fui pra água e fiz a pose. A foto ficou linda, já postei.

BEACH 🌊⛱️