Pique Bandida

• 𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 42 •

[1 mês depois]

Estava tudo bem, tudo ótimo na minha vida. Depois que a Naty matou o Fernando, ela me deu um dinheiro. Eu falei logo com a Jô, peguei minhas coisas e saí da casa dela. Saí da favela também e estou morando em um apartamento que aluguei. Estou trabalhando como frentista em um posto de gasolina perto do apê, gosto demais de lá.

Do dinheiro da Naty ainda tenho três mil reais e mais o salário do trabalho. Estou conseguindo viver bem, pagando meu aluguel. Às vezes, saio por aí para ter um lazer, é bom demais isso.

Esses dias atrás, eu falei com a Larissa. Ela está morando em Nova York com aquele bofe mais velho. Fiquei com um alívio tão grande quando vi que não era nada perigoso assim. Ela tá toda chique postando foto em vários lugares bonitos com o bofe, restaurantes de luxo, tá um nojo.

Ela disse que o cara é gente boa, tá sempre querendo mimar ela com presentes e tudo. Estou muito feliz pela minha amiga, ela merece demais.

Eu e a Naty nunca mais nos falamos, nem por mensagem, nem ligação, nem nada. De lá, a única pessoa com quem eu falo é a Rebeca. A menina é doida demais, mas mesmo assim, ela fica me mandando uns áudios dizendo que a Naty está com saudade de mim e eu só escuto a voz dela ao fundo xingando a Rebeca.

Sei que tudo é brincadeira da Rebeca, né? Se a Naty tivesse com saudade, ia mandar mensagem, né? Eu tô com saudades dela de verdade, mas não tenho coragem. Sou bem orgulhosa nessas situações, sabe? Se ela não manda, eu também não mando, não.

Estou fazendo academia e olha que estou vendo resultado, viu? Aqueles lanches da Naty foderam comigo. Corri atrás e dei uma melhorada. Estou gatona, meu cabelo tá sempre hidratado, unhas sempre feitas, depilação, tudo. Voltei a gostar de mim de novo, é muito bom.

Fiz até uma tatuagem que era o meu sonho de vida fazer. É uma que vai da bunda até a costela, tem várias rosas assim. Estou me achando, demorou umas duas semanas pra terminar, valeu a pena, ficou linda demais. Só fiz essa também.

Eu estava conversando com a Rebeca ontem e ela me disse que hoje seria o aniversário da Naty. Não sei se eu vou, sabe? A gente nem se fala mais e se ela quisesse minha presença, ela teria me convidado, né? Então eu tô meio assim de chegar lá do nada.

A Rebeca ficou tentando fazer minha cabeça e eu disse que ia pensar. Não tenho nada pra fazer hoje mesmo, sexta-feira, então eu não sei ainda, tô pensando ainda. O aniversário, pelo jeito, vai ser na casa dela à noite, ainda tenho tempo pra pensar.

Saí do trabalho agora, peguei um Uber e fui pra casa. Eu tava querendo fazer uma autoescola também, tirar minha carteira de motorista, moto e carro, aí quem sabe mais pra frente eu compro meu carro, quero muito.

Tomei um banho pra relaxar, passei um hidratante no corpo e coloquei só uma calcinha. Fiz um macarrão pra jantar e comi com gosto. Não é o melhor jantar pra quem tá fazendo academia, mas eu tô com preguiça de pensar em algo mais saudável.

Depois eu limpei tudo ali e fui pra sala, coloquei um filme na TV e comecei a assistir. Era um filme triste pra caramba, chorei pra caramba. Meu celular começou a tocar e eu peguei pra atender.

— Alô? 

— Tô chegando em vinte minutos. Se você não estiver pronta, vai do jeito que tá, — ela falou rápido e desligou o celular. Eu fiquei tentando ligar pra ela, mas a garota não me atendia mais.

Levantei do sofá com pressa, procurei um vestido no meu armário e nem achei. Tava ficando puta, peguei um body de renda vermelho sangue e uma saia de pano bem coladinha branca, ela tem uma abertura na perna esquerda, é linda, e um tênis da Nike branco. Já falei que odeio salto, né?

Estava fazendo minha maquiagem quando começaram a bater na porta. Saí do quarto passando gloss na boca, abri a porta e vi a Rebeca toda gatona, tava linda.

— Tudo isso pra Naty? — revirei os olhos e voltei pra dentro do apartamento. Fui buscar meu celular na sala e um dinheiro que estava na minha bolsa. — Já tá rolando a festa, amiga, bora.

— Você me faz ir, Rebeca — ela riu e nós duas saímos do meu apartamento. Tranquei a porta enquanto ela chamava o elevador.

— Você tava se mordendo pra ir, falsa — fiz uma careta pra ela e nós duas entramos no elevador.

Peguei meu celular quando ela entrou em um carro que era de algum amigo dela. Ele tava levando a gente pro Turano. Abri os status da Naty e vi as fotos que ela postou. Filha da puta, gata pra caramba!

Bandida☠️
Há 10 Minutos