No outro dia, eu acordei às 09h00 como sempre; o incômodo na vagina era normal, mas mesmo assim eu ainda não tinha me acostumado com essa dor.
Ontem foram três, mas já teve dia que eu fiz uns sete programas. Os primeiros eram velhos que gozaram em pouco tempo, mas os quatro últimos já eram mais da minha idade e, porra, me machucaram demais.
Nunca reclamo. A Jô diz que a gente não pode parecer fraca, e é ruim pra gente e péssimo pros negócios dela; eu entendo, então fico na minha.
Tem meninas aqui bem mais experientes que eu, que estão nesse trabalho há mais tempo. Elas têm uma autoridade sobre as novatas também; são um bando de filha da puta, vivem dizendo o que temos que fazer, fazem eu e a Larissa de empregadas aqui, ranço delas.
A Larissa tá trabalhando aqui há quase dois meses, então ela é uma novata também. A Mônica e a Luiza são as mais velhas, trabalham desde que essa casa começou a funcionar, são chatas pra caralho.
Levantei da cama e fui até meu banheiro, tomei um banho gelado e nem me importei com o tempo que fiquei ali. Vesti uma calcinha, um shorts preto e uma camiseta folgada, coloquei minha havaianas e saí do quarto.
— Bom dia, Bia - Larissa me deu um beijo no rosto e nós descemos juntas até a cozinha; as outras estavam lá, inclusive a Jô.
— Bia, preciso de você comigo hoje. Vou comprar algumas coisas pra casa. Mônica, você fica responsável por elas, quero ninguém pra fora de casa. Vão descansar que hoje à noite vai ter uma reunião dos traficantes e eles vão vir pra cá com certeza — Jô deu as ordens e elas concordaram.
Sentei na mesa e peguei um pedaço de bolo; não estava com muita fome e só comi isso mesmo.
Jô disse que era pra eu esperar ela na sala que ela já ia descer pra gente sair. Esperei uns dez minutos e, quando ela desceu, nós saímos.
— Tá precisando de alguma coisa? Se tiver, pega agora — Jô perguntou. Ela tava vendo umas roupas na boutique de uma moradora daqui; melhor loja de roupas da favela.
Fui ver algumas coisas pra mim, peguei um vestido preto e um body de renda vermelho; só isso também.
A Jô comprou algumas lingeries pras meninas e algumas coisas pra ela, me deu a maioria das sacolas.
Depois, ela foi pro salão. Fiquei sentada esperando horas ela ali; as meninas tudo me olhavam com nojo, acham que eu e as outras somos uma ameaça pra elas, sabe? Como se a gente mandasse os machos delas irem pra lá, toma no cu.
Depois da chefe ter feito as unhas, o cabelo, e tudo mais, saímos do salão. Me arrastou lá pra cima, na boca; disse que precisava falar com a patroa.
Vi os dois palhaços de ontem ali na frente; aquele MK já me olhou de baixo pra cima, todo malicioso.
— Qual foi, Jô? Vagabunda gostosa essa aí, hein? - Mk apontou pra mim e eu me segurei pra não revirar os olhos, nojo. Odiava esse tipo de cara.
— É? Minhas meninas são todas maravilhosas mesmo. A Naty tá aí? Ela me chamou mais cedo.
— Tá sim, pô. Sobe lá — deu passagem e ela passou por ele; eu fui atrás dela, mas ele me puxou — hoje eu broto lá, Jae?
— Tá — respondi simples e tentei sair, mas ele não deixou. Olhei pra ele e o cara só deu um sorriso, bateu na minha bunda e depois me soltou. Eu ia mandar ele pra puta que pariu, esse filho da puta, mas a Jô me chamou.
— Vamos, Jéssica, agora — segui ela escutando a risada dele e dos que viram a cena. A Jô entrou numa sala e eu entrei junto — algum problema?
— Tá ciente que os caras vão pra lá hoje, né, pô? — A Naty falou e a Jô concordou — fecha tua casa, beleza? Tuas minas vão ficar disponíveis pra eles hoje, pode ser?
— Ótimo, são cinco mil as festas particulares — a mulher tirou um maço do bolso da bermuda e pegou um outro maço menor, jogou pra Jô, que pegou no ar.
— Cinco mil, pô — a Jô concordou. Por um momento, a mulher me olhou de cima a baixo; ela estava com a mesma cara séria de ontem, um boné de aba pra trás, deu pra reparar melhor nela agora.
Piercing na sobrancelha, no nariz, na boca; várias tatuagens pelo pescoço, braço; um olho escuro, frio.
— Só isso? — a Naty só balançou a cabeça concordando - vamo, Bia.
Saí primeiro que ela, fomos pra casa e ela distribuiu o que comprou pras meninas. Eu peguei minhas coisas e fui pro meu quarto, arrumei ele todo e depois tomei um banho.
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Pique Bandida
Jugendliteratur📍Morro Tijuca - Rio de janeiro Comando Rio de Janeiro Bianca é carinhosa Naty é fechada Bianca não gosta de violência Naty é agressiva Bianca é prostituta Naty é traficante Bianca quer alguém que cuida dela Naty mata e morre por ela Início:...