03

4.2K 442 89
                                    

Liam

Eu estava me arrumando para o jantar. A mulher que aceitou minha proposta tinha um perfil bom o suficiente para que eu a levasse para um jantar para discutir sobre um possível casamento.

Era uma morena, de olhos azuis. Era linda, pra falar a verdade. Se ela aceitasse o acordo, eu, obviamente, mandaria redigir os papéis imediatamente. Aceitaria o valor dela e quando dissesse que corri para Las Vegas porque fiquei estonteado com sua beleza, ninguém diria que era mentira. Casaria e, depois do tempo que os advogados estipulassem, me divorciaria.

Plano perfeito.

Amarrei o nó da gravata como sempre fizera, de maneira metódica. Não gostava de nada que me sufocasse e tampouco queria algo frouxo. Precisava ser justo.

Em seguida fui ao banheiro, e passei o pente no cabelo baixo, no processo de vestir roupa eu o havia bagunçado um pouco e estava me incomodando. Não haviam perfumes ali, eu odiava perfumes. Cheiros fortes me incomodavam, cheiros amadeirados, florados, adocicados... Enfim, qualquer um me incomodava. Acho que pela minha condição. Esperava que a mulher não colocasse perfume, ou teria que me esforçar muito para ignorar seu cheiro.

-Liam! -Uma voz me chama. Era Paul.

-Estou no meu quarto. -Respondo.

-Ah! Achei você! -Ele diz. -Está bonito.

-Obrigado. -Digo.

-Então recebeu alguma proposta? -Pergunta ele, já se sentando à cama.

Precisei ignorar o fato dele ter sentado à minha cama. Ele havia chegado da rua. Deveria estar com germes, bactérias e trazendo alguma doença. Mas em vez de falar, apenas segui para a gaveta com relógios. Alguns anos atrás isso não era possível. Obrigado, terapeuta Lúcia! -Agradeci mentalmente.

-Sim. -Respondo meu primo, fazendo uma anotação mental de pedir para Joana trocar o lençol da minha cama. De jeito nenhum deitaria naquela cama que provavelmente havia virado uma colônia de micróbios.

-Uau -Meu primo esboça um sorriso. -Como ela é?

-Bonita. -Dou de ombros. -Marquei esse jantar para conhecê-la.

-Só? -Meu primo pergunta, incrédulo.

-Como assim?

-Não recebeu outras propostas?

-Hum. -Penso. -Sim. Mais uma. Mas decidi que já como essa se ofereceu primeiro, merecia mais consideração.

-Então a segunda era mais bonita?

-Não sei. -Dou de ombros. -Será apenas um negócio. Sou bom em negócios. -Coloquei o relógio e peguei uma pasta. -Durante a tarde, depois que consegui atualizar meu trabalho, redigi alguns termos, coisas pertinentes que possivelmente entrarão em um contrato oficial. Claro que eu posso colocar e mudar algumas coisas, mas se ela aceitar, espero que amanhã mesmo possa ir para algum cartório, até mesmo para Las Vegas, para poder oficializar o matrimônio...

-Calma. -Paul se levanta, me interrompendo. Eu não havia parado nem para respirar; foi certo ele intervir, embora eu não goste de ser interrompido. -Você já vai propor casamento?

-Não era esse o objetivo? -Retruco.

-Hum... sim. Bem, é claro. Só... -Ele respira fundo. -Não deixe que ninguém se aproveite de você.

-Certo. -Respondo, me virando. -Como estou?

-Muito bem. -Ele diz. -Vá logo pro seu encontro.

-É apenas um jantar de negócios. -Respondo com a a cara fechada.

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora