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Liam

Ainda estava sorrindo bobo com a ligação que havia feito. Lizzy... que apelido mais gracioso. Ainda olhava sua foto de perfil no celular. Ela tinha sardas. Ontem, com a maquiagem não pude ver, mas nessa foto ela estava completamente de cara lavada. Estava abraçando uma mulher mais velha, mas que tinha o mesmo sorriso que ela. E as mesmas sardas.

Ela havia dito sim. Não queria dinheiro também, mas, obviamente, eu iria transferir pra sua conta. A agência foi bem generosa ao me passar seu número de telefone depois que eu dei uma certa quantia, claro. Mas eu pagaria muito mais. E, obviamente, pedi que me passassem seus dados bancários, o que também fizeram.

Elizabeth não parecia ser uma pessoa má. Ela provavelmente precisava de dinheiro, se não, não estaria ali, saindo comigo por dinheiro. Talvez em outra situação ela não aceitasse sair comigo. Com certeza não se ela me conhecesse, soubesse de verdade o que eu tenho. Todas as mulheres que souberam o que eu tinha se afastavam. Era uma maldição. Ninguém quer ficar com alguém como eu. Alguém diferente. Então depois de um tempo eu só decidi não falar nada a ninguém. As pessoas não iriam me olhar diferente, e eu poderia ter uma vida razoavelmente normal.

Voltei os olhos para o computador e continuei a olhar para os números. Estava fazendo cálculos quando meu celular indicou que já estava na hora de ir. Imprimi os dados, que havia feito e coloquei em uma pasta plástica para passar à secretaria.

-Senhor. -Ana esperava do lado de fora.

-Aqui estão os documentos. -Dou à ela a pasta. -Já pode arquivar.

-Sim, senhor.

-Até amanhã. -Digo, mas ela interrompe.

-Senhor.

-Sim?

-É que... hum... ouvi sua mãe dizendo que precisa de acompanhante no jantar de hoje...

-Sim.

-É que... Sei que sou sua funcionária, mas como já temos uma relação profissional, poderíamos ir juntos. Se o senhor quiser. -Ela diz, o que me deixa confuso. -Quer dizer, o senhor aparentemente não tem companhia e eu poderia ser sua acompanhante. Estamos juntos todos os dias. Nos conhecemos...

-Agradeço a sua oferta, Ana, mas já tenho companhia. -Digo.

-Ah. claro. Tudo bem. -Ela diz se virando. Talvez tenha ficado envergonhada, ou triste. Não sei bem. Não entendo bem as mulheres. Nem as pessoas no geral.

-Está bem mesmo? -Pergunto para me certificar. Se ela disser o contrário, eu poderia conversar com ela. Não gosto de conversar, mas se necessário...

-Sim, senhor. -Ela me dá um sorriso falso. -Tudo ótimo.

Sorriso falso? Hum...

Decido não incomoda-la. Quando era criança havia frequentado muito terapeutas. Eles disseram que se uma pessoa cortava o assunto, é porque ela não queria falar dele, embora eu achasse que não repreender seria melhor.

Contudo, segui o que meu terapeuta disse. Não perguntei mais.

-Certo. Te vejo amanhã, Ana.

Ela não responde.

Vou até a garagem da empresa e saio no meu BMW.

***

Eu estava pronto pontualmente às 7:30 pm. Eu sempre fui pontual. Creio que pontualidade é uma característica de pessoas compromissadas. Horários existem para serem cumpridos.

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora