06

4.1K 427 23
                                    

Lizzy

Depois do almoço, estava levando minha avó à mais uma consulta. E para mais uma sessão de quimioterapia.

Ela estava sentada em uma das salas com outros pacientes, enquanto eu estava do lado de fora com Michael, seu médico. Já o conhecia há anos. Ele era um médico excelente. Vez ou outra me convidava para sair... Mas devido à minha segunda profissão... Bem, diríamos que não daria certo.

Minha avó ria com algumas pessoas -suas amigas. Era bom ver ela sorrindo.

-As sessões com interleucina estão sendo bem promissoras.

Havia me esquecido que Michael estava ali. Do meu lado.

-Sim. -Digo, me virando para ele. -Ela parece bem melhor.

Ele sorri e assente, voltando seu olhar para a prancheta. Decido voltar a olhar para minha avó.

-E como você está? -Michael pergunta novamente.

-Bem. -Digo, sorrindo. -E você?

-Eu também. -Ele diz com um sorriso nervoso. -Eu também estou bem, quero dizer.

-Eu entendi o que quis dizer. -Solto uma risada fraca.

A verdade é que eu não estava querendo sorrir nem nada. O senhor Liam havia me respondido. Marcara a hora e escolheu o lugar. Hoje a noite em um restaurante extremamente caro. Eu já havia ido algumas vezes com alguns clientes. O homem deveria ter dinheiro, o que me fazia questionar o que ele iria propor. Que trabalho eu teria de fazer. Espero que não me peça para viajar. Tampouco que eu lhe sirva por alguns dias longe da minha avó. E ainda tem o outro cliente... droga era hoje. Precisava desmarcar. Argh! que droga. Bom, pelo menos, eu iria jantar bem e não necessitaria fazer sexo com um desconhecido. Quem sabe sairia com o senhor Liam e ele me fizesse uma proposta realmente boa. Mas para o futuro eu precisava agenda-los -meus clientes -direito para não haver choque de horário. Suspirei.

-Está preocupada? -Michael pergunta, me fazendo lembrar que ele estava lá. De novo.

-Ahn... não. Quer dizer, sim. -Me rendo. -São as contas... tô tentando bater cabeça pra conseguir contornar tudo.

-Ah... -É o que ele diz.

-Mas não se preocupe. Eu vou pagar o tratamento da minha avó. Pode continuar, tá bom? -Me apresso em dizer.

-Não. Tudo bem. -Ele diz. -Se ela é a única maneira que eu tenho de ficar perto de você, então eu farei o possível para continuar sendo médico dela.

Ele me deixa sem palavras -O filho da mãe.

Respiro fundo.

-Michael, nós... -começo a falar, mas ele me interrompe.

-Eu já sei. Já sei. -Ele ergue a mão. -Tudo bem.

O encaro. Ele parecia que ainda queria falar mais, e se tem uma coisa que aprendi saindo com tantos homens é que eles gostavam de atenção e compreensão. Cansei de ficar horas -ganhando um bom dinheiro -ouvindo o desabafo dos homens. Era impressionante. Então apenas continuei encarando o doutor.

Depois de um tempo ele cede:

-Só que eu acho que poderíamos ter alguma chance se você me deixasse te mostrar o quanto sou bom. -Ele fala. -O quanto podemos ser bom.

E então Michael tenta segurar minha mão. Afasto-a, talvez apenas por um reflexo.

Ele assente.

-Sinto muito. -Digo, desviando o olhar. Droga, Michael!

-Tudo bem. -Ele engole o orgulho ferido e assente.

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora