Lizzy
Eu estava atrás do balcão, olhando as outras contas que haviam chegado e haviam se acumulado. O dinheiro havia acabado -de novo.
Pela manhã havia enviado meu currículo para a agencia de acompanhantes. Eles precisavam confirmar e de vez em quando olhava o celular para saber se já o haviam feito. Eu precisava de dinheiro -de novo.
-Lizzy, querida. -Minha avó me chamou, logo escondi os papéis embaixo do balcão.
-Vó. -Respondo. -Está cansada?
-Não, mas a sua amiga... -Ela chega mais perto para sussurrar, apontando para Rebeca, que já estava tonta pegando xícaras e entregando outras.
O café estava lotado. Trabalhava nele desde sempre, era um negocio de família. E depois que meus pais morreram e fui morar com meus avós, me dediquei mais. Só que aquilo não era suficiente para pagar as contas. Principalmente as contas do hospital.
-Vovó, precisa parar de implicar com a Rebeca. Ela faz o que pode. -Disse, levando algumas xícaras para a lavadora, que fazia tempos precisava de concerto.
-Eu não estou implicando, mas ela parece um desastre com aquela bandeja. -Vovó sussurrou, não vendo que Rebeca já estava atrás dela. -A qualquer momento ela pode dar um banho de café em alguém.
-Estou ouvindo, dona Martha. -Rebeca colocou a bandeja com mais xícaras no balcão enquanto eu colocava outra bandeja com outros pedidos.
-Ah, você está aí! -Minha avó diz, fingindo surpresa.
-Estou aqui. -Rebeca disse, fingindo acreditar na surpresa da minha avó.
-Vou ver como os clientes estão. -Minha avó avisou, dando a deixa.
Rebeca acena e então se vira pra mim.
-Ela me tortura. -Minha amiga confessa. Rio e pego algumas fatias de torta, colocando com cuidado na bandeja. -Eu concordei em ajudar, mas ela quer se livrar de mim à todo custo.
-Eu sei, desculpa. -Sorrio. -Mas preciso de você. Principalmente se me chamarem...
E a minha voz vai diminuindo. Rebeca era a única amiga que eu tinha, e era a única que realmente sabia sobre minha vida. Todas as partes. Ela sabia sobre a agencia e sobre a segunda profissão... a que não envolvia fazer tortase ficar atrás de um balcão.
Rebeca me dá um sorriso triste.
-Chegou outra conta? -Pergunta, e ela estava realmente preocupada.
-Mais uma. -Digo, puxando o papel para que ela o visse. -Eu vou precisar sair mais uma vez. Pelo menos alguns encontros, eu acho.
Aquilo era o que eu poderia fazer. Meu avô faleceu há 7 anos, logo após descobrir o câncer de ovário da minha avó. Eu ainda estava na faculdade de gastronomia, mas sem meu avô, e com a minha avó com câncer, precisei interromper os estudos. Me dedicar ao café não era suficiente, quando as contas começaram a se acumular aos montes. Eu não tinha dinheiro, nem nada além de um rosto bonito. Então eu precisei jogar com as armas que eu tinha.
Não contava à ninguém, porque parece que todo mundo se afasta de você quando você tem problemas, e precisei me virar como podia. Namorar, claro, estava fora de questão desde então...
Encontrar homens era assustador, mas as contas não se pagavam sozinhas.
Rebeca era a única que sabia. Minha avó, que ainda estava com uma faixa na cabeça, escondendo a careca, não suspeitava, porque jamais aceitaria, então eu continuava assim...
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Precisa-se de uma esposa
RomanceLiam precisa de uma esposa. No testamento do seu pai havia uma cláusula muito específica que dizia que ele precisava casar. Liam sequer tivera uma namorada. Durante seus trinta anos, jamais conseguiu desenvolver sentimentos por qualquer pessoa for...