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Lizzy

Alguns dias se passaram e eu ainda estava no fundo do poço.

Minha avó tentou, vez ou outra conversar comigo, mas eu não conseguia ouvir. O choque que eu levei foi grande demais...

Ainda sonhava à noite com Zack dizendo, na frente de todos o que eu era: uma prostituta que foi paga pra casar com um autista.

Sempre acordava suando ou vomitando. 

Liam nunca foi apenas um autista pra mim, ele era o homem da minha vida. O único homem que eu sonhei ter um futuro, uma família. Aquilo partia meu coração e me fazia querer chorar novamente.

Esses dias todos, não vi Liam, não por falta de oportunidade, porque ele veio até o café cinco vezes, com Paul, para tentar falar comigo e, todas as vezes, minha avó dizia que eu não estava, mesmo ele voltando depois para receber a mesma resposta.

Ele provavelmente veio dizer que, agora que foi exposto, nosso casamento já não valia. Provavelmente iria querer divórcio. Sua mãe, provavelmente, também iria querer isso. Nenhuma mãe iria querer ver o filho com uma mulher como eu...

Eu estava postergando...

Seria inevitável.

Eu iria me divorciar dele. Iria sim. 

Olhei o anel. O anel que ele me dei e sorri. Outra lágrima escorreu meu rosto.

Meu celular brilhava com outra mensagem, com outra ligação que ia pra caixa postal. Não me dignei a ler suas mensagens ou atender suas ligações. Não quando eu havia estragado tudo... 

-Lizzy? -Minha avó me chamou. -Precisamos ir ao hospital.

-Claro. -Enxuguei as lágrimas e desci com ela.

***

Fomos de carro até o hospital.

Eu esperei do lado de fora. Tão aérea que nem reparei quando Michael sentou-se ao meu lado.

-Oi, amiga. -Ele disse. -Tudo bem?

-Hurrum. -Murmurei em resposta.

-Uau, porquê tanta animação? -Perguntou.

-Agora não, Michael. -Pedi. -Não tô legal.

Ele então se calou.

-Estou vendo que não está bem. -Diz. -Mas quando amigos veem que amigos não estão bem, eles tentam ajudar esses amigos, não?

-Não tem como você me ajudar. -Digo, ríspida.

-É o Liam? -Perguntou. Não respondi. -Porquê se for, ele vem aqui quase todo dia atrás de você. Como se viesse se esconder aqui...

Olhei pra ele, surpresa.

-Ele vem aqui?

-Todo dia! -Michael responde e dá de ombros. -Sei que alguma coisa aconteceu entre vocês, mas, seja o que for, eu sei que podem concertar. Vocês se amam! Qualquer um vê isso!

-Não tem concerto pra isso. -Retruco.

-Você não o ama mais? -Pergunta Michael, incrédulo.

-Lógico que o amo! -Retruco. -Amo! Amo muito!

-Então porquê não fala com ele? Porquê não atende os telefonemas dele? -Pergunta.

-Como sabe que ele me liga e eu não atendo? -Pergunto, curiosa.

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora