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Lizzy

-Sua cara está muito boba. -Rebeca diz enquanto amasso a massa amanteigado da torta, distraída. -O que aconteceu?

-Beijei ele. -Digo, em tom sonhador.

-E...? -Ela se inclina para frente, procurando mais informações.

-Foi só isso. Ele é diferente. E eu estou meio que gostando desse diferente. -Dou de ombros.

-E quando vou conhecê-lo?

-Hum... você não conhece meus clientes. -Retruco.

-Acho que ele não é só mais um cliente. -Ela alfineta.

-Não sei se ele vai querer. Quer dizer, ele é reservado. Não gosta de sair ou de pessoas. -Rio.

-Mas ele parece que gosta de você. -Ela diz, o que me faz sorrir mais. - Só não deixe machucar seu coração.

Assinto.

Era um aviso. Não é a primeira vez que gostava de um cliente. Quando comecei nisso, há anos atrás, me envolvi com um homem, mas por motivos óbvios, ele nunca pensou em mim como algo a mais. Era óbvio que depois desse incidente me fiz mais forte, mas com Liam... Liam parecia tão genuíno!

-Bom. Estou terminando aqui. -Me apresso em dizer. -Vou precisar levar minha avó ao hospital. Você toma conta de tudo?

-Claro.

-Obrigada. -Digo, já chamando minha avó.

Entramos, eu e vovó, no carro velho que meu avô nos deixou. Era um herança. Uma relíquia. 

***

Levei minha avó ao hospital. Ela estava na área oncológica, para mais uma sessão. Eu me mantinha do lado de fora da sala, enquanto ela estava conversando com suas amigas em uma conversa super empolgante. Que não envolvia netas intrometidas -como ela dizia.

Alguém puxou minha mão. De imediato, me assustei. Girei e vi. Olhei para a criança que me encarava de baixo.

-Você tem cabelos vermelhos. -O pequeno menino diz, com seu olhar atento. Crianças podiam ser assustadoras, não é? -Historicamente, todas as pessoas ruivas tem um ancestral em comum que sofreu uma mutação genética há muitos anos.

Quantos anos o pequeno Einstein tem?

-Uau... -É o que consigo dizer. O garoto estava com sua expressão séria. Olhei para os lados e então não vi ninguém. Me abaixo e ele se afasta. -Está tudo bem.

-Você tem câncer? - Ele pergunta.

-Não. -Respondo com um sorriso fácil. Ele era tão sério. Nenhum pouco comum.

-Porquê está na área oncológica? -Continua a questionar, o pequeno agente do FBI.

-Minha avó tem câncer. -Explico, indicando a sala. -O que está fazendo aqui?

-Fugindo do barulho. -Ele explica, olhando para trás. -A área das crianças é muito barulhenta. Não gosto de barulho.

-Mas a área das crianças é mais divertida, não é? -Falo.

-Não. -Ele diz, monótono. -É barulhenta. E tem muitas pessoas. Eu não gosto. -Ele diz. Não parecia irritado, apenas incômodo. 

-Tudo bem. Tem muita gente que é assim. -Digo, pensando que há pouco tempo casei com um homem tão reservado como o pequeno garoto. -Você quer ficar por aqui? -Pergunto, por fim.

Ele assente e então vai até algumas cadeiras que estavam no corredor. Senta-se perfeitamente ereto, pegando uma revista.

-Você sabe ler? -Pergunto, me sentando ao seu lado.

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora