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Lizzy

As semanas passaram voando e eu estava me adaptando àquela nova vida. Minha avó parecia mais em paz depois que soube que nos entendemos. Óbvio que agora ela, Rebeca e eu sabíamos que ele tinha Asperger, o que nos fez vê-lo de uma maneira diferente, e compreendê-lo. 

Pela manhã eu saía para trabalhar e ficava no café até o início da noite. E quando chegava em casa, quase sempre no mesmo horário que Liam, nós íamos pro quarto. Ora ficávamos conversando, ora ficávamos nos amando, ora apenas desfrutávamos da companhia um do outro, o que para mim era mais que o suficiente.

Paul e Rebeca parecem que não andam se falando nos últimos dias; eu percebi, porque ela está bem cabisbaixa, mas decidi respeitar o espaço da minha amiga, que não quer falar sobre isso. Se ela não está pronta pra falar, eu não iria pressioná-la, mas me partia o coração não vê-la sorrindo ou retrucando quando minha avó lhe dava alfinetadas.

Ela apenas assentia e ia servir as mesas.

Minha avó ficou preocupada com ela, mas lhe demos espaço.

Paul também havia sumido do nosso apartamento. Não aparecia com frequência de antes. Na verdade, fazia tempo desde que ele não entrava sem avisar. Vinha apenas para tratar de negócios com Liam, que o recebia em seu escritório.

Joana notou que Paul estava mais cabisbaixo também, coisa que Liam confirmou quando deixou sair:

-Paul está triste. Eu acho que ele terminou com Rebeca.

Não entendi, porquê eles nem começaram nada. Não que eu saiba. Mas Liam disse que iria pedir que ele se afastasse de Rebeca, já que ele tinha esse péssimo jeito de "destruir corações".

Eu nem queria mais que Rebeca viesse nos visitar, porque nosso vizinho de porta era o próprio. Mas hoje era uma emergência!

***

-Elas estão demorando. -Solto, olhando meu relógio. 

Minha sogra e minha cunhada, Luana e Loren, iriam até o apartamento para que Rebeca pudesse tirar suas medidas. Rebeca não estava tão atenta assim. Apenas continuava com seu caderno de desenhos, distraída, em silêncio.

Me partia o coração vê-la assim. E eu não sabia como falar. 

-Não precisa sentir pena. -Ela sussurra, chamando minha atenção.

Suspiro aliviada e me sento, exasperada ao seu lado.

-Até que enfim você falou! -Suspiro. -Eu já estou me segurando há semanas!

-E porquê não falou nada? -Ela pergunta, ainda distraída.

-Quis respeitar seu espaço. -Confesso.

Ela dá um meio sorriso. 

-Não foi ele quem terminou. Fui eu. -Disse minha amiga, o que era uma surpresa.

-Vocês começaram a namorar? -Pergunto.

-Não, na verdade. -Então ela sorri, confusa. -Nem começamos, mas antes mesmo de começar já cortei logo.

E sua voz cai em um limbo profundo e obscuro demais, o que me assusta. 

-O que foi? Precisa me contar. -Seguro sua mão. -Tem alguma coisa que está te perturbando?

Precisa-se de uma esposaOnde histórias criam vida. Descubra agora