Capitulo 22- First Step: complete

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POV MIA ON

Sabe quando você sente que por dentro você já não existe mais?
Pois é, era exatamente como estava me sentindo e infelizmente eu não podia fazer mais nada. Sentir aquele líquido entrando em minhas veias, me agoniou e fez com que eu tivesse a certeza que não seria tão fácil, eu não sabia se conseguiria chegar até o final. Eu já não conseguir ter tanta certeza ou otimismo depois disso.

- Como está se sentindo Mia? - Pergunta Dr. Henrique me olhando fixamente.

- Um pouco tonta e cansada – Falei baixinho.

- É normal – Se aproxima me examinando – Se sentir enjoada também é, não se assuste!

Apenas lhe dei um meio sorriso

- Melhor você descansar Mia – Ele diz – Você precisa disso, mais tarde eu venho novamente ver como você está e amanhã você vai pra sua casa.

- Acho bom mesmo doutor – Falei rindo meio sonolenta – Não gosto muito de hospitais

- Eu sei disso – Ri – Mas, vai ter que colaborar um pouquinho

- Tudo bem – Sentia meus olhos quase se fechando.

- Vai dormir um pouco Mia, vou falar com a sua família – Avisa.

Apenas gesticulei confirmando e sentir meus olhos quase se fechando, olhei para a porta e vi quando Henrique saiu por ela e logo depois não me lembro de mais nada.

POV ROBERTA ON

Só Deus tinha uma ideia do meu nervosismo.
Quando sair daquele quarto, me sentir um lixo, era como se eu tivesse deixando ela pra trás. Como se não fosse mais vê-la e aquilo doeu tanto. Nunca sentir isso por ninguém, não nessa mesma intensidade a qual sinto por ela, só de pensar em perdê-la eu já sentia meu coração se despedaçar. Já tinha se passado duas horas desde que saímos daquele quarto e até agora ninguém veio nos dizer nada, não sabia como ela estava e isso me deixa abeira de um ataque. Eu levantava, sentava e andava pela sala de espera impaciente. Mamãe se deitou no ombro de Franco e Josy ficava apenas sentada sem dizer uma só palavra, mas dava pra ver que seu semblante era de pura preocupação.

- Minha filha se senta – Mamãe diz me olhando agoniada.

- Não consigo, estou impaciente – Falo – Estão demorando muito

- Roberta, isso é demorado mesmo – Franco fala calmamente – É um processo delicado por isso a demora minha filha

- Eu sei mais é que eu estou preocupada – Falo baixinho olhando para o chão.

- Todos nós estamos filha – Mamãe me olha – Mas vamos ter que manter a calma

- Uhum – Suspirei e me sentei ao lado de Josy.

- Se acalma – Josy fala colando a mão em minha perna, tentando me dar um pouco de conforto.

- Vou tentar

Encostei minha cabeça na parede e suspirei fechando meus olhos me permitindo ao menos ter a imagem do sorriso mais lindo em minha memória, pra ver se assim me acalmava um pouco. Acho que fiquei tão dispersa nos meus pensamentos que não ouvir quando o médico entrou pela sala, só me dei conta que tinha mais alguém, porque Josy me alertou e ao ver o médico saltei rapidamente em sua direção.

- Como está a Mia? - Pergunto afoita.

- Deu tudo certo? - Minha mãe pergunta o olhando com um certo receio e isso me deixou apreensiva.

- Se acalmem – Gesticula com as mãos – Deu tudo certo, conseguimos aplicar toda a dose que ela precisava nesse momento.

- Como ela tá? - Josy perguntou.

- Está cansada e um pouco tonta, mas é algo normal – Ele fala antes de começarmos a nos preocupar – Ela está dormindo, se vocês quiserem ir vê-la tudo bem, mas a deixem dormir e não façam muito barulho, ela precisa descansar.

- Tudo bem – Franco suspira aliviado.

- Podem irem vê-la – Gesticula sorrindo – Mas tarde vou vê-la como está e amanhã se tudo ocorrer bem como acredito que vá, ela irá pra casa e só retorna na outra semana para tomar a segunda aplicação quimioterapia.

- Que bom – Alma sorri – Pelo ou menos amanhã ela estará em casa.

Eu não conseguia mais controlar a minha vontade de vê-la e sem esperar mais nenhum segundo sair andando na frente, indo direto para o quarto onde a minha menina estava. Suspirei e entrei sem fazer barulho algum no quarto, fechei a porta e me recostei, um sorriso singelo nasceu em meu rosto ao vê-la dormir calmamente. Mia dormia tão serena, estava alheia a tudo que lhe rodeava, obsevei sua respiração que estava tranquila e aproximei meu rosto dela lhe dando um beijo casto nos lábios.

- Oi meu amor – Sussurrei – Tão bom estar ao seu lado, só assim eu posso ficar um pouco de calma. Meu coração se despedaça quando não estou contigo, não me sinto completa – Segurei sua mão – Aguenta isso firme loirinha  - Disse a olhando.

Ouvir a porta se abrindo e com cuidado soltei a mão de Mia.

- Veio na frente espertinha – Josy diz sussurrando.

- Queria vê-la – Falei no mesmo tom.

- Minha filha – Franco beija o seu rosto – Vai ficar tudo bem meu amor

- Oi princesa – Minha mãe fala com a voz embargada – Seja forte – Beija seu rosto.
- Ela está dormindo tão serenamente – Josy sussurra.

- Percebi – Falei – Ela não dormiu muito bem também essa noite e hoje foi um dia puxado, ela precisava de um bom descanso para recuperar as energias.

- Verdade – Minha irmã concorda – Mas que bom que ela reagiu até bem a essa primeira etapa

- E vai continuar assim – Falo convicta a olhando.

Eles ficaram comigo por quase duas horas, saíram assim que o horário de visita tinha acabado. Mia continuava dormindo e eu não sairia do seu lado por nada desse mundo. Puxei uma poltrona que tinha no cantinho do quarto e coloquei ao lado da sua cama.

- Vou ficar aqui meu amor – Sussurrei e segurei sua mão me ajeitando na cadeira – Só saiu daqui contigo ao meu lado.

E fiquei velando seu sono, a cuidando e imaginando como será nossas vidas quando abrirmos o jogo para a nossa família, quando Mia já tiver se recuperado dessa maldita doença. Só espero que isso não demore tanto, que essa agonia passe o quanto antes e nos deixe respirar em paz.

Nascer de um sentimento - Mia & RobertaOnde histórias criam vida. Descubra agora