Nascer de um sentimento - Mia & Roberta

Capitulo 35 - Flight

POV ROBERTA ON

A palavra certa para me definir nesse exato momento era: Medo!
Medo de perder a quem eu mais amava. Amar não é só dizer eu te amo: amar é estar com a pessoa que ama em todos os momentos; é sorrir ao ver o sorriso dela; é sentir seu coração e seu corpo se preencher e reagir a cada toque; é querer viver aquilo pra sempre; é sonhar acordado com aquela pessoa; é amar e querer bem a cima de tudo e de todos; e o mais importante de tudo: nunca desistir um do outro.

- Amor

A voz fraquinha de Mia ecoa pelo quarto, fazendo com que eu me levante-se imediatamente e fosse até ela.

- Que bom que acordou meu amor – Falei baixinho, beijando seu rosto – Como é que você está?

- Não, não sei – Confusa – Sinto um pouco de dificuldade de respirar e estou ainda um pouco enjoada

- Foi por que você passou mal – Aliso seu rosto – Você lembra o que aconteceu?

- Lembro sim – Abaixa o olhar – Me desculpa por ter gritado e acabado assustando você

- Não tem problema meu amor, já passou – Lhe dou um meio sorriso – O importante é que não foi nada demais – Tentava convencer mais a mim mesmo do que a ela – Sabe, eu ... - Fui interrompida por umas batidas na porta, me voltei para a mesma onde o médico acompanhado dos nossos pais e uma enfermeira acabava de entrar.

- A bela adormecida acordou – Henrique brinca ao entrar e Mia lhe dar um meio sorriso – Como é que você está se sentindo? - Pergunta a examinando.

- Eu ainda sinto uma dificuldade pra respirar e estou um pouco enjoada – Faz careta.

- Ok – Suspira – Bom Mia, andei conversando com seus pais – Olhou para eles que estavam logo atrás, me fazendo levantar o olhar e mirá-los pela aparência da minha mãe e do próprio Franco pude constar que algo não está exatamente indo como eu queria – E eu expliquei o que estava acontecendo com você – Mia o olhava atentada e assustada, segurei sua mão buscando confortá-la, mas talvez eu é que precisasse desse apoio agora – O câncer está se espalhando, atrapalhando o funcionamento de alguns órgãos – Sabe quando você sente que o chão já não encontrava onde deveria? Era dessa forma que eu estava me sentindo, eu tinha perdido meu chão e meu equilíbrio foi junto. Não sabia mais como que respirava e isso estava me sufocando – E seus pulmões estão começando a ficar comprometidos, por isso você chegou a desmaiar.

- eu ... eu não – Mia começava a falar palavras desconexas, sem sentidos. Eu estava sem reação, não conseguia pronunciar nenhuma palavra – Isso não pode está acontecendo comigo

- Mia, calma – Henrique tenta contê-la – Não pode agir dessa forma, tem que tentar se acalmar. Eu sei que na sua idade isso que está acontecendo é algo que mexe muito com nossa cabeça e você não consegue entender o por que – Diz a olhando nos olhos – Mas você não tem que pensar assim. Se aconteceu é por que alguém sabe que você é capaz de superar, que isso aqui é só mais obstáculo que tem que derrubar.

- Minha filha – Franco se aproxima – Doutor Henrique tem razão, não pode se desesperar agora. Tudo que você tem que fazer é tentar manter a calma.

- Eu – Suspira – Eu só não entendo o porque e ...

- Ninguém entende amor – Mamãe fala emocionada – E nunca vamos entender, mas você vai ficar bem e isso é o que importa. Todos que te amam estão aqui e nunca vamos deixar nada de ruim lhe acontecer, isso aqui é só uma pedrinha que vamos tirar do nosso sapato.

- Aham– suspira.

- E o que ... que vai ser feito agora? - Pergunto com a voz embargada, Mia me olha e lança um meio sorriso que faz com que meu coração se desmonte.

- Bom, vamos acelerar o processo para saber a compatibilidade entre Franco e Mia – sério – Ela precisa desse transplante o mais rápido possível – Engulo em seco, Mia percebe e aperta minha mão – Vamos introduzir um cateter aqui – Aponta para a garganta, explicando o procedimento – Onde vai te ajudar a respirar melhor e vamos aumentar a fraqueza da químio.

- Mas isso não deixará ela mais debilitada? - Pergunto preocupada.

- Vai, mais sei que ela é forte suficiente para aguentar isso até o transplante – Conforta – Prometo que farei de tudo para agilizar isso.

- Isso é mesmo necessário? - Mia o pergunta.

- É Mia – A olha – Precisamos matar o maior número de células cancerígenas possíveis para fazer com que o transplante saia com sucesso.

- Sei que é assustador meu amor – Mamãe diz se aproximando e pegando em sua mão – Assusta pra caramba, mas vai dá tudo certo.

- Eu já cheguei até aqui – Diz nos olhando – Não posso desistir

Me olhou e eu lhe lancei um sorriso forçado, tentava lhe passar confiança. Não que eu não acreditasse que fosse dar certo ou qualquer coisa parecida, mas sim pelo simples fato de não querer demonstrar medo.

Monterrey - México

Residência dos Arango's

Miguel desde que a via voltado para a sua cidade natal ainda não tinha saído de dentro de casa. Passou a primeira semana chorando como nunca mais a via chorado, desde a morte do seu pai.
A última conversa que teve com Mia remoía em sua cabeça, tentava achar alguma brecha de que ela ainda o queria, que talvez isso foi confusão da sua parte. Queria acreditar que o sentimento ainda estava lá. Mas, os dias foram passando e tudo confirmava o contrário. Mia não tinha vindo atrás dele, não tinha mandado nenhum sinal que significasse que ainda o queria.
Miguel estava olhando para uma foto que tinha em sua sala, onde ela e ele sorriam como nunca na primeira vez que estiveram aqui, foi as férias mais felizes que tiveram e a que mais tem lembranças.
Sabia que o que tinham sentido um pelo outro tinha sido forte, não entendia o por que disso ter acabado da maneira que acabou. Tudo bem, sabia que ela tinha se apaixonado por alguém, mas como é possível que um sentimento tão intenso tenha sumido da forma que sumiu? Se questiona diariamente! Talvez, ele tenha sido o único que amou intensamente e Mia, não entregado seu coração por completo como ele imaginava.

- Filho, telefone para você – Grita sua mãe interrompendo seus devaneio.

- E quem é? - Pergunta sem ânimo.

- Diego! – Ele suspira pesadamente – Meu filho, você não vai poder fugir dos seus amigos para sempre. Desde que chegou aqui, evita conversar sobre o que aconteceu, evita sair e evita seus amigos. Que com certeza estão preocupados - O olhava - Eu já estou começando a ficar preocupada com você!

- Eu não estou evitando eles – Se justifica – Estou apenas me poupando de certos sofrimentos

- Como o que?

- Eu não quero e não estou preparado para ouvir falarem sobre Mia, como ela está, se já está com alguém e feliz. Não quero e não posso ouvir isso, não ainda, e não agora.

- Meu filho, você vai ter que superar isso – Se aproxima dele – Eu sei que está doendo e que é recente, mas você tem que superar. É duro ouvir que acabou, mas você tem que se acostumar com a sua realidade e não fugir dela.

Ele apenas abaixa a cabeça e suspira negando quando a mesma estende o incentiva ir até o telefone.

- Levanta e vai falar com ele - Insiste.

- Diz que eu não estou – Sério – Depois eu ligo pra ele

- Filho ... – Miguel a interrompe –

- Hoje não mãe

A olhava sério e sai imediatamente para o seu quarto, as vezes fingir que aquilo não acontece, entrar em negação e sem querer saber da realidade, passa a ser o caminho mais fácil que muitos escolhem para superar a dor.