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Christian Maverick Brown.

É o nome do meu filho.

E eu não precisei olhar para sua carinha de joelho para descobrir.

Na noite passada meu pai surgiu com uma caixa cheia de livros infantis antigos. Eram meus. Ele lia para mim sempre antes de dormir. E, segundo o mesmo, a minha história favorita era As Aventuras De Christian Maverick. Um príncipe que desejava ser um cavaleiro honrável, sobretudo proteger aqueles que ama, mesmo que isso custasse seu posto na nobreza.

Sem querer, eu me imaginei lendo isso para uma criança de grandes olhos azuis que se orgulha por ter o nome semelhante ao do príncipe Maverick. Que deseja ser tão corajoso e bom.

Christian Maverick Brown!

Quase vinte minutos depois meu celular tocou.

— Christian Maverick Brown! Ele já veio para o mundo?

Isaac se demonstra empolgado, mesmo sua voz tendo uma pontada de cansaço. Pelo que entendi, ele fica das sete às sete no colégio e quando chega precisa revisar as atividades do dia até as nove. O tempo dele é curto, mal consegue pegar no celular.

São nove e meia e eu estou terminando de limpar os livros que meu pai resgatou do porão e colocá-los nos nichos do quarto, próximos ao berço.

— Não, mas somos 33 semanas oficialmente. Quase lá. — Coloco o telefone entre o ombro e a orelha para empilhar os últimos livros.

— Estou com medo por você.

— Eu estou apavorada, Isaac.

— Tá bem, não vamos surtar. Ainda.

Rio baixinho.

— Já está de licença?

— Yep. Consegui algumas semanas antes do trabalho, mas ainda vou para a escola. — Me sento na cama.

— Se eu estivesse grávido, deixaria de ir no primeiro mês.

— Pouco exagero. — Ironizo. — Não deveria estar dormindo? Aí são tipo...Duas da manhã?! — Arregalo os olhos.

— Eu tô morto, mas não consigo dormir. — Suspira. — Essa rotina fode com minha cabeça.

— Você não poderia mudar de escola?

— Meus pais não aceitariam. Além do mais, é meu último ano.

— Entendo. Bem, quando você se formar pode descansar antes de decidir o que irá fazer.

— Quem me dera, enquanto não entrar na faculdade meu pai vai me colocar para trabalhar. Ele...não aceita vagabundagem.

— Vagabundagem. — Aperto os lábios para não rir.

— É, no fim das contas ele só quer que eu dê o fora. Minha mãe quer que eu me case com Amelie e tenha filhos. Ela sente falta de crianças.

— Não é um problema, certo?

— Ah, estamos no século XXI. Eu só queria poder aproveitar, mesmo que com minha namorada.

— O que você quer exatamente? — Minhas costas começam a doer, então eu apago a luz e me deito entre os muitos travesseiros.

— Ir à festas? É o que jovens fazem, não é? — Ri nasalado. — Beber, transar, ser irresponsável e depois tomar jeito.

— É a primeira vez que ouço alguém dizendo que quer ser irresponsável. — Coloco a mão na boca para abafar a gargalhada.

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