Não sei qual o objetivo de Theodore, mas o tenho olhado de canto desconfiada a cada pequena mordida de nuggets e batata frita.
Nos trazer até o parque central da cidade foi tipo devolver aquele banho de água fria do outro dia. Não sei como me sinto. Com medo; totalmente, mas não é só isso. Melancolia, um pouco de raiva pela injustiça que é estar aqui nessa situação, talvez.
Eu preferia estar em casa, escondida no meu quarto, porque não sei o que esperar de Theo e nem quero esperar nada dele.
— Qual é a sua? — Pergunto de uma vez, impaciente.
Ele para o último pedaço de hambúrguer na metade do caminho. Coloca os olhos sobre mim. Os malditos olhos fascinantes azuis.
Mesmos olhos que demonstraram carinho e desprezo. Sodalitas cruéis.
— Do que você tá falando?
— Você insistiu para me levar a minha consulta. A consulta. — Ressalto. — Isso faz parte da ordem dos seus pais? — Gesticulo para o parque.
— Meus pais não me obrigaram a vir aqui. — Me olha ofendido. — Eles nem sabem que estamos juntos.
— E por que estamos?
— Você é a mãe do meu filho. — Diz simplesmente, largando o sanduíche na caixinha entre nós no banco.
— Ok, vamos supor que de repente você esteja interessado na criança. O que eu tenho a ver com isso?
— Você tem tudo a ver com isso, Ana. — Bufa.
— Não tenho. Tá, eu sou a mãe do bebê, mas sua obrigação é com ele.
— Você tá cismada porque eu te trouxe pra comer em um parque. — Balança a cabeça.
— Não é qualquer parque. — Reviro os olhos. — Theodore, você é tão estranho.
Ele não responde, olhando para as crianças nos balanços do outro lado do parque. Sim, ele é totalmente estranho. E não do tipo diferentão. Theo tem algum problema.
Ele já bagunçou muito minha cabeça com essas merdas. Sua mudança de humor, sua contradição. Quem me garante que amanhã não estará me humilhando?
— Olha. — Suspiro. — Não precisava fazer isso, tá bem?
As sobrancelhas acobreadas franzem.
— Não precisa me levar em consultas, não precisa participar da vida do meu filho. Se o problema é a pensão, vai ter que recorrer à justiça. Também não sou idiota. — Aperto os lábios.
— Ah, Ana. — Ri nasalado. — Se fosse o dinheiro...
Seja claro seu tremendo imbecil!
— Eu não quero ser pai. Não quero me responsabilizar por um pirralho chorão ou ter que lidar com isso. Mas...eu achei que continuaria tranquilamente, que você...vocês seriam irrelevantes. Não tá rolando.
Onde você quer chegar, Theo?
— Não quero casar, nem ter uma família agora. — Sopra. — Só que eu odeio esse muro que você construiu, mesmo tendo ajudado. — Ele pragueja baixinho. Passa a mão pelos cabelos, estragando o topete perfeito e bufa ao apoiar os cotovelos nos joelhos. Suas palavras são confusas e eu me esforço para entendê-las quando diz: — Eu sinto sua falta. Eu quero voltar, quer dizer. Tentar. Me esforçar por você e pelo bebê.
Arqueio as sobrancelhas.
Isso não me surpreende depois daquela carta, ainda assim eu sinto algo estremecer dentro de mim. E não é o bebê. Ele resolveu tirar uma soneca e deixar todos os problemas em cima das minhas costas.
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Via Internet
Teen FictionAos quinze anos, Ana Julia é só mais uma garota grávida, a qual não planejara a gestação precoce. Abandonada pelo namorado, amigos e a vida a qual considerava a melhor, Ana, se vê só, tendo de lidar com as mudanças físicas e psicológicas, entrando n...