Minha mãe morreu quando eu ainda era bem jovem. Na verdade, nem cheguei a conhecê-la. O que ela pensaria de sua filha de quinze (quase dezesseis) grávida de um idiota?
Isso a desapontaria, com certeza.
Desaponta a mim mesma.
O bebê está chutando, e, diferente do que muitas mães dizem sobre ser a coisa mais maravilhosa do mundo, eu acho bizarro e sinto cócegas. E um certo medo também, porque da para ver perfeitamente o formato de um pé minúsculo pressionando minha pele.
Ele está doidinho para sair.
— Espero que não se pareça com seu pai. – Comento com a boca cheia de iogurte, encarando meu reflexo no espelho.
Cacau tem razão. Estou podre.
Eu era linda e jovem. Envelheci anos e anos ao ganhar barriga.
Dizem que a pele fica ótima quando se está grávida; no meu caso piorou.
Meu cabelo longo e castanho-alourado ficou quebradiço e espigado. Ganhei estrias no bumbum e nos quadris, minha postura também decaiu. Ando igual uma senhorinha, as mãos apoiadas nas costas como se de alguma forma me auxiliasse a carregar o bebê.
— Uau, você está... – Papai murmura quando apareço na cozinha, descabelada e feia.
— Grávida? – Jogo o copinho de iogurte no lixo.
— Muito grávida!
Ele está temperando um frango inteiro com as mãos. Apertando, alisando, puxando. Aposto que ficará ótimo.
— Como foi a aula?
Me sento na cadeira da ponta da mesa, a que ele amarrou uma almofada no encosto para que eu pudesse descansar. Sem ela, as cadeiras são duras e desconfortáveis.
Dou de ombros.
A resposta que ele não espera.
Meu pai me olha com aquele olhar. O sabichão.
— O senhor Trenton me ligou. – Reviro os olhos quando ele volta a atenção ao frango. — Disse que você pode reprovar se não entregar as atividades ou se tornar mais participativa nas aulas. O que está acontecendo, querida?
Suspiro.
— Nada, pai.
— É o bebê?
É claro que é o bebê.
— Não, fico cansada com o trabalho e me esqueço das minhas outras obrigações. Vou resolver isso logo.
Ou talvez meu bebê tenha vinte e um e eu ainda esteja no ensino médio.
— Precisa de ajuda? Sabe que e estou aqui para isso.
Balanço a cabeça.
Essa é a última coisa que quero depois do berço surpresa que ele encomendou no mês passado.
Minha cabeça dói.
Eu com certeza não vou fazer esses trabalhos hoje e nem mesmo na semana que vem, pois arranjarei mais uma desculpa.
Papai termina de temperar o frango e lava as mãos para me levar à consulta no médico.
Vergonhoso, huh? Ser a única jovem de gravidez indesejada em meio a tantas mães felizes, alisando suas barrigas como se vivessem o próprio conto de fadas.
Me ocupo a ver as revistas da recepção com papai, ele adora as fotografias e bolar uma votação de qual é a melhor maquiagem. Coisas dele.
— Ana Julia Brown. – Essa sou eu, direto para a boca do leão.
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Via Internet
Teen FictionAos quinze anos, Ana Julia é só mais uma garota grávida, a qual não planejara a gestação precoce. Abandonada pelo namorado, amigos e a vida a qual considerava a melhor, Ana, se vê só, tendo de lidar com as mudanças físicas e psicológicas, entrando n...