Lucy está branca como papel.
E eu também devo estar.
Ela usa a mesma roupa de ontem, a mesma maquiagem, apesar de um pouco borrada e o batom não preencher mais a boca. O cabelo rosa desbotado preso em um rabo de cavalo, com alguns fios soltos ao redor do rosto.
Por um momento achei que fosse uma miragem.
Mas é ela.
As reações dentro de mim são contidas e misturadas. Não sei se gargalho pelo que já cogitei ou se choro por ter mentido para mim.
Querendo ou não, o sangue pulsa em minhas veias com a sensação de ter sido traída.
Esse tempo todo, bem debaixo do meu nariz.
— Lucy? — Isaac emite ao meu lado. Surpreso.
Os olhos azuis de Theodore o atingem, analisando com curiosidade o garoto. Ainda assim, nada consegue tirar Lucy do transe, ela está focada em mim, com culpa preenchendo as íris.
— Quem é você? — Theodore pergunta.
— Isaac, amigo da Ana Julia. — Estende a mão.
Theo aperta, desconfiado.
— Christian?
Desvio o olhar de Lucy para o pai do meu filho.
Ele é um safado, sem vergonha, não me deve nada; confiança ou tampouco satisfações. Mas Lucy...nós somos amigas. Eu conto tudo para ela desde que a conheci.
— Está com a minha mãe na cozinha.
Ao contrário dela, apesar do choque inicial, ele está tranquilo, como se não tivesse beijado minha melhor amiga na minha frente.
— Me espere aqui, Isaac.
Passo por ambos, as bochechas queimando.
Que vergonha.
Me sinto uma idiota.
Sou tão boba? As pessoas mentem com tanta facilidade!
Ouço passos apressados atrás de mim.
— Ana. — Ela chama. Não paro, não me viro. Não até que seja rápida o bastante para entrar na minha frente. — Eu posso explicar...eu... — O rosto está rubro e alterado.
Levanto a mão, um pedido silencioso para que não o faça.
Não a reconheço.
— Quando eu te conheci, senti que nos daríamos bem, que pela primeira vez teria uma amiga de verdade. Contei tudo sobre mim, sobre minha vida. Até que enfim não ficaria sozinha, rodeada de mentiras e de falsidade. — Cuspo, a raiva dominando meus poros. — E sabe a pior parte, Lucy?
— Ana... — Sua voz sai trêmula, os olhos começam a encher.
— A pior parte não é ser ele. Theodore. O cara que você dizia odiar. O pai do meu filho. A pior parte é ter acreditado em você. Poderia ter sido qualquer pessoa, mas, esconder isso? Por que? Você não confia em mim? Sou tão ruim assim?
— Não, não é isso. — Limpa as lágrimas com violência. — Eu fiquei com medo.
— Medo. — Rio com desdém. — Olha, Lucy. — Suspiro. — Faz o que você quiser. Não quero falar com você, não agora.
Passo por ela, mas continua a me seguir, ecoando pelos corredores, me chamando em lágrimas e tentando falar.
Chegamos na cozinha onde a mãe de Theo nos olha assustada. Ela segura Chris, enrolado na manta de ursinhos.
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Teen FictionAos quinze anos, Ana Julia é só mais uma garota grávida, a qual não planejara a gestação precoce. Abandonada pelo namorado, amigos e a vida a qual considerava a melhor, Ana, se vê só, tendo de lidar com as mudanças físicas e psicológicas, entrando n...