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Parece que não volto para casa a uma eternidade.

É um alívio colocar os pés no meu quarto, agora, com um novo morador.

Chris é tão quietinho e dorminhoco. Ele só acorda para mamar, e foi nessas únicas vezes em que vi seus olhinhos abertos. Que, como imaginei, são azuis, escuros, pois ele ainda é jovem demais.

Estou apaixonada!

As enfermeiras me ensinaram a dar banho. Ele nem chorou. Isso é tão contraditório em comparação às festas que ele fazia em minha barriga.

Aliás, minha barriga diminuiu absurdamente rápido. Acredito que não completamente, mas é estranho me olhar no espelho e não ver aquela melancia.

— Onde coloco isso? — Theodore também veio, até porque meu pai tinha que trabalhar. Era ele ou voltar a pé com um recém-nascido.

— Pode deixar no chão mesmo.

Ele assente, colocando minha mochila e as do bebê próximas da cama.

Com cuidado, deito Christian no berço, sorrindo quando o vejo exatamente do jeito que imaginei.

Meu coração fica quentinho. Estou feliz.

— Precisa de alguma coisa? — Pergunta atrás de mim.

— Sim, fica de olho no bebê enquanto vou tomar banho.

Não o encaro ao passar por ele.

Pego uma troca de roupas e vou direto para o banheiro.

Só a presença de Theodore me incomoda.

Ao menos não terei de lidar com ele a semana inteira.

Cacau apareceu no hospital "para me ver". Na verdade, ela ficou pendurada no pescoço de Theo igual a um macaco. Fingiu se importar, mas mal chegou perto de Chris. Não que pudesse, já que ele não saiu de meus braços e ela estava claramente com nojo de se aproximar.

Até parece que eu era algum monstro. Estava feia, mas não era para tanto.

Demoro lavando o cabelo oleoso e o corpo, ainda dolorido.

Quando saio, vestida e digna para enfrentar o mundo, encontro Theo deitado com os braços abertos em minha cama, os olhos fechados e as pernas para fora do colchão.

Ótimo.

Eu o deixo encarregado de cuidar do meu filho e ele dorme.

Ao menos Chris está disperso em seu sono.

Aproveito para pegar meu celular e ligar para Isaac. Eu andei ansiando por isso desde sua mensagem. Não pude responder pois a médica chegou bem na hora para me examinar.

São quase nove no Reino Unido. Talvez não vá atender...

— Ana Julia.

Sorrio, passando os olhos por Theo antes de responder baixinho:

— Oficialmente mãe.

— Yay! Agora você só precisa de bobs e um vestido dos anos oitenta.

— Nada brega, não? — Me encosto na parede ao lado da janela.

— Onde ele está?

— Estreando o berço.

— Posso ver isso?

Antes que eu reaja, uma solicitação de chamada de vídeo aparece.

Limpo a garganta, olhando para Theo novamente. Ele nem sequer se mexeu.

Via InternetOnde histórias criam vida. Descubra agora