Cacau se aproxima sem hesitar. Ela está sozinha e carrega sacolas de lojas caras consigo.
— Amiga! — Emite com empolgação.
Ela não foi me visitar quando recebi alta, nem mandou mensagens.
— Oi, Cacau. Como você está? — Tento soar o mais natural possível. Não queria encontrá-la.
— Tô ótima! Com saudades sua. — Faz beicinho.
— Tenho andado ocupada.
— É claro, o filho do Theo. — Indica com o queixo.
Não é o meu filho ou o meu bebê. É do Theo. A única pessoa que a interessa.
— Por falar nele, tem tido notícias?
Franzo o cenho.
— Achei que estivessem juntos.
Seu sorriso vacila.
— Estamos juntos! Só não o vi esses dias.
Ela não o viu e não sabe mentir em relação a ele.
Isso me intriga. Pensei que, principalmente agora que as coisas ficaram claras entre nós, ele iria investir em Cacau. Que era a mais próxima de si, até então.
— Que pena não poder ficar conversando. Tenho muitas coisas para fazer. — Diz com falsa chateação. — Quando você volta para a escola?
— Não sei, talvez não volte.
— Ah. — Ergue as sobrancelhas. — Hum, que triste. Vou sentir sua falta. — Não vai não. — Até qualquer dia, né? Quando você não estiver tão ocupada.
A mesma acena, passando por mim com os saltos fazendo barulho e indo embora pela saída dos fundos com o ego inabalável.
Balanço a cabeça.
Não entendo como fomos amigas. Apenas seu tom de voz grita desprezo e futilidade. Ela sempre esteve próxima porque era apaixonada por Theo e eu estava no caminho, mas, fingir ser leal a mim é uma incógnita até hoje.
Vou para a praça de alimentação e, apesar de cheia, consigo encontrar Isaac e Lucy sentados próximos a uma fonte. Eles estão tirando selfies e param assim que notam que estou me aproximando. O olhar de Isaac percorre meu corpo, e eu tento levar isso como algo banal.
— Ana, nós tivemos a melhor das ideias. — Lucy bate palmas. — Julie's dance mais Isaac, mais você, mais eu: igual a melhor noite de nossas vidas.
Me sento ao seu lado.
— Não sei não, com quem Christian vai ficar? — Faço uma careta.
— Duh, o banana do pai dele. E também, seu pai tá em casa, não é? Vamos lá! É para dar as boas vindas ao nosso amigo britânico aqui. — Enrosca o braço no pescoço dele e no meu.
Olho para Isaac. Ele tem um sorriso sem jeito nos lábios.
Bom, não sabemos quando isso pode acontecer, realmente.
Suspiro.
— Está bem.
(...)
Pela segunda vez no ano, estou enfiada num vestido apertado. Este, diferente da última festa. É vermelho cetim com alças, com um decote profundo nas costas e ainda mais curto que o anterior.
Lucy quem me emprestou, além do batom vermelho que ela me forçou a usar.
— Você tá espetacular, garota! — Ela diz após secar meu cabelo com difusor. Ativei as ondas com um creme leve e agora ele está ondulado e revolto, passando do meio das minhas costas. — Vai fazer o Inglês ficar de quatro.
— Não fala bobagem. — Estalo a língua, por mais que, no fundo, eu queira mesmo que ele fique.
A campainha toca.
— É o seu príncipe. — Cantarola.
— Achei que fosse o seu. — Provoco.
— Eu não vou ter como príncipe um cara que é vidrado na bunda da minha melhor amiga.
— O quê? — Rio nervosamente.
— Vai logo atender. — Me empurra pelos ombros.
Abro a porta e...uau. Como se não bastasse, absurdamente lindo.
Isaac me mede e eu igualmente a ele, observando como combina mesmo com cores escuras. Camiseta azul, calça preta e tênis da mesma cor. Algo simples, mas que sobressai sua beleza.
— Porra. — Ouço murmurar.
Levanto meu olhar até o seu.
— Você tá muito gata.
Mordo o lábio.
— Obrigada.
Ele se aproxima e, ao invés do abraço convencional, envolve minha cintura com apenas um dos braços, aproximando o rosto do meu pescoço e cheirando minha pele. Fecho os olhos, respirando o aroma de menta com a mistura amadeirada de seu perfume.
Minhas pernas tremem e eu preciso me apoiar em seu corpo para me manter de pé.
Minha pele arrepia quando sente o roçar de seus lábios, mas nada além disso. Isaac me tem, me provoca e então se afasta.
Tento não bufar de frustração, mesmo que seja o certo.
Preciso ficar atenta às reações do meu corpo perto de Isaac. Eu não...não quero sentir isso, nem pensei que fosse possível, nós nos conhecemos ontem.
Ainda assim, minha calcinha diz o oposto.
(...)
O Julia's dance está tão movimentado quanto da última vez. Até mais, acredito.
Corpos suados se esmagam e é difícil passar para ir ao bar sem acabar colando em um desconhecido qualquer.
Lucy, com sua bolsa maior do que a que costuma sair, sorri em nossa direção quando nos sentamos.
Eu sei o significado disso e não contenho a risada.
— Qual a dela? — Isaac grita atrás de mim. Não teve bancos o suficiente, então, seu peito está praticamente colado em minhas costas.
— Álcool. — Respondo no mesmo tom.
O barman nos serve, e, assim que se vira para atender outros clientes, ela pega um dos copos e o abaixa próximo da bolsa, abrindo o compartimento onde uma garrafa grande de vodca surge à baixa luz.
— Essa garota é maluca. — Ouço Isaac murmurar e tenho que rir, porque é a mais pura das verdades.
Ela completa os copos como se fosse a própria dona do bar e depois nos entrega com um olhar malicioso.
— Espero que não esqueçam a noitada, amigos!
∞
Desculpe os erros.
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Via Internet
Teen FictionAos quinze anos, Ana Julia é só mais uma garota grávida, a qual não planejara a gestação precoce. Abandonada pelo namorado, amigos e a vida a qual considerava a melhor, Ana, se vê só, tendo de lidar com as mudanças físicas e psicológicas, entrando n...