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No sábado, fazendo uma semana desde o nascimento de Chris, meu celular tocou.

Jogo a fralda do bebê por cima de um dos ombros de Lucy, que está miseravelmente tentando fazer um recém-nascido rir. Essa garota não é desse planeta.

— Alô? — Atendo sem olhar.

— Ana Julia. — A voz de Isaac me faz estremecer. Apesar de não poder falar, ele se tornou bastante presente essa semana, mandando fotos de inspirações de roupinhas de bebê do Pinterest e vídeos de crianças prodígios. Ele está mesmo acreditando que eu vou vestir meu Chris num pijama brega de tubarão e jogá-lo na piscina com nove meses para que ele saia nadando igual um peixe. — Ocupada?

— Não. — Olho para Lucy, fazendo caretas para o bebê meio acordado. — A Lucy tá com o bebê. O que você está fazendo?

— Tempo. Vim jogar futebol, acredita nisso? Eu e o futebol? É o começo de uma grande mudança.

Rio.

— Que conquista, Isaac.

— Não é? Não queria parecer inconveniente, eu sei que você tá ocupada com o lance do bebê, mas isso definitivamente é algo fora dos meus padrões. Aí eu lembrei do que disse sobre "abrir a portinha da gaiola".

— Você pode ligar. Não se preocupe. Estou começando a entender a rotina de Chris. Ele acorda três vezes para mamar e igualmente para trocar a fralda, de manhã toma banho, o que me deixa livre entre duas e três da tarde, caso não mude esses horários. Então, não tem problema. Não me incomodo, gosto disso. Sobre ir jogar, dizer parece algo pequeno, mas eu me coloco no seu lugar e imagino como é a coisa toda.

— Gosto de estar entre as pessoas, mas fazer algo realmente muda tudo. Estou me divertindo.

— Fico feliz por você.

— Obrigado. Espero dar passos maiores. Quando você começa os estudos?

— Assim que me adaptar à vida de mãe. Loucura, mas acho que até o mês que vem consigo iniciar.

— Pode contar comigo se precisar.

— É claro. FDII, ensino avançado. — Brinco.

Ele ri.

— Segundo tempo. Até mais, dá um beijo no Chris já que eu não posso fazer isso.

— Sim, sim. Até mais.

Estou sorrindo quando encerro a ligação.

Me volto para Lucy e ela está com os olhos semicerrados. Levanto as sobrancelhas como se perguntasse: "O quê?"

— Você não está se apaixonando por esse cara, está? — Pergunta, desconfiada.

— Não seja ridícula. — Enfio o telefone dentro do bolso do moletom. — Não dá para eu me apaixonar por alguém que nunca vi pessoalmente e nem conheço direito. Aliás, ele tem uma namorada. N.A.M.O.R.A.D.A, Lucyenne.

Eu estou apaixonada por ele, e nem nos falamos. — Diz como se aquilo fosse algo óbvio.

— Chame de amor platônico. — Pego Chris de seus braços.

— Qual o problema? Vocês nunca vão se ver pessoalmente mesmo, o cara tá tipo, a 13 horas de distância?

— É claro que é um problema. Um problemão! — Rio incrédula.

— Você é tão boba. — Revira os olhos.

— Quem é boba? — Theodore aparece na porta. Uma sacola de loja de bebês na mão.

Via InternetOnde histórias criam vida. Descubra agora