25

185 29 3
                                    


Estou nervosa.

Absoluta e inteiramente nervosa.

Lucy está ao meu lado, segurando meus dedos suados e com um sorriso de rasgar as bochechas.

Depois da minha consulta com Ana, não pensei mais sobre meus receios e liguei para Isaac. Ele ficou tão empolgado com a ideia e eu também, apesar de assustada.

É loucura. É totalmente loucura. Ele pode ser tipo, o oposto do que é nas redes e de repente, um maníaco que está a caminho de me matar. Mas eu aceitei o risco e pela primeira vez, deposito minha confiança no desconhecido.

Não faço ideia do que tenha dito aos seus pais, a única coisa que sei é que por alguns dias estudará por EAD. Ao meu, não contei nada, sabia que seria repreendida porque isso é definitivamente perigoso, mas Isaac não ficará na minha casa, então, acho que é uma distância segura e por ora, manterei isso para mim e Lucy

Eu olho para cada pessoa passando pelas portas de desembarque e sinto que vou vomitar. A vontade que tenho é de correr para casa e fingir que não é comigo, mas seria ridículo e infantil da minha parte fazer isso.

Vou conhecê-lo. Enfim verei Isaac de sorriso fácil. O gato britânico, segundo Lucy.

Mil e uma perguntas se passam por minha cabeça:

Será que ele vai gostar de mim? Que vai me achar simpática? Será que vai fugir na primeira oportunidade?

Eu vesti minha melhor roupa.

Um jeans rasgado no joelho esquerdo, cropped e jaqueta. Pensei em colocar um vestido que encontrei no fundo do guarda-roupa e que não uso há anos. Mas, vestido? Ew! Eu não vou usar isso pelo Isaac. Mesmo se ele for o próprio príncipe da Inglaterra.

É o dia de Theo ficar com Christian, então sobre ele não me preocupo tanto. O ensinei como dar banho e, apesar de ter fornecido do meu próprio leite, também mostrei as dosagens da fórmula caso precise. A mãe dele está de férias, ela adora Chris e não vai deixar o filho fazer uma burrada. Ainda assim, seu número é o primeiro na minha lista de contatos, é para quem vou ligar quando chegar em casa.

Mordisco a pelinha do lábio inferior pela milésima vez.

Minha boca já está toda ferida. Os dedos de Lucy também, a muito os aperto até estarem brancos. Coitada.

— Ai, caramba, é ele. — A ouço murmurar.

Ofego.

— Onde?

Procuro desesperadamente com o olhar, mas não vejo nada além de muitas pessoas saindo ao mesmo tempo, abraçando conhecidos emocionados. Nada de Isaac.

— Caramba, caramba. — Ela repete.

Quero gritar de nervosismo e excitação por não ver o mesmo que ela. Mas não preciso, porque, o motivo pelo qual não identifiquei Isaac é justamente o que mais ocupou minha cabeça durante essas últimas noites.

Arregalo os olhos.

O sangue se concentra em minhas bochechas, enquanto em nossa direção, alguém diferente do que imaginei arrasta a mala e esbanja um sorriso ao passo que se aproxima.

Eu esperava tudo. Um fake. Um baixinho que usava efeito no rosto e na voz. Um desengonçado. Um relaxado. Mas, não ele.

O mesmo para em nossa frente, olhando diretamente para mim. Eu me sinto pelada quando passa os olhos por meu corpo. Quando me conhece.

Começo desde os sapatos; tênis brancos. Muito brancos. Jeans preto e moletom da mesma cor, com a gola da camiseta branca aparecendo. Uma das mãos, a que segura a alça da mala, possui um anel prata no indicador, a outra está enfiada no bolso da calça. Os ombros são largos, mas é notável que é magro, a estrutura de seu corpo é uma transição do adolescente para o homem. Mas, oh, ele é definitivamente alto. Alto do tipo, vinte centímetros a mais que eu. Mais alto que Theo, que tem 1,75m. Os lábios, naturalmente avermelhados, não conseguem esconder o sorriso. E...real. Não uma imagem embaçada e travada de seus dentes e de seus olhos pequenos ou do cabelo comportado. É real mesmo. Nós ocupamos o mesmo espaço.

Lucy solta minha mão e, diferente de mim, não se intimida, abraçando Isaac após palavras trocadas por Facebook e Instagram. Sentindo seu corpo quando ele envolve sua cintura e a abraça também.

Acho que esqueci de como respira.

Eles se afastam. E eu sei que é minha vez, meu coração também sabe, porque ele resolveu bater forte e mandar tremores para minhas mãos. A sensação é de que estou prestes a dar meu primeiro beijo.

Ele dá um passo, eu dou outro. Lucy emite um ruído estranho:

— Ah, vai logo! — E me empurra até que eu não tenha opção, a não ser abraçá-lo.

O mesmo precisa se curvar para nos encaixarmos, e meus braços se fecham ao redor de seu pescoço. Sinto a respiração quente em meu ombro, atravessando os fios do meu cabelo, mas não só isso. Sinto o perfume. O delicioso amadeirado e viciante perfume masculino na nuca. Fecho os olhos.

É real.

— Oi, Ana Julia. — A voz...o sotaque. É ele. Isaac Henrique Jones, na minha frente. Abraçado a mim.

— Isaac. — Sopro.

— É um prazer te conhecer. Finalmente.

Me conhecer.

Nos conhecer.

Nos dispomos a isso. E depois de horas me martirizando, achando que havia cometido um erro, mais do que nunca, quero conhecê-lo.

 ∞

Desculpe os erros. 

Via InternetOnde histórias criam vida. Descubra agora