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Joshua Beauchamp

Acordei da primeira vez que Any se levantou, mas nem me dei o trabalho de abrir os olhos, o plano era dormir mais uns minutinhos... O que me despertou de verdade mesmo, foi esse diálogo da morena com a minha filha... Ela só responde com fonemas por isso acho que esse é o bom de desabafar com um bebê.

Any me cativa. Tudo que ela falou me fez ter vontade de chorar e dar um abraço bem apertado nela, mas me contive, pois ela confessou isso tudo para a Aurora e não para mim. 

Mas eu não vou mentir que não estou feliz, quase saltitando de alegria. Ela se importa muito, mesmo que morra negando, agora eu tenho certeza.

Eu queria tanto que tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias... antes de termos sido machucados... sei lá, teria sido mais fácil... mas por outro lado, minha Aurora não existiria, acho que as coisas só... são como são.

Tenho muita vontade de mostrá-la que o amor não destrói as pessoas como ela pensa... de amá-la... mas não sei se eu consigo depois de tudo.

Ela tem medo de amar e eu também.

Eu amava a Maddie, muito, mas aquilo que ela disse da nossa filha, eu não perdoo nunca. Ela rejeitou a minha pequena, disse que ela seria um peso na vida dela e pior, quis abandoná-la no hospital pra nunca mais voltar. Foi ali que o amor acabou. Quando eu percebi amar uma pessoa que só existia na minha cabeça. Sempre dei desculpas a mim mesmo quando via sinais de seu desvio de caráter... É o jeitinho dela... Ela tem personalidade forte... E a realidade me doeu bastante.

Se a Aurora perguntar um dia da mãe, prefiro dizer que ela está morta. É errado mentir para a minha filha? Talvez. Mas quando a verdade me faz ter certeza de um grande estrago emocional... é melhor esconder essa maldita da vida dela. Talvez eu mude de ideia um dia, mas por enquanto não.

A ideia que ela poderia voltar um dia e tirar a minha bebê de mim me deixava tonto desde o nosso divórcio. Por isso, a fiz assinar uns papéis me dando a guarda unilateral da minha menina, ela pareceu nem se importar em assinar tais documentos e logo sumiu das nossas vidas.

Finjo acordar e me deparo com os olhos castanhos de Any me encarando.

— Que bom que acordou... Tenho duas notícias empolgantes pra te contar... A primeira é que o meu tratamento funcionou e hoje mesmo a bebê já mamou sem sonda nem nada

— Que ótimo... Foi tranquilo? Digo... dói muito?

— Um pouco... mas uma hora eu acostumo...

— Enfim... a outra coisa é que o Lucas aceitou ir pros Estados Unidos fazer a cirurgia comigo

— Lucas? – questiono confuso com o nome

— O Dr Guedes – explica

— Essa é a melhor notícia de todas! – a puxo para um abraço

— Ele quer ver a Aurora hoje mesmo, então vamos... – avisa e me afasto dela indo arrumar as coisas para sairmos

— Onde você esteve ontem à noite? Fiquei preocupado...

— Ah... eu fui jantar com o Lucas, depois de ter passado a tarde e o começo da noite estudando com ele

— Entendi

— Eu esqueço do mundo quando começo a trabalhar num caso, desculpa não ter respondido suas mensagens rápido

— Tudo bem, Any

[...]

O tal médico examinou a minha pequena e depois ficou conversando em português com Any por um tempo, ou seja, não entendi uma palavra sequer, vez ou outra ele lançava uns termos em inglês provavelmente de medicina, pois ela talvez não soubesse o equivalente na língua.

HOW TO SAVE A HEART | BEAUANY STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora