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Any Gabrielly

Voltamos para casa há uma semana, o que significou, cada um dormir novamente no próprio quarto. Confesso que senti falta de Josh nos primeiros dias, nossa proximidade nessa viagem aumentou consideravelmente, foram quase duas semanas grudada em Aurora e nele, mas ele tem as coisas dele e eu as minhas, melhor assim.

É bizarro como as coisas mudaram desde que Josh e Aurora entraram na minha vida há cerca de dois meses. Parece que eu tô vivendo mais... existe uma vida fora do trabalho agora e... algo que me faz ter vontade de voltar para casa.

Com o trabalho, acabei ficando bem amiga de Lucas, somos muito parecidos, não só em relação à medicina, nossos gostos também, a primeira impressão que tive dele foi completamente equivocada.

O médico chegou ontem no País e ficou no hotel descansando, pois a cirurgia amanhã será longa. Meu procedimento foi aprovado pelo FDA mediante à autorização dos familiares e fui legalmente obrigada a informar todos os riscos de realizá-la.

Também assinei um termo de responsabilidade alegando ter capacidade de operar a minha enteada. Eu dou conta né? Já tive pacientes queridos e isso nunca afetou o meu trabalho...

Vou cedo amanhã para o hospital, então tenho que dormir logo. Dei peito para Aurora até ela dormir e fui para cama em seguida.

[...]

Cheguei bem cedo no hospital, repassei o plano com Lucas, Sav e Sabi, nós quatro mais o anestesista e outros três enfermeiros faremos a cirurgia. Nenhum interno ou residente foi convidado, é muito importante o bom andamento dessa cirurgia, então somente profissionais de ponta estarão comigo.

Úrsula, Sina, Noah e Josh estavam na sala de espera, Aurora no pré-operatório e eu acabei de me higienizar e vestir o meu pijama cirúrgico. Sou extremamente metódica nessa parte, prendo meu cabelo sem deixar um mísero fio de fora da touca, limpo bem debaixo das unhas, lavo das mãos até o antebraço três vezes, coloco a máscara, me auxiliam a colocar o avental e luvas e logo adentro a sala de cirurgia.

Hoje estou especialmente nervosa, apreensiva, ansiosa e... com medo.

O corpinho de Aurora já está na mesa, perfeitamente alinhado, anestesiado e pronto para nós.

— Bisturi – o cirurgião deu o comando e rapidamente o objeto metálico foi posto em suas mãos

— Afastador – pede após fazer uma incisão reta no peito dela

Examinei o coração minuciosamente e encontrei a falha e a solução provisória assim que bati o olho na válvula tricúspide. Desfiz, delicadamente, a gambiarra feita pelo médico anterior, foi até que bem feita, o problema é que o coração, nos primeiros anos de vida, aumenta bastante de tamanho e o conserto hora ou outra iria se desfazer.

Sabi também checa o órgão e aprova o início do transplante. Não vai ser exatamente uma transplantação, pois nada será substituído, mas a estrutura será interferida e uma peça feita sob medida será adicionada, então chamamos assim.

— A coloquem no suporte e iniciem o cronômetro – digo e logo o procedimento é iniciado, a partir de agora, nosso tempo é limitado

O coração para de bombear e Lucas começa a incisão, seguro o órgão para ele encaixar a peça com maestria, Sabi toma o meu lugar para suturar, pois ela está mais acostumada a lidar com pequenos órgãos.

Correção feita, hora de tirá-la das máquinas e ver se o coração bate por conta própria da maneira correta.

Desligamos a máquina e nada do órgão voltar a pulsar, geralmente demora um pouquinho...

HOW TO SAVE A HEART | BEAUANY STORYOnde histórias criam vida. Descubra agora