Capítulo 03

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Jughead

Minha vida anda uma correria sem fim nos últimos meses, a correria é tanta que estou considerando a minha sala de trabalho como minha segunda casa. Trabalhar em um jornal não é lá a coisa mais tranquila do mundo, não se desfazendo do trabalho porque é o que eu amo fazer, mas não posso negar que tudo tem sido demais ultimamente, eu tenho me acabado para publicar as melhores coisas, mas algo me impede de ser bom o bastante.

Talvez o fato de dedicar todo o meu tempo livre para tentar encontrar a mulher na qual eu ainda sou apaixonado, mesmo que ela tenha ido embora por uma armação a quase cinco anos atrás, faz com que eu deixe de lado o que se chama de aprimoramento, onde eu poderia me sair melhor no trabalho e conseguir ter mais destaque no que faço, mas na verdade só me faz continuar no mesmo lugar e não ter bons resultados em nenhum dos meus problemas.

Eu e Betty estávamos na nossa melhor fase do relacionamento, até que um dia ela foi ao meu trabalho e foi vítima - na verdade nós dois fomos - de uma armação da minha ex, Susan, que na época estagiava no mesmo local que eu. Betty apareceu no exato momento que Susan colocou seu plano em prática, ela chegou no exato momento que ela me beijou ou melhor dizendo, no momento que Susan escolheu me beijar e colocar em prática seu plano.

Eu fiquei puto por Susan ter feito isso, as pessoas no trabalho passaram dias me olhando torto por eu ter gritado com ela de uma forma exagerada, mas precisa, para que ela entendesse que o que nós tivemos havia acabado.

Eu só fiquei sabendo que Betty viu tudo aquilo mais tarde naquele dia, quando tentava falar com ela, mas ela não me respondia. Quando a procurei em sua casa, sua mãe fez questão de jogar tudo na minha cara, deixou claro que eu era o pior homem que já havia aparecido na vida de sua filha, e deixou bem claro também que sua filha naquele momento me odiava, e depois do que viu, ela foi embora sem ao menos dar uma chance para termos uma conversa.

Betty simplesmente foi embora e me deixou e eu nunca mais tive notícias dela.

Eu a amava, ainda amo na verdade, eu me senti mal por tudo isso por muito tempo, ninguém nunca me contou nada sobre ela, nunca me falaram onde ela estava ou se estava bem. A porta da casa da mãe de Betty se tornou um lugar frequente pra mim, eu sempre ia lá, implorando para que Alice me contasse onde ela estava, mas tudo que eu tinha era sua porta sendo fechada na minha cara.

O tempo passou e eu precisei seguir em frente, mesmo não a tirando da cabeça nenhum dia ou minuto se quer. Ela ainda é o motivo do meu sofrimento interno, do meu bloqueio na hora de me interessar e ter mais ninguém ao meu lado.

Sai do meu trabalho um pouco mais cedo hoje, coisa que não acontece com frequência, no caminho até meu carro, recebo uma mensagem de Reggie me oferecendo o seu famoso café, é a maior qualidade dele, fazer café. Não é por ser meu melhor amigo, mas o cara tem o melhor café de todos.

Depois de responder sua mensagem com:

"Chego em quinze minutos"

Sigo até sua casa, talvez leve mais que quinze minutos para chegar, o trânsito no fim da tarde não é o melhor de todos.

Estaciono meu carro de qualquer jeito em frente a sua casa e vou até a porta dos fundos e entro. Deve se perguntar porque não usar a porta da frente, pois é, certos hábitos de infância nunca se desfazem.

- Então, como você tá? Parece exausto. Não está dormindo, cara? - ele pergunta assim que entro na cozinha.

- Trabalho e mais trabalho, Reggie. Realmente estou exausto, por um milagre sai mais cedo hoje.

- Eu sei que você gosta do que faz, mas não acha que está se entregando demais a esse trabalho? - Ele cruzou os braços. - Quando foi a última vez que você saiu com seus amigos?

Essa é uma pergunta difícil de responder, eu realmente não sei quando foi a última vez que sai com meus amigos. O trabalho se tornou minha desculpa pra tudo.

- Eu sei que faz tempo, Reggie. Mas eu preciso me dedicar, sabe que estou tentando ter mais destaque no jornal.

- É, eu sei sim, e sei que você não está assim só por causa do trabalho. - Ele fala se referindo a Betty. - Precisa esquecer ela Jughead, isso está te afetando em todos os sentidos.

- Ah, não começa…

- Eu vi como olhou para casa dos pais dela quando chegou. E depois que você falou com a Veronica, você está pior. Fazem cinco anos e você ainda está com a ideia na cabeça que vai encontrar a Betty e se acertar com ela.

- E eu vou, Reggie.

- Isso é loucura. - ele levou uma das mãos ao cabelo.

- Loucura? Loucura é perder a mulher que eu amo por causa de uma mentira, isso é uma loucura, entendeu? - digo já irritado.

- Não, na verdade eu nunca vou te entender. Faz tanto tempo e você ainda...

- Amo ela? É, eu amo sim. Amo porque eu a perdi da pior forma possível, perdi ela por causa de uma pessoa que sempre quis nos separar e o pior, eu nem sequer tive a chance de conversar e explicar a ela tudo que aconteceu, não é fácil conviver com essa culpa de ter feito mal a ela, cara.

- Eu sei, desculpa. Não devia ter tocado nesse assunto.

Depois de mais uma vez tentar deixar claro para o meu melhor amigo que eu ainda amo a Betty, nós acabamos nosso café, voltamos a conversar sobre algo que não envolvesse a minha vida amorosa fracassada.

- Ah, quase esqueci. Está tudo certo para nossa viagem, né?

- Eu não sei, Reggie. Não sei se é uma boa ideia viajar.

- Qual é Jughead, por sorte nós dois, seu irmão e o Fangs conseguimos férias ao mesmo tempo e agora você vem me dizer que não vai viajar com a gente?

- Eu vou trabalhar em casa durante esse dias de férias, preciso melho...

- Melhorar no trabalho, é, eu sei. Mas pensa comigo, essa viagem pode ser boa pra você se distrair e esquecer os problemas, tomar um ar e voltar de boa para o trabalho. - fala na tentativa de me convencer. - Vai ser bom pra todo mundo.

- Tá, tudo bem. Eu vou com vocês. Mas se eu não conseguir fazer nada quando voltar e ainda ser despedido, vocês que vão me bancar, entendeu?

- Vai se foder, Jughead. Não me vem com essa. - ele diz me fazendo rir.

Depois de muita conversa eu resolvo ir para casa, e ao chegar a primeira coisa que fiz foi tomar um banho para tentar tirar a tensão que há no meu corpo. Depois do jantar, pego meu notebook para adiantar algumas coisas do trabalho já que fui convencido a fazer uma viagem.

Talvez seja bom mesmo fugir um pouco dessa rotina dos últimos anos, é um cansaço terrível, mesmo sendo o que eu amo fazer. É a única coisa que me faz bem no momento, e mesmo com o cansaço posso dizer que estou feliz em ter.

Eu amo o meu trabalho, mas meu melhor amigo tem razão, eu mereço um descanso.

Todos nós merecemos na verdade.














Se eu disser um "a lona do circo tá perto de cair", e aí? O que vocês diriam? Kkkkkkk

Essa viagem vai dar o que falar 🤭

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𝐈 𝐖𝐈𝐋𝐋 𝐍𝐎𝐓 𝐋𝐎𝐒𝐄 𝐘𝐎𝐔 - 𝐁𝐮𝐠𝐡𝐞𝐚𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora