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Raíssa 🐞

O mundo estava desmoronando na cabeça da Lua e eu estava sofrendo em ver minha amiga triste. Queria poder ajudar mais, só que já não tinha mais o melhor emprego do mundo e um apartamento mobiliado.

Quando a Gaby e eu desconfiamos que a Lua poderia precisar da gente e vendemos tudo para Dubai, pedi demissão do restaurante em que eu trabalhava como assistente administrativa, vendemos nosso carrinho velho e entregamos o nosso apartamento para o senhorzinho.

O saldo de retorno de Dubai, foi uma conta bancária quase no vermelho, voltar a morar com meus pais e andar de metrô e ônibus na hora do trabalho.

Minha vida estava reduzida a comer podrão na rua e caprichar no desodorante para desbravar o transporte público do Rio de Janeiro.

Eu estava na merda? Para um caralho, mas pelo menos meu coração não havia sido arrancado e não estava com o bucho cheio com um remelentinho ou remelentinha que nasceria a cara do pai que virou churrasquinho.

Hummm, churrasquinho... bateu fome!

Depois de ser explorada pela minha mãe e pela minha tinha por semanas, fazendo um tudo na pensão/lanchonete/bar delas em troca de uns trocados e umas coxinhas.

Comeria uma coxinha!

Estava saindo com um boyzinho que era gerente do McDonald's há umas semanas e ele conhecia alguém que estava precisando de uma secretária com experiência na área administrativa para um restaurante francês que estava abrindo.

Eu só pensei em dinheiro e comida de rico. O Marcelo, o boy gerente e fornecedor de orgasmos e big macs, falou que eu tinha que levar em conta que trabalharia bastante e assumiria suas funções, a de secretária do administrador e a de assistente administrativa. Em outras palavras, eu seria quase o RH inteiro do lugar, mas minha mente só pensava na possibilidade de beber o resto da champanhe alheia e furtar aquelas comidas chiques da cozinha.

Na véspera do início do meu trabalho novo, fui visitar as buchudas na casa da Lua. Os pais dela, até que estavam curtindo essa coisa de serem avós e estavam encantados com a educação da Samira. Tadinhos, mega traumatizados comigo e com a Gabs, deviam achar que a filha só fazia amizade com ogras esfomeadas.

Contei para as meninas que havia conseguido um emprego e que por isso estaria ocupada nos próximos dias, mas que a Gabs resolveria tudo.

Sim, eu falava pelos outros, porque Gabryella não estava sabendo de nada.

Eu sabia Gabs que também estava devastada depois do chá de picão que tomou do troglodita gostoso do William que também tinha virado churrasquinho, mas seria bom ela passar um tempo com as meninas e distrair a mente.

Ao contrário da minha pessoa que gastava as economias em lanches, Gabryella ainda tinha dinheiro guardado e vontade zero de voltar para o mercado de trabalho.

O sonho da Gabs era ganhar dinheiro com a internet, o maior obstáculo da Gabs era que a internet ainda não havia descoberto ela. Quando morávamos juntas, todos os dias quando ela chegava do trabalho, falava a mesma frase:

— Eu nasci para ser digital influencer e viver de recebidos!

Como a amiga sensata, todos os dias eu a lembrava da realidade.

— Ô filha da puta, você só anda recebendo boletos e não tá influenciando nem o nosso porteiro. Até o Severino te deu Block!

— Porteiro maldito! — Bufou — Só porque eu comentei na foto dele que ele devia ficar parado na portaria, como fica para fazer selfie. Não tenho culpa que se ofendeu, também nunca tá na portaria quando eu passo.

Emirados Árabe - Dubai Onde histórias criam vida. Descubra agora