Louis
— Já está passando da hora do almoço, vem, vou te levar pra casa. — Me levanto e estendo a mão para Alice.
— E a sua avó? Nós não vamos mais? — Ela pergunta enquanto se levanta e eu me surpreendo. Não esperava que ela fosse se lembrar do convite, muito menos aceitá-lo.
— Você quer conhecer minha avó?
— Quero sim.
— Então vamos, eu ligo pra ela no caminho e falo que nós vamos almoçar lá.
— Não é melhor a gente comer antes? — Alice confere a hora no celular e me olha preocupada. — Ela pode não ter feito nada.
— Linda, ela vai nos obrigar a comer de todo jeito. E ela não mora tão perto.
— Entendi.
— Dá até pra você cochilar mais um pouco até lá.
— Ótimo.
Enquanto andamos de volta para o carro, ligo para minha avó e aviso que estou indo com Alice. Consigo perceber a felicidade pela voz dela, enquanto pergunta do que minha namorada gosta de comer, o que não gosta e planejando os mil pratos que pretende fazer até chegarmos lá. Dona Emily estava constando os dias para conhecer Alice e agora parece uma criança animada por esse dia ter finalmente chegado.
— Ela está a mil. — Falo assim que desligo o telefone.
— O que você disse pra ela?
— Nada a mais do que você sabe que eu falei. — É verdade, e dona Emily sabe muito bem medir as palavras durante uma conversa, então sei que ela não vai tocar em algum assunto que machuque Alice.
— Então pra quê essa animação toda?
— Ela já te ama, só pelo que eu contei. — Por alguns minutos, deu a impressão de que ela ama mais a minha namorada do que a mim.
— E eu nem precisei me esforçar muito. Vamos logo.
Entramos no carro e assim que saímos do lugar, vejo que ela fechou os olhos e encostou a cabeça na janela. Mesmo assim, sei muito bem que ela só fingiu dormir, assim como durante o caminho até Santa Monica. Consigo perceber que ela está tensa e é impossível que alguém durma dessa forma. Ela disse que havia dormido, mas tenho certeza que não foi bem assim, e também não vou ficar enchendo a menina de perguntas. Ela está cansada e talvez só ficar com os olhos fechados a ajude a descansar um pouco.
— Já chegamos?
— Aham. Ela mora naquela casa ali. — Aponto para a construção grande, com três andares e um jardim enorme só na frente.
— Uau, é enorme. — E ela ainda nem viu a parte dos fundos, onde tem a piscina e o antigo parquinho montado para quando éramos crianças. Ela nunca mandou tirar de lá.
— É grande o suficiente pra família toda, que não é muito grande. Tenho uma tia e um tio, cada um teve três filhos. Até onde eu sei, nenhum deles teve filho ainda, mas não tenho contato pra ter certeza.
— São mais velhos ou mais novos que você?
— Mais velhos. Eu sou o neto mais novo.
— Entendi.
— Vem comigo, ela deve estar ansiosa já.
— Eu também estou.
— Oi meu querido, vi pela janela, quando o carro parou. — Ela fala abrindo a porta, antes mesmo de chegarmos perto e Alice me olha sorrindo. — E você deve ser Alice. — Minha avó e minha namorada se abraçam e eu sorrio vendo a cena.
— Sou eu sim, muito prazer senhora Campbell.
— Ah por favor, me chame de Emily, é muito melhor. Venham. O almoço já está na mesa. — Como eu esperava, a mesa está cheia de coisa, e eu ainda aposto que tem pelo menos dois tipos de sobremesa na geladeira.
— Nossa, tudo parece tão bom. — Alice tem razão, tudo parece delicioso, e eu não tenho dúvida de que realmente esteja.
— Vovó, você não acha que exagerou um pouquinho? — Pergunto enquanto nos sentamos e começamos a nos servir.
— Exagerei nada. Qualquer coisa vocês levam um pouquinho pra mais tarde.
— Gostei dessa ideia. Tá uma delícia. — Alice realmente está encantada com tudo e eu tenho certeza de que estou sorrindo feito bobo para ela.
— Eu fiz tudo tão rapidinho. — Ela praticamente lamenta e eu me contenho para não perguntar se ela já não tinha nada pronto antes, porque é impossível acreditar que ela fez tanta coisa em duas horas.
— Vovó, você vai ser a primeira a saber de uma coisa. — Mudo de assunto e encaro Alice ao meu lado. Ela sorri fraco e balança a cabeça concordando, já sabendo exatamente o que eu vou falar.
— O que é? Você não está grávida né? Óbvio que ia ser bom ter uma criança pra alegrar essa família outra vez, mas vocês são tão novinhos. — Minha avó fala tão rápido que é quase impossível interrompê-la. Alice e eu nos seguramos para não rir, esperando que ela pare logo. — Mesmo assim, se for isso me avisem logo, eu mando limpar aquele quintal direito e arrumar aquele parquinho todo velho.
— Fica tranquila, eu não pretendo ter filhos tão cedo. — A garota é a primeira a falar. Nós nunca falamos disso, mas é bom saber que ela pensa da mesma forma que eu, mesmo que seja por acaso.
— Vovó, vai deixar a Alice sem graça. Justo hoje que ela aceitou namorar comigo. — Falo casualmente e espero a reação de surpresa dela, que não acontece.
— Ora, mas vocês já não estavam namorando?
— Não oficialmente. Mas agora sim, é oficial. — A garota explica, com calma e minha avó escuta com bastante atenção.
— Bom, já era tempo então.
— Vovó!
— Deixa de ser bobo, menino. — Ela me repreende e logo muda de assunto. — Alice, sabia que seus olhos são muito bonitos, igualzinho o Louis falava mesmo. — Por favor, que ela não me envergonhe, que ela não me entregue.
— Muito obrigada. — A Loirinha sorri para mim e segura minha mão por baixo da mesa. — Então você fala muito de mim?
— É só o que ele sabe fazer. — Por favor, vovó, para de falar, para de falar. — Desde o dia que vocês se beijaram. — Eu devo estar mais vermelho que um pimentão agora.
— Vovó, assim você vai assustá-la ainda mais.
— Não seja bobo, menino. Você fala dela porque está apaixonado e se ela aceitou namorar com você, também está. — Ela até tem um ponto.
— Bom, acho que você está certa então. — Falo, olhando para Alice, que sustenta o olhar.
— Eu também. — Me assusto quando ela concorda. Não é muito da personalidade dela admitir os sentimentos e isso me pegou completamente de surpresa.
Depois do almoço, dona Emily tira duas tortas da geladeira e eu não sei como consegui comer tudo aquilo. Quando conseguimos convencê-la de que estávamos satisfeitos, nos sentamos no sofá da sala e conversamos ainda mais sobre várias coisas. Vovó fez de tudo para Alice ficar confortável e eu tenho certeza de que funcionou, já que chegou um momento, que ela estava deitada no sofá, com a cabeça no meu colo, enquanto eu passava a mão pelo seu cabelo. Alice adormeceu nesse momento, e dessa vez eu tive certeza que foi de verdade. Ela não fingia. Eu permaneci no mesmo lugar e minha avó pegou um cobertor fino, insistindo que minha namorada poderia ficar com frio.
Enquanto ela dormia eu conversava mais com minha avó. Falei das músicas que tenho escrito, de como as coisas tem sido com Alice, de como tudo melhorou ao lado dela, até mesmo a faculdade ficou mais leve. A Loirinha trouxe uma sensação de tranquilidade e paz pra minha vida que eu não esperava que algum dia fosse sentir, vindo da família que eu vim, sendo obrigado a fazer algo que odeio. Mas ela consegue, quando estou com ela é como se meus problemas fossem pro espaço. Me lembro sobre ela falando da cor azul mais cedo na praia e percebo. Alice é meu azul.
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Summer Love
Teen FictionEm 2016, as famílias de Alice e Louis decidiram passar o 4 de julho juntas, fazendo assim, com que os dois adolescentes se encantassem um pelo outro, mas depois do feriado, eles perderam completamente o contato. Três anos mais tarde, Louis cruza o p...